A introdução do Fiat Fastback nos trouxe uma versão com a assinatura Abarth, mas não era um dos modelos realmente preparado pela divisão esportiva. O primeiro Abarth nacional a ser comercializado no Brasil chega agora, o Fiat Pulse Abarth, este sim prometendo o desempenho não só na hora de acelerar, mas também nas curvas e para quem busca prazer ao dirigir. O carro já teve as vendas iniciadas e seu preço parte de R$ 149.990.
No entanto, como explicaremos a seguir, apenas colocar o motor 1.3 turbo de Toro e Jeep Renegade no Pulse não é o suficiente para torná-lo um Abarth digno do nome. A Fiat empreendeu diversas alterações de mapeamento de injeção, câmbio e principalmente na direção, suspensão e freios do carro. E claro que Motor1.com já deu uma voltinha na novidade para saber o que ele entrega.
Começando por fora, a Fiat deixa claro que não se trata de um Pulse normal pela quantidade de emblemas da Abarth ao redor do carro. Eles estão na traseira, na grade, nos para-lamas dianteiros, rodas e até no volante. A única menção à Fiat fica no detalhe da grade, com a bandeira trazendo as cores da Itália sobre o antigo emblema da empresa, como tem sido visto nos demais carros da marca. O Abarth traz ainda uma faixa vermelha na dianteira, que troca de cor caso a carroceria seja vermelha.
O visual do Pulse Abarth também é diferenciado, com o para-choque dianteiro exclusivo e seguindo o que foi visto no Fastback Limited Edition By Abarth. A grade também é só do Pulse Abarth, assim como o para-choque traseiro com um difusor de ar e saída de escape de ponteira dupla. Os apliques plásticos nas caixas de rodas recebem pequenos elementos em baixo-relevo na dianteira. As rodas de 17 polegadas serão oferecidas apenas na versão Abarth, com tala de 7 polegadas e calçadas por pneus 215/50.
Por dentro, há mais uma imersão em menções à Abarth, com o escorpião da marca aparecendo no volante e nos bancos, além de entregar uma plaqueta no painel alusiva à versão. A soleira da porta tem a inscrição "Pick your poison" e, assim como o botão "Poison" substituindo o Sport no volante, fazem menção ao escorpião novamente.
Em termos de equipamentos de série, o Pulse Abarth está mais próximo à versão Impetus 1.0 turbo, já trazendo itens como painel de instrumentos digital, ar-condicionado automático digital, multimídia com tela de 10,1 polegadas, faróis de LEDs, chave presencial, frenagem autônoma de emergência e aviso de mudança involuntária de faixa, entre outros.
Porém, também traz alguns elementos que não são encontrados em outras versões do Pulse. Entre elas, fica o destaque para o freio de estacionamento eletrônico com função auto-hold. Os bancos de couro também receberam um pouco mais de suporte nas laterais para segurar melhor os ocupantes nas curvas. O painel digital de instrumentos pode ser o mesmo de outras versões, mas recebe configurações e grafismos exclusivos na versão Abarth, como o medidor de pressão de turbo, por exemplo.
E claro que precisamos falar do motor 1.3 turbo. Vindo dos carros grandes do Grupo Stellantis, é o segundo desta plataforma a utilizá-lo. Seus números são os mesmos de sempre, mas com alguns acertos exclusivos que vamos abordar mais adiante. No Pulse Abarth, permanece entregando até 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque com etanol.
Entre as mudanças exclusivas para a versão Abarth, o carro recebeu calibrações específicas e o modo Poison, mais esportivo que o botão Sport dos demais Pulse. Nele, a resposta do acelerador é mais rápida e mudam-se os parâmetros de atuação do sistema MultiAir de comando de válvulas. O Pulse Abarth é o único Pulse com câmbio automático de 6 marchas convencional, não CVT, que também foi recalibrado para maior desempenho nas trocas e reduções de marcha. Outra mudança do modo Poison é que atuação do controle de estabilidade fica mais permissiva sem estar completamente desligada.
Nas medidas, o Fiat Pulse Abarth tem 4.115 mm de comprimento, 1.777 mm de largura, 1.544 mm de altura e 2.532 mm de entre-eixos. Objetivamente, a mudança que interessa é que a suspensão está 10 mm mais baixa. Pesando 1.281 kg em ordem de marcha, a marca declara uma aceleração de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, com velocidade máxima de 215 km/h.
E para conseguir domar a versão Abarth com todo o desempenho extra na comparação com os modelos 1.0 turbo, a Fiat fez uma série de alterações dinâmicas no Pulse. As molas e amortecedores são exclusivos e 13% mais firmes, enquanto a barra estabilizadora dianteira está 20 mm maior em diâmetro. Os discos de freio dianteiros são os mesmos do Fastback Limited Edition By Abarth, mas com calibração específica. A caixa de direção também foi revisada para ser mais rápida e firme. Na traseira, porém, permanecem os tambores de freio.
O primeiro contato ao vivo com o Fiat Pulse Abarth aconteceu no autódromo de Tarumã, em Viamão (RS). O resultado visual das alterações existe, mas não é exagerada. Considerando que a Abarth era uma empresa que não tinha medo de vender um carro com capô do motor sempre aberto para melhorar a aerodinâmica, não pareceu tão radical.
Mas a questão é que a Fiat sabe que fazer um esportivo radical que seja somente rápido não é a tarefa mais complicada do mundo. Difícil mesmo é vender um carro esportivo que entregue a performance sem comprometer o conforto e a praticidade para que seja usado nas pistas nos fins de semana e confortável para ir trabalhar na segunda-feira. E tem outra: um utópico esportivo de verdade venderia tão bem quanto um SUV com desempenho de gente grande? Claro que não e a Fiat quer popularizar o nome Abarth por aqui, sabendo que o Pulse era a plataforma ideal para tal objetivo.
E se você acha que a empresa não "se deu ao trabalho" de fazer um esportivo de verdade, basta citar que, somente no desenvolvimento do sistema de escape, a engenharia da Fiat testou nada menos que 8 versões diferentes do escape por milhares de quilômetros até chegar num resultado que entregasse um ronco mais bonito, que não incomodasse no uso normal e ainda atendesse às normas de emissões de ruídos e poluição. E vamos lembrar que o Pulse é o primeiro SUV da marca Abarth no mundo, não é pouca coisa.
Até aí tudo muito legal, mas e dirigindo? A pista de Tarumã é rápida e estava repleta de cones para evitar que jornalistas como eu chegassem ao fim da habilidade, digamos assim. Não que isso não tenho impedido de constatar as credenciais do carro, claro. Só de sentar no banco do motorista já é possível ver que se trata de um carro diferente.
Ainda no modo normal, o ronco do motor já é mais encorpado, algo que evolui para alto no modo Poison. Inclusive, usando este modo, o escapamento pipoca tanto nas trocas de marcha para cima como nas reduções graças à modularidade do sistema MultiAir atuando no controle de válvulas do motor.
O Pulse Abarth não deixa dúvidas de que é o carro mais rápido a usar o motor 1.3 turbo da Stellantis, com acelerações fortes nas arrancadas e retomadas. O acerto de câmbio também está bom e, no modo mais esportivo, faz as reduções na hora certa e para a marcha certa, mesmo que signifique espetar uma primeira marcha numa curva mais fechada.
Falando em curvas, é nelas que o Pulse Abarth realmente se destaca. Mesmo em mudanças rápidas de direção, a carroceria alta do SUV parece controlada e responde rápido. Também vale dizer que o eixo traseiro é mais solto, respondendo ao volante com intuito de embicar o carro na direção certa da curva. Ainda que pareça perigoso, é um artifício muito usado em carros de competição.
Ouso dizer até que o desempenho do Fiat Pulse Abarth, ao menos neste primeiro contato em pista, já está no limiar daquilo que um motorista normal consegue lidar. Mais que isso já seria recomendável um curso de condução esportiva mesmo. No entanto, depois de se divertir na pista, basta voltar o modo de condução para o normal, ligar o ar-condicionado e ver o Abarth se comportar civilizadamente, como qualquer outro Pulse. E é essa mescla de praticidade e desempenho que deve conquistar os compradores.
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