Teste: Range Rover honra marca de luxo com mínimo esforço e máximo conforto
Por quase R$ 1,4 milhão, agrada motorista, passageiros e faz até festa no campo, se quiser
A JLR (antiga Jaguar Land Rover) se intitula como "uma marca de luxo que fabrica carros". Ou seja, se iguala a grandes grifes de moda e estilo de vida e quer se diferenciar das demais fabricantes premium do mundo. Recentemente, a Range Rover se tornou uma submarca dentro da Land Rover e é como o topo da cadeia de luxo, inclusive dentro do grupo.
Este Range Rover, que ainda não tem um nome de modelo, é o mais luxuoso SUV da empresa britânica. Por R$ 1.388.950, é praticamente um resumo de como a Range Rover quer ser vista em um mercado milionário e exigente. A versão First Edition tem motor 3.0 turbodiesel com sistema híbrido-leve, uma exigência ainda de uma boa parte de clientes, principalmente com muito dinheiro em suas contas.
Avião de primeira classe sem asas
O Range Rover quer te passar essa sensação. Seja para o motorista ou para os passageiros, é feito para esquecer o que se passa lá fora, ou que isso seja o mínimo e somente o necessário para a condução. Querem reduzir o que chamam de carga cognitiva, ou seja, o quanto é necessário um esforço mental e físico para realizar alguma tarefa, o que interfere no cansaço no final do dia. O Range Rover quer que você chegue em casa já descansado.
Para começar, o SUV recebe uma suspensão pneumática inteligente. Com base em dados de GPS, prepara a rigidez das bolsas de ar e dos amortecedores para o que está vindo. As barras estabilizadoras recebem variação de carga por um sistema 48 volts com base em uma análise de diversos sensores e do modo de condução que foi selecionado pelo motorista. De fato, é um dos carros mais confortáveis que já colocamos as mãos, ignorando boa parte dos problemas que temos em nosso asfalto com uma qualidade ímpar.
Em cada encosto de cabeça, alto-falantes de 20W que atuam como fones de ouvido com cancelamento de ruídos. Motor, rolagem de pneus e ruídos externos são analisados e cancelados para não incomodar os ocupantes, além dos já importantes vidros duplos nas portas e muito material de isolamento utilizado pela carroceria. Junte isso ao que eu disse anteriormente sobre a suspensão e tenha algo de outro mundo nas mãos, seja você motorista ou passageiro.
Em design, é um carro que não trouxe aquele monte de linhas e vincos. É um design limpo, clássico, que camufla maçanetas e até as lanternas quando não estão ligadas. Se não fosse seu tamanho e essa cor acetinada, passaria bem discreto pelas ruas, com uma dose bem grande de classe. Segundo a marca, a inspiração foram produtos do mercado de luxo, que seguem essa linguagem discreta de desenho.
Ao motorista
Esta nova geração do Range Rover usa a plataforma MLA-Flex, uma nova base preparada para veículos eletrificados e elétricos. A moderna base estreou aqui e permitirá que o SUV de luxo tenha uma versão totalmente elétrica em 2024. Enquanto isso, há um pouco de cada tipo de conjunto disponível em diversos mercados. Nesse primeiro teste, temos o Range Rover com o conjunto de motor turbodiesel com a arquitetura híbrida-leve de 48 volts.
Temos aqui o 3.0, 6-cilindros em linha, turbodiesel e que tem o apoio de um pequeno motor/gerador de 48 volts. São 350 cv e 71,4 kgfm de torque que são distribuídos para todas as rodas por um câmbio automático de 8 marchas e tração integral de distribuição automática. Pode parecer estranho um motor diesel, mas segundo a marca, ainda existe uma parcela dos clientes que o preferem, principalmente para longas distâncias.
Mas o funcionamento do conjunto é tão suave que esquecemos que é um turbodiesel e, em muitos momentos, que ali há um motor. Todo o trabalho de redução de ruídos, vibrações e balanceamento do conjunto é exemplar e é mais fácil olhar para o painel de 13,7" para perceber que algo funciona ali embaixo do capô. Além disso há a disponibilidade de torque em baixas rotações, tanto pela característica de um turbodiesel quanto pelo sistema 48 volts, que permite um trabalho de câmbio ainda mais suave e discreto.
São 5.058 mm de comprimento. O Range Rover é um carro grande, então soluções foram colocadas para ajudar no uso em grandes centros. O eixo traseiro direcional tem a função de ajudar em manobras de baixa velocidade e em curvas de altas velocidade. Ele pode esterçar até 7º para o mesmo ou contrário lado que o eixo dianteiro está apontado, dependendo da situação, e é um grande aliado no uso. Ele tira a necessidade de manobras e manobra melhor que muitos SUVs menores que ele em garagens apertadas ou vagas. Isso faz parte da estratégia de tirar cada vez mais do motorista em prol de seu conforto.
Na cidade, o consumo foi de 8 km/litro, um número interessante para algo acima de 2 toneladas e com 350 cv. O sistema híbrido-leve colaborou em alguns momentos com isso, como desligar o motor antes mesmo de uma parada total, mas longe dos números de um modelo realmente híbrido. Na estrada, os 13,8 km/litro também está em um bom nível diante do porte do Range Rover e sua força, disponível para viajar carregado em velocidades de cruzeiro.
O interessante é que, com o seletor de modos de condução e suspensão adaptativa, o Range Rover pode andar rápido, se for seu desejo. Acelerou de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos em nosso teste, com retomadas na faixa dos 5 segundos. A dinâmica é boa para sua proposta, com a ajuda da suspensão inteligente e o eixo traseiro direcional, mas não se empolgue muito, já que os ajustes de transmissão são mais focadas realmente em conforto.
Aos passageiros
Bancos grandes, couro de alta qualidade, massageadores, aquecimento, ventilação. É muita coisa para te deixar realmente confortável se não está dirigindo. Se a meta era que o motorista fizesse pouco, para os demais ocupantes a ideia principal é que nem percebam que estão em um carro.
Enquanto o motorista e o passageiro do banco da frente dividem uma tela central de 13,1" com diversas funções do carro, os passageiros traseiros tem mais comodidade. Apesar da homologação para cinco ocupantes, o central pode ser rebatido e abre uma central de comandos. Os dois outros ocupantes tem bancos reclináveis e telas de 11,4" individuais e com entradas HDMI, com fones de ouvido de alta definição.
Até o porta-malas tem uma função de luxo. Como a tampa se abre em duas portas, pode ser utilizada para o lazer, com dois alto-falantes para sonorizar o ambiente, tudo do pacote Meridian. Se não bastasse um acabamento cheio de couro, madeira e diversos materiais nobres, muito mais pode ser feito com o Range Rover.
No fim das contas, o Range Rover faz sentido ao tomar a posição como mais luxuoso de uma marca de luxo. Desde o projeto da engenharia ao se preocupar com o quanto o motorista se preocupará, com assistentes de condução e sistemas para ajudar no uso do carro, até um pacote de equipamentos e conforto para quem estiver a bordo esquecer que está em um carro. Seu preço é apenas um detalhe nessa conta, principalmente para seu público-alvo.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Range Rover D350
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