Primeiras impressões BYD Song Plus: um híbrido tão suave quanto um 100% elétrico
Confira nosso primeiro contato ao volante do SUV que estreia no Brasil por R$ 270 mil
Imagine um carro híbrido que mais parece 100% elétrico. Você roda na cidade, vai para estrada e quase nunca percebe ruídos ou vibrações do motor a combustão. Tampouco, sente passagens de marcha. Estamos a bordo do Song Plus DM-i, o novo SUV da BYD no Brasil, que estreia por R$ 270 mil. O que vale aqui, além do silêncio e da suavidade, é sua autonomia total de 1.100 km - algo inimaginável nos elétricos puros.
Quem vê assim, imagina que o Song Plus tem o tamanho aproximado de um Compass. Engano: o modelo da BYD supera o Jeep em 30 cm no comprimento e 20 cm no entre-eixos. Tamanho equilíbrio das linhas é mérito da equipe de design comandada por Wolfgang Egger (ex-Alfa Romeo, Audi e Lamborghini). Já faz algum tempo que a China vem importando os melhores cérebros da indústria automobilística europeia.
Traseira do BYD Song Plus MD-i 2023 e suas lanternas em LED integradas
A surpresa é descobrir que o Song Plus, com seus cinco lugares, tem porte bem semelhante ao do rival Tiggo 8, de sete lugares. E, mais uma vez, o entre-eixos do BYD vence a briga... São 2,76 cm que se traduzem em muita folga para os ocupantes e um porta-malas de 574 litros.
BYD Song Plus e seu porte maior que o Tiggo 8
INTERIOR DO BYD SONG PLUS
O interior sugere esportividade no desenho dos bancos. São laterais bem pronunciadas e apoios de cabeça incorporados aos encostos, com um quê de Porsche ou Volvo. As forrações vieram no capricho, com materiais luxuosos, combinando preto, creme e debruns cor de laranja - o resultado é leve e moderno, sem ser brega. Aqui, quem assina o projeto é o italiano Michele Jauch-Paganetti, que até 2018 era chefe de design interior da Mercedes-Benz (sentiram o drama?).
Interior do BYD Song Plus MD-i 2023 tem pontos "Mercedes-Benz"
Um detalhe interessante é que cada modelo da BYD tem desenho interior bem diferente do outro. Em comum, há o seletor de câmbio e a grande tela central (12,8") que pode ser posta na vertical ou na horizontal a um simples comando de touch screen. Falaremos mais dela adiante. O teto solar se estende até a parte traseira da cabine. O encosto traseiro, aliás, é reclinável.
Painel digital do BYD Song Plus MD-i 2023
Botão de partida apertado e nada se ouve, mas ondas verdes no quadro de instrumentos e na central multimídia mostram que o carro está ligado. Vamos pelo trânsito da Marginal Pinheiros e o carro continua absolutamente silencioso, tocado pelo motor elétrico de 179 cv/32,2 kgfm, que se encarrega de levar o SUV de 1,7 tonelada pela maior parte do tempo. Segundo a BYD, a bateria de 8,3 kWh, acumula carga suficiente para um alcance de 51 km em modo puramente elétrico.
BATERIA BLADE
Vale dizer que a BYD é uma das maiores produtoras de baterias no mundo e, para seus próprios carros, reservou o que há de mais avançado: baterias tipo Blade (lâmina), de lítio-ferro-fosfato (LFP), que resistem a pancadas e até à passagem de um caminhão de 46 toneladas sobre suas células. Mesmo que seja perfurada, essa bateria não explodirá nem entrará em combustão espontânea, como ocorre em carros elétricos equipados com baterias de íon-lítio. A garantia é de oito anos - e a melhor parte é que a BYD está para produzir esse tipo de bateria no Brasil, usando matérias primas locais.
A "gigante" tela rotativa do BYD Song Plus MD-i 2023
Pois bem: tanto o motor elétrico quanto o motorzinho 1.5 aspirado, a gasolina, (de modestos 110 cv e 13,8 kgfm) vão no cofre dianteiro, tracionando as rodas da frente. Aí chegamos ao grande destaque desse BYD: é praticamente impossível perceber as transições de elétrico para combustão.
Para saber quem está em ação - e quando - só mesmo acompanhando pelo monitor da central multimídia. O motor a combustão trabalha mais como gerador do que tracionando as rodas (mas sem fazer o barulhão ouvido em certos híbridos famosos e tradicionais). Só pisando muito forte e abruptamente no acelerador é que ouviremos alguns decibéis vindos do quatro-em-linha gasolina, acompanhados de um mínimo de vibrações.
"EDREDOM" ABAFA SOM DO MOTOR
Uma explicação para isso é o cuidado que tiveram no isolamento de ruídos. Ao abrir o capô dianteiro, tudo o que se vê é uma tampa plástica cobrindo todo o cofre. No centro há uma tampinha menor que dá acesso ao motor a combustão - e aí vemos que este fica encapsulado por verdadeiro edredom de material acústico. Seus coxins também devem ser muito especiais, para isolar o monobloco de vibrações.
BYD Song Plus com "edredom" para minimizar o ruído
Outro aspecto que nos traz a sensação de estar ao volante de um carro 100% elétrico é a ausência de trancos de passagem de marcha. O Song Plus é equipado com uma transmissão dita CVT, mas que dispensa polias e correia. É, grosso modo, como a do Corolla híbrido - uma espécie de planetária com duas grandes e parrudas engrenagens administrando os 235 cv de potência combinada.
Com esse conjunto, mais os 1.700 quilos de peso em ordem de marcha, o Song Plus está longe de ser uma máquina de guerra. Segundo a ficha técnica, faz o 0 a 100 km/h em 8,5s e alcança a máxima de 186 km/h. Nas ruas e estradas da vida real, contudo, temos muito torque desde cedo, o que faz o Song saltar à frente nas ultrapassagens e retomadas.
ACERTO NA SUSPENSÃO. LITERALMENTE
Também gostamos muito do ajuste firme da direção com assistência elétrica, bem como do acerto de chão - a suspensão amortece bem os impactos, mas sem balançar ou ameaçar. É um carro extremamente confortável de guiar: não tortura nos buracos e quebra-molas, não é "molenga" nas curvas e nem exagera na assistência dos freios.
BYD acertou bem na suspensão do Song Plus MD-i 2023
Nosso rápido convívio com o Song Plus no lançamento do modelo foi um bate-e-volta de 100 quilômetros entre o bairro paulistano do Morumbi e o Km 44 da Rodovia Castello Branco, na altura de Araçariguama (SP). Pegamos poucos trechos de trânsito livre, com direito a um engarrafamento bíblico no retorno à base. Mesmo assim, o consumo médio foi de 17,7 km/l. Já a ficha técnica fala em 19,6 km/l na estrada e 22,2 km/l em ciclo urbano.
É exatamente isso que você enxerga na tela do BYD Song Plus no sol
Ponto contra, só o painel ilegível - e cheio de marcas de dedos - quando bate o sol forte. Aí, as informações daquela gigantesca central multimídia se tornam praticamente invisíveis, complicando até ações simples como operar o ar-condicionado. Outra: não há suporte para Android Auto nem Apple CarPlay. E, em alguns momentos do percurso, o monitor de pressão dos pneus "deu tilt"...
Em compensação, quando a luz externa é amena, a central impressiona. Salta aos olhos, por exemplo, a qualidade das imagens das câmeras externas do carro, com visão de 360 graus.
O preço de R$ 270 mil põe o Song Plus dentro do "novo normal" dos zero-quilômetro. Outros SUVs híbridos plug-in custam mais do que isso, caso do Caoa Chery Tiggo 8 Pro (R$ 280 mil) e do Jeep Compass 4Xe (R$ 350 mil).
PODER MUNDIAL
Você pode não conhecer a marca, mas a chinesa BYD (fala-se "Bi-uai-di", sigla de Build Your Dreams, ou construa seus sonhos) já é uma das maiores fábricas de carros elétricos do planeta, ameaçando a liderança da Tesla - que, aliás, fechou um contrato para comprar baterias da BYD.
Em muitas cidades do Brasil, os BYD já são uma visão comum no trânsito - não como carros de passeio, mas na forma de furgões de entregas (a frota da Lojas Americanas, por exemplo), caminhões de limpeza urbana (da Comlurb, no Rio) e ônibus (como em Salvador, São Paulo e Campinas).
A BYD já tem uma fábrica de ônibus elétricos em Campinas e outra, de baterias, em Manaus. Agora, a empresa prepara a criação de um polo de produção de veículos na Bahia. A companhia chinesa assinou em outubro um protocolo de intenções com o governo daquele estado que contempla o investimento de R$ 3 bilhões para a instalação de três fábricas nas antigas instalações da Ford, em Camaçari.
Desde o fim do ano passado, a gigante chinesa passou a comercializar veículos elétricos de passeio no país, como o Tan, Han, D1 e o híbrido plug-in Song Plus - em breve, será a vez do BYD Yuan Plus, um SUV 100% elétrico de porte médio que está sendo lançado em diversos mercados globais. No Brasil, custará os mesmos R$ 270 mil do Song Plus. O plano é ter 100 concessionárias até o fim do ano que vem.
Enquanto muitos riam dos antigos carros da China, a indústria automobilística chinesa fez sua grande marcha a passos de gigante.
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BYD Song Plus
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