São raras as oportunidades de ver uma marca nascer no Brasil. A Great Wall Motor (GWM) está chegando e para nos mostrar que fez a lição de casa, colocou em nossas mãos os primeiros protótipos do Haval H6. Embora o nosso primeiro contato tenha sido em um trajeto curto, já deu para sentir "o gosto" que os modelos da GWM terão.
Nada mais estratégico do que iniciar sua história no Brasil combinando o aquecido segmento de SUVs com a crescente demanda por eletrificação. A receita do Haval H6 inclui em seu porte médio, espaço interno generoso e um estilo que chama a atenção.
Medindo 4,65 metros de comprimento, 1,88 m de largura e 2,74 m de entre-eixos, o Haval H6 é maior que o Jeep Compass. Seu estilo que foi retocado pelo time brasileiro para agradar o consumidor local. Como Motor1.com mostrou anteriormente, traz o novo logotipo Haval, molduras das janelas em preto brilhante, barra horizontal no porta-malas também em preto brilhante, aerofólio traseiro com brake light horizontal em LEDs integrado e rodas exclusivas de 19 polegadas.
Por dentro, chama a atenção a qualidade dos materiais utilizados no painel, com toque emborrachado, couro com espuma e costuras aparentes. A montagem geral e o desenho do painel agradam, mostrando que a indústria chinesa já atingiu um nível de qualidade capaz de encarar, e até superar, qualquer carro produzido no Brasil. A luz ambiente também foi alterada para azul, ao invés do original vermelho da China.
Bancos dianteiros com ajustes elétricos, ar-condicionado digital de duas zonas, painel de instrumentos digital, central multimídia com tela de 12,3 polegadas e tratamento anti-reflexo que permitem boa visualização em qualquer nível de luminosidade, até mesmo no sol escaldante do Rio de Janeiro (RJ). Passageiros dos bancos traseiros encontrarão ótimo espaço interno, saída de ar-condicionado e duas tomadas USB. O porta-malas também é bom, com seus 570 litros.
O Haval H6 PHEV traz um conjunto híbrido diferente. São 2 motores elétricos, instalados nos eixos dianteiro e traseiro, e um motor 1.5 Turbo a combustão. A GWM não divulgou todos os dados técnicos, mas antecipou que a potência combinada do conjunto é 393 cv. Torque e dados de aceleração ficaram reservados para o lançamento oficial.
No meio está o câmbio DHT (sigla para Dedicated Hybrid Technology), que tem apenas duas marchas e está sempre acoplado ao motor a combustão através de embreagem. A diferença é que sendo que a segunda marcha só é engatada quando a velocidade passa de 70 km/h, ou seja, no uso cotidiano quem traciona as rodas são os motores elétricos em relação única. A tecnologia DHT faz o gerenciamento da comutação de marchas de forma transparente.
Isso significa que a sensação inicial é exatamente a mesma de um carro elétrico puro. Liga através de botão e não há ignição do motor a combustão. O SUV começa a se movimentar sem ruído, e por segurança, emite um som contínuo para alertar os pedestres em baixas velocidades. Quando se pisa com vontade, para entrar numa via expressa por exemplo, a força impressiona. A GWM não divulgou o torque, mas espere algo acima de 40 kgfm, no mínimo.
O trajeto test-drive foi relativamente curto, em vias de no máximo 90 km/h, mas foi possível notar que o desempenho será um dos grandes atrativos do H6. Mesmo pesando mais de 2 toneladas, ganha velocidade de forma ágil e roda sem fazer ruído. Ao forçar a velocidade máxima da via, o motor à combustão entra em operação de forma transparente.
Ponto destacado pela GWM é a suspensão, que por se tratar de um protótipo, ainda precisa de refinamento até o seu lançamento. O balanço de carroceria em frenagem mais fortes ou entradas de curva são esperados, preço a se cobrar pelo conforto. Também notamos que a GWM ainda falta encontrar o ponto certo para filtrar as imperfeições da pista (ainda que o teste tenha sido em bom asfalto), que ainda transmite aquela sensação um pouco seca em buracos e depressões.
A direção elétrica é leve, o que facilita nas manobras, mas seria interessante um pouco mais de peso para as velocidades mais altas. Também conseguimos testar parte da generosa lista de itens de série, como o piloto automático adaptativo (ACC) com função Stop & Go. Ao ativar o sistema de centralização de faixa em conjunto, é possível rodar por alguns segundos sem as mãos no volante, sendo alertado em seguida para retomar o controle. Aqui, se você não intervir, o sistema será desativado, e caso esteja em uma curva, a direção abandona a tangência abruptamente - um ajuste para que esta desativação seja mais suave seria o adequado.
Detalhe muito bem cuidado pela GWM foi o tratamento anti-reflexivo das telas do painel de instrumentos e da central multimídia, que mesmo sob forte, mostrou todas as informações com clareza. Além disso, o Haval H6 também possui um bom head-up display configurável que exibe até a leitura de placas.
A impressão final deste primeiro contato é de que o Haval H6 entrega uma real experiência elétrica para uso diário com sua autonomia de até 170 km. O sistema e-Traction (que privilegia o uso dos motores elétricos) é uma solução inteligente que explora o melhor dos motores elétricos, como alto torque imediato e ausência de ruído, com a tranquilidade que o motor à combustão fornece quando se precisa ir mais longe. Por falar em ir longe, a promessa é de mais de 1.000 km de autonomia.
A GWM ainda faz mistério, mas promete preços competitivos. Pelo menos por enquanto, será vendido em versão única, com uma lista generosa de equipamentos. Teto solar panorâmico é o único opcional. Terá os sistemas como frenagem automática de emergência com identificação de pedestres, bicicletas e motos; frenagem automática de emergência em cruzamentos; alerta e frenagem automática de tráfego cruzado traseiro e alerta de pontos cegos.
Há também assistente de permanência e centralização de faixa; desvio inteligente (Smart Dodge) e smart cornering (ambos exclusivos da GWM); alerta de colisão traseira; alerta de perigo de abertura de portas; auto reversing assistance e parking Assist para vagas paralelas e em 90°.
Todos os sistemas de auxílio à condução semi-autônoma são gerenciadas por 5 câmeras e 14 radares distribuídos ao redor do veículo. A GWM também confirmou que o H6 chegará equipado central multimídia com tela 12,3 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto sem fio, ar-condicionado de duas zonas, bancos dianteiros elétricos com ventilação, seis airbags, tampa traseira com abertura elétrica com sensor de presença, head up display de alta definição, cinco entradas USB, carregador de celular por indução de 15 W e freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold.
A GWM não divulgou preços, mas a nossa expectativa é que esteja entre os principais rivais citados, com o diferencial da bateria maior. Estamos falando de algo entre R$ 260 mil e R$ 275 mil, mas isso vamos ter que esperar para ver. Fora a questão do preço, a impressão inicial foi muito positiva pelo conjunto, estilo, esquipamentos e tecnologia. Será a chance de realmente experimentar o mundo do carro elétrico, sem sofrer com a ansiedade de carga.
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Comparativo GWM Haval H6 vs. BYD Song Plus: qual seu chinês favorito?
Kia Tasman: projeção revela variante SUV para brigar com Toyota SW4
Teste: GWM Haval H6 PHEV19 segue com boa autonomia e menor preço
Geely e BYD entram no Top 10 global de montadoras; Suzuki fica de fora
GWM espera IPI verde para definir quais carros produzirá no Brasil
Calmon: Híbrido básico flex da Fiat abre horizonte de crescimento firme
GWM Haval H6 reestilizado aparece agora na versão híbrida; veja mudanças