Teste Mercedes-AMG GLC 43: Belo SUV esportivo que esqueceu dos novos tempos
Seus 390 cv surpreendem, mas alguns tropeços são inaceitáveis em um carro de mais de R$ 700 mil
Avaliar um carro é cada vez mais complexo. Saímos da era de basicamente analisar motor, transmissão, suspensão e construção e chegamos na era de avaliar telas, conectividade e diversos assistentes de condução. Como dizem, são os novos tempos. O Mercedes-AMG GLC 43 se daria muito bem nos quesitos do passado.
Em resumo, um SUV-cupê com motor V6 biturbo de 390 cv e toda a preparação da divisão esportiva da marca alemã, que chega aos 100 km/h em apenas 5 segundos e cobra mais de R$ 700 mil para fazer isso. O que ele fica devendo? Justamente tudo isso que os novos modelos trouxeram, ainda mais nessa faixa de preço e dentro do segmento premium.
Como um carro, pouco a reclamar
Na Europa, o Mercedes-Benz GLC já recebeu uma nova geração, mas ainda não as versões assinadas pela AMG. Ou seja, esse GLC 43 é um carro da geração datada de 2015 e reestilizada em 2019, que percebemos alguns pontos dessa idade em alguns aspectos. Mas esses aspectos não incluem ele como um carro em si.
O GLC está sobre a primeira geração da plataforma MRA. Apesar da reestilização que deu ao GLC novos faróis e retoques em componentes como parachoques e rodas, é um carro com bons anos nas costas e sentimos isso em alguns pontos que serão bem comentados mais para frente. Os toques da divisão AMG deixam o GLC mais jovial, não apenas visualmente, quanto também tecnicamente.
O motor 3.0 V6 biturbo, o M276, não é um daqueles assinados por um engenheiro da AMG, mas não pode ser ignorado. Tem revestimento dos cilindros para reduzir o atrito, duas bancadas de comandos de válvulas com variador de fase na admissão e escape, e injeção direta. Em 2019, chegou aos 390 cv e 53 kgfm de torque, como neste GLC 43. A transmissão é automática tradicional com 9 marchas e sistema de tração integral sob demanda, tudo com os toques da AMG, bem diferente dos Mercedes-Benz tradicionais.
A suspensão é adaptativa, com molas pneumáticas, arquitetura Duplo A nas quatro rodas, e amortecedores magnéticos. As rodas de 21" vestem pneus de dimensões diferentes no eixo dianteiro e traseiro, sendo 255/40 na dianteira e 285/35 na traseira. Como obra da engenharia, um belo SUV esportivo.
Bom pro uso, bom pra andar rápido
Como um SUV de luxo, o GLC se garante. Sobre sua carroceria cupê, foi um dos primeiros da categoria. Mesmo com alguns anos nas costas, ainda merece a atenção pelo rodar suave, mesmo nesta versão mais esportiva. A suspensão adaptativa vai do extremo conforto a uma rigidez para comer curvas com toques de botões e uma fração de segundo. Para o motorista, se não fosse o volante especial, dava pra disfarçar como um GLC comum.
O motor V6 biturbo e a transmissão seguem a mesma premissa. Se não optar pelo ronco no sistema de escape, nem se percebe que um motor desenvolvido para 390 cv está ali. Suave de funcionamento e respostas, vai na conversa da transmissão que nem se percebe quando faz as trocas, só quando se ganha mais velocidade do que ele passa a sensação. A eletrônica é uma das maiores ajudantes para carros esportivos, os tornando dóceis como versões normais. Na cidade, conseguiu chegar aos 7 km/litro, enquanto na estrada foi aos 12,3 km/litro.
No volante, dois comandos-chave nesse jogo de esportivo e não-esportivo. No lado direito, o seletor de modos de condução. No esquerdo, uma tela divide dois botões com funções selecionáveis, como escape, suspensão e transmissão. Tudo pode ser ajustado individualmente, mas o seletor no Sport+ é o mais nervoso do GLC 43, onde ele realmente mostra ser um AMG.
Se você acelerar, mesmo ao máximo, nos demais modos, ele não impactará como é esperado por um SUV assinado pela divisão AMG. Vire o seletor e, aí sim, estamos falando a mesma língua. O ronco do V6 invade a cabine e o ambiente, alertando quem está fora que não é um GLC que recebeu apenas plaquetinhas da AMG. E fala bonito, inclusive, com direito a pipocos nas trocas de marchas. Aliás, essas trocas se tornam brutas, fazendo questão de dar aquele tranco para mostrar o que está sendo feito. As reduções inclusive são rápidas e em muitas vezes mais de uma marcha por vez. São 9 marchas para o levar até os 250 km/h limitados eletronicamente.
Na reta, é lindo. O GLC 43 colocou a força nas 4 rodas para cravar 5 segundos de 0 a 100 km/h, mas é estranho não ter um controle de largada - uma reclamação de proprietários nas redes sociais no exterior, inclusive. Mas como colocar um SUV de 1.875 kg e 4,73 m de comprimento nas curvas com toda essa força e para honrar ser um AMG?
A suspensão adaptativa vai segurar essa carroceria nas curvas. A direção é bem direta e essa dupla permite explorar os limites do GLC 43 mesmo em estradas mais estreitas. O sistema de tração integral manda 69% na traseira e 31% na dianteira e puxa o GLC para dentro das curvas mesmo quando mais provocado. Não chega a ser um desafio o levar ao limite. É bem suave até para andar rápido, bem comportado, mais dócil e sociável que alguns SUVs esportivos da mesma categoria. É bom para alguns, não para outros, depende do cliente.
Pé no passado
Um amigo entrou no GLC 43 e logo comentou: "legal, mas muito daqui é como meu Classe C que tive em 2015". De fato, é. A Mercedes-Benz trocou o painel de instrumentos por um totalmente digital, com três modos de exibição bem legais, sendo um específico AMG, e o volante com base reta e os seletores. Mas um reflexo da idade aparece no console central, por exemplo. Mesmo com os comandos no volante, ficou um resquício do passado com o seletor de modo de condução, suspensão e escape, que antes só estavam ali.
O visual é antigo no interior. A nova geração do GLC segue os novos modelos da marca, mas o AMG 43 vendido por aqui ainda não foi mostrado lá fora, algo que não deve demorar a acontecer. Tem diversos assistentes de condução, mas também já estão em uma geração mais antiga, menos eficientes que os mais modernos já aplicados nos modelos mais novos da marca alemã.
Seria aceitável ver isso em um carro comum, mas estamos falando de um carro de R$ 718.900. Entendemos a Mercedes-Benz cobrar um valor mais alto por seus modelos, mas fica um pouco questionável em um modelo que logo terá um substituto, como o AMG 43. É um bom carro, principalmente como AMG, mas até seus irmãos mais baratos já estão lá na frente.
Mercedes-AMG GLC 43
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