A reestilização do Hyundai HB20 caiu bem. Já vendia bem, mas a mudança visual trouxe algo menos polêmico e que agradou mais o público. Até então, testamos apenas a versão topo de linha, com o motor 1.0 turbo e câmbio automático, mas o que realmente vende mais são as com o motor 1.0 aspirado. E uma das mais procuradas é esta, o HB20 1.0 Comfort 2023.
Posicionado logo acima do HB20 Sense 1.0, o HB20 Comfort 1.0 é a configuração mais barata para o consumidor final que procura um pouco mais que o essencial em um hatch compacto. Leia-se central multimídia, o chamado kit dignidade (ar, direção e trio elétrico) e um visual não tão espartano, que fica reservado para o Sense 1.0, muito apreciada em locadoras e que abre mão até de pintura nas maçanetas.
Na prática, o novo HB20 Comfort faz o papel da antiga configuração Vision. Assim como todas as versões, ganhou a extensa reestilização em julho do ano passado, recebendo faróis mais estreitos e ligados por uma grade frontal separada da tomada de ar inferior no para-choque, diferente do anterior, que nessa versão mais simples não tem acabamento em preto brilhante como nas versões mais caras. As setas estão posicionadas na parte superior do para-choque dianteiro, que não tem faróis de neblina. Os faróis têm iluminação halógena, somando luz diurna também halógena. No entanto, ficam devendo uma melhor luminosidade.
O HB20 Comfort se sobressai ante o Sense por contar com as maçanetas e retrovisores pintados na cor da carroceria, enquanto a coluna B tem um revestimento em preto. Não há também o repetidor de seta nos para-lamas como no HB20 Sense já que, do HB20 Comfort em diante, o hatch sempre traz repetidores de seta nos retrovisores. As rodas são de aço de 15 polegadas com calotas, em vez do jogo aro 14” da versão básica. Boa notícia que quem ver o HB20 Comfort ou a versão mais cara de traseira mal vai notar as diferenças, que se reservam a lanterna inteiriça com lâmpadas comuns (no top é de LED).
Por dentro o hatch segue como o antigo, o que não é ruim, pois o HB20 tem acabamento bom para o segmento, com bons arremates, ficando só um nível abaixo do Peugeot 208. Como é padrão nessa faixa de preço, o uso de plástico escuro está em toda a cabine, mas uma faixa prateada que atravessa o meio do painel, quebra a sobriedade no interior. O volante tem o terceiro raio prata, além de botões para a multimídia, telefone, computador de bordo e o controlador de velocidade com limitador. Já os bancos em tecido têm nova padronagem, enquanto o painel tem instrumentação nova com visual bem trabalhado e boa leitura.
Ponto negativo é que não há regulagem para o volante, nem de altura nem de profundidade, o que acaba fazendo com que motoristas mais altos tenham que jogar o banco bem para trás. Os bancos continuam confortáveis e com uma boa base, sem cansar como em alguns hatches do mercado que insistem no banco curto. O espaço é razoável dentro do hatch, acomodando bem quem vai sentado no banco traseiro apesar dos 2,53 m de entre-eixos, pecando só na largura – o que revela o projeto mais antigo e compacto do HB20.
Conviver com um “milzin” nos dias de hoje é bem mais tranquilo, já que todo o segmento conta com motores 3-cilindros, que na média dispõem de boa força. Aliás, o HB20 foi um dos primeiros hatches compactos a trazer tal configuração com o motor 1.0 Kappa, usado até hoje.
Esse propulsor segue entregando seus 80 cv e 10,2 kgfm de torque quando abastecido com etanol, sempre com câmbio manual de 5 marchas. É um motor com bom tempo de mercado, o que ajuda no custo de reparação, mas por outro lado a sensação de força fica um pouco atrás de modelos como o Argo, que traz uma boa faixa de torque em baixa por conta de sua configuração de 2 válvulas por cilindro (o HB20 tem 4), e outros modelos mais modernos.
Por exemplo, enquanto o hatch da Fiat tem mais torque que é entregue em rotações mais baixas, o HB20 embala mesmo nas médias e altas rotações, sendo um motor que gosta de girar. Outro detalhe é que, como vem sendo padrão em carros recalibrados para atender as normas do Proconve L7, o desempenho deu uma piorada. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o tempo aumentou em 1 segundo, indo de 14,1 s em nosso último teste para 15,1 s.
Essa diferença ainda é mais notável nas retomadas, principalmente na de 80 km/h a 120 km/h em ultrapassagens, com o tempo aumentando de 13,6 s para 16 s (2,4 segundos a mais). Apesar dessa piora nos números, que será mais sentida no uso na estrada, no dia a dia na cidade o hatch continua com boa agilidade para um hatch compacto, porém, é preciso um pouco de paciência em esticar as marchas para o carro deslanchar.
O que não mudou é que entre os carros 1.0 do mercado, o HB20 continua sendo um dos mais prazerosos de dirigir, contando com uma direção com assistência elétrica bem equilibrada, mais leve em manobras e no uso urbano no dia a dia, e com maior peso em velocidades mais altas. O câmbio de 5 marchas também tem engates curtos e com engates firmes. O conta-giros marca 3.000 rpm a 90 km/h, assim uma sexta marcha cairia muito bem, algo que ainda é exclusivo do Chevrolet Onix.
Fora a dinâmica ao volante, outro ponto que vale menção ao HB20 é a suspensão. O conjunto é levemente mais firme que o Argo, mas está um passo acima em conforto em relação ao Onix, por exemplo. Desde que estreou a atual geração do hatch, a Hyundai acertou a receita da suspensão, que sem dúvidas é uma das mais equilibradas entre conforto e dinâmica no segmento. Com rodas de 15 polegadas e pneus 185/60, a suavidade na cabine é até superior às versões mais caras - que usam rodas maiores, de 16".
O mais curioso é que o modelo não sofreu nas medições de consumo como nos testes de desempenho, algo que era até esperado por conta do ajuste do Proconve L7. No trajeto diário de 23 km entre a minha casa e a redação (totalizando 46 km por dia), a média registrada ficou em 8,8 km/litro na cidade, número um pouco melhor do que o teste anterior (8,6 km/litro). Já rodando na estrada o hatch gastou um pouco mais de combustível, fazendo 12,4 km/litro – era 12,6 km/l.
Equipado desde a versão básica com 6 airbags (frontal, lateral e de cortina), controles de estabilidade e tração, direção elétrica, assistente de partida em rampa, faróis com luzes diurnas, computador de bordo com tela TFT de 3,5”, ar-condicionado, piloto automático e limitador de velocidade e banco do motorista com ajuste de altura, o HB20 soma na versão Comfort 1.0 a central multimídia com tela de 8” com Apple CarPlay e Android Auto sem fio.
O hatch da Hyundai tem também quatro alto-falantes, entrada USB tipo C (além da tradicional tipo A), vidros elétricos também nas portas traseiras, chave canivete, alarme e rodas de aço aro 15”. Poderia trazer regulagem no volante ou um sensor de estacionamento, mas esses só a partir da Limited. Com esse pacote, o HB20 1.0 Comfort sai hoje por R$ 81.090, ou R$ 3.300 a mais que a de entrada Sense.
Apesar de à primeira vista o HB20 1.0 Comfort 2023 trazer o que hoje chamamos de “kit dignidade”, seu visual não é tão espartano como da versão Sense, fora que por dentro a central multimídia com tela de 8” traz a comodidade de espelhar os aplicativos de celular e ainda dá uma cara menos simples para a cabine. Na prática, o HB20 acaba entregando tudo o que um comprador de hatch compacto precisa hoje em dia: itens de série dentro do esperado, bom número de airbags, espaço interno razoável e economia de combustível. É o famoso “arroz com feijão”, mas aqui bem preparado e sem o visual de carro de locadora.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Hyundai HB20 1.0
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