Primeiras Impressões: Kia Sportage 2023 é ousado, mas deve em consumo
Quinta geração traz motor 1.6 turbo com híbrido-leve de 48V e design marcante, mas números de consumo podem frustar
Lançado no Brasil na década de 1990, o Kia Sportage acumula diversas fases no mercado nacional. Se a primeira geração contava ainda com estilo de SUV “raiz” com estepe à mostra e tração 4x4, a quarta trazia visual esportivo ao melhor estilo ‘mini Cayenne”. Em sua quinta fase, o Sportage traz um visual autêntico e esportivo, que também entra na fase de eletrificação com o motor 1.6 turbo híbrido-leve.
Disponível nas concessionárias desde o começo de julho (Motor1.com mostrou em primeira mão o novo modelo no país), a quinta geração do Sportage foi lançada oficialmente em duas versões, EX e EX Prestige. Vale lembrar que a versão vendida no Brasil vem importada da Eslováquia (onde é fabricado), ou seja, teremos somente a versão europeia do Sportage, que conta com carroceria mais curta e porte mais apropriado para o nosso mercado para, assim, brigar no segmento dos médios.
O que é?
Como já adiantamos, o novo Sportage vendido em terras tupiniquins será igual ao modelo do velho continente. Isso significa que ele tem 4,515 metros de comprimento, 1,865 m de largura e 1,650 m de altura, enquanto a distância entre-eixos fica em 2,680 metros de distância entre-eixos. Comparado ao modelo da geração anterior, ele está 30 mm mais comprido, 10 mm mais largo e alto, com o entre-eixos sendo esticado também em 10 mm. O porte maior resultou também em mais capacidade para o porta-malas, que passou de 503 para 562 litros.
O que sem dúvidas destaca o novo Sportage de outros SUVs médios do segmento é o design, que não passa despercebido com seus faróis que remetem a um bumerangue e que se estica até as laterais. O farol principal ocupa as extremidades da dianteira do SUV, enquanto a luz diurna de LED contorna toda a peça – causando um efeito visual bem interessante à noite. A grade ocupa boa parte da dianteira, trazendo acabamento em preto brilhante e uma régua cromada acima para dar o estilo “nariz de tigre” da Kia. É um visual tão ousado quanto do Hyundai Creta, mas que aqui parece mais harmônico.
Ainda na dianteira, o para-choque conta com luzes de neblina em LED emolduradas por um acabamento prateado, que acaba dando uma “alargada” no visual do utilitário. Já de perfil a quinta geração traz linhas bem limpas e apenas um vinco mais suave que vai da caixa de roda frontal até as lanternas. Detalhes em preto brilhante estão presentes nas nas molduras das caixas de rodas e na base inferior das portas – essa última ainda com acabamento prateado.
Já a traseira é talvez o ponto de maior identidade do Sportage, que ainda conversa com a geração anterior, mas que traz um estilo mais limpo com lanternas recortadas que se ligam por uma régua preta. Bacana ainda a tampa do porta-malas mais sobressalente e o vidro traseiro mais inclinado. Percebeu a ausência do limpador do vidro traseiro? Ele está oculto embaixo do aerofólio – soluções que acabam contribuindo para o design geral do utilitário. A única questão é que o para-choque fica bem baixo, o que ajuda o acesso ao porta-malas, mas que de contrapartida acaba deixando sua tampa mais exposta a colisões.
Por dentro o Sportage conta com bom acabamento, com o painel trazendo superfície emborrachada suave ao toque. As molduras prateadas nas saídas de ar dão um toque mais refinado, assim como o acabamento texturizado em plástico na seção central do painel que se liga ao desenho das maçanetas das portas dianteiras – essas também com design autoral. O espaço interno é bom, com bastante espaço para as pernas no banco traseiro, apesar do túnel central mais elevado.
O console central tem acabamento em black piano, trazendo um seletor de câmbio giratório e um amplo porta-copos ajustável que pode servir de porta-objetos – só faltou aqui um revestimento emborrachado na base, o que aliviaria ruídos de chaves ou moedas colocadas por ali. Uma ideia boa é o comando variável dos botões touch abaixo da central multimídia: apertando o botão do mapa, aparecem as funções do multimídia, mas se pressionar o ícone do ventilador, surgem os comandos do ar-condicionado.
O painel conta com uma grande tela digital nos moldes dos carros da Mercedes-Benz – e que vem se tornando recorrente na indústria. Na versão EX Prestige que andamos são duas telas de 12,3 polegadas, uma servindo como quadro de instrumentos e a outra como central multimídia. O mais bacana é que a tela não é reta, mas sim curva – o que acaba ajudando a diferenciar de modelos de outras marcas. Ponto positivo são os bancos, que na versão mais cara combinam material que imita couro e Alcantara. Em resumo, o acabamento está no nível do segmento, mas ainda fica um pouco atrás do Compass, por exemplo.
Como anda?
Nosso primeiro contato com o novo SUV foi na última semana em seu lançamento, que ocorreu em Araxá (MG), junto do evento de clássicos Brazil Classics Show. Com três jornalistas por carro, cada um se revezou ao volante para enfrentar aproximadamente 570 quilômetros até uma concessionária da marca em São Paulo (SP).
Segundo modelo híbrido-leve da Kia (o primeiro foi o Stonic), o novo Sportage vem equipado com o motor Gamma II 1.6 TGDI, que entrega 180 cv a 5.500 rpm e 27 kgfm de torque entre 1.500 e 4.500 rpm. O propulsor turbo quatro cilindros a gasolina trabalha junto de um pequeno motor elétrico instalado no lugar do motor de arranque e alternador, que funciona como um gerador. Uma pequena bateria de 48V fica instalada no porta-malas. O câmbio é automatizado de dupla embreagem de 7 marchas com caixa seca.
Embora o logo “Hybrid” faça desavisados acreditarem que o Sportage se trata de um híbrido convencional, onde o motor elétrico ajuda a movimentar o veículo, à exemplo do Toyota Corolla Cross, o SUV é basicamente um híbrido-leve de 48V – proposta semelhante ao do Caoa Chery Tiggo 7 Pro Hybrid. Ou seja, na prática o pequeno motor elétrico acaba dando um auxílio extra nas retomadas e acelerações, além de ter a proposta de reduzir os níveis de emissões e consumo do modelo.
Ao volante, peguei o primeiro trecho com o Kia Sportage saindo de Araxá (MG), onde pude ver um pouco como a suspensão se comportava. O que foi grata surpresa é que, mesmo equipado com rodas de 19 polegadas com pneus 235/50 nessa versão mais cara (o EX tem rodas de 18”), o Sportage não sofreu tanto no asfalto sofrido da região, com alguns buracos e muitos remendos nas estradas de mão dupla.
O SUV filtrou muito bem as imperfeições do pavimento, sendo bastante macio e livre de qualquer batida seca na suspensão. O SUV tem suspensão independente tipo multilink na traseira, além de batentes com rolamento angular e amortecedores a gás, configuração que certamente contribui para o conforto a bordo.
Esta configuração de suspensão do Sportage de quinta geração também contribui para a sua dinâmica. Nas diversas curvas da estrada na região de serra saindo de Araxá, o SUV se mostrou bastante estável mesmo nas curvas mais fechadas, e isso com pouca rolagem de carroceria. Deu para perceber também a rigidez do SUV, algo que provavelmente é fruto da nova plataforma N3 da Kia. O isolamento acústico também é destaque, sendo até difícil de ouvir o motor ligado em marcha-lenta. Já a posição de dirigir é típica de SUV, com o banco em posição mais alta com as pernas bem flexionadas (como sentado em uma cadeira).
O novo Sportage tem três modos de condução: Eco, Normal e Sport. Dirigindo, rodamos na maior parte no modo Eco para o melhor consumo possível, mas logicamente testamos os outros dois. No modo Eco o Sportage tem uma certa demora na resposta do acelerador, jogando sempre uma marcha acima para manter o giro baixo e assim tentar reduzir o consumo. No Normal a resposta do acelerador é menos lenta, o que garante certa agilidade para o utilitário, enquanto que no Sport os giros sobem consideravelmente para o SUV ter uma resposta mais breve, bem útil em situações de ultrapassagem atrás de caminhões – situação comum em nosso trajeto.
Segundo o Inmetro, o consumo do Sportage fica em 11,5 km/litro na cidade e 12,1 km/litro na estrada, sempre com gasolina. Em nosso primeiro contato, no uso rodoviário conseguimos a média de 11,9 km/litro num trajeto de 366 quilômetros entre Araxá (MG) e Pirassununga (SP). A viagem teve como cenário estradas de pista simples e duplas, com máximas variando entre 80 km/h e 110 km/h – e o Sportage se aproveitando do modo “velejar”, onde o motor térmico é desligado e mantém o carro embalado em trechos planos e de descida. Mas nem isso foi o suficiente.
Galeria: Kia Sportage 2023 (Brasil)
É um consumo que fica aquém mesmo de rivais turboflex, como VW Taos que faz 13,0 km/l na gasolina, e até mesmo do Toyota Corolla Cross na versão com o 2.0 aspirado, que tem consumo rodoviário declarado de 13,0 km/l com gasolina no tanque.
No entanto, um futuro teste completo no Motor1.com poderá tirar a prova e também revelar o consumo do Sportage no uso na cidade. Porém, o prognóstico para o novo SUV em relação à economia de combustível não é nada otimista, principalmente porque falamos aqui de um carro com sistema híbrido-leve com consumo menor até do que rivais sem qualquer tipo de eletrificação.
Quanto custa?
O novo Kia Sportage será vendido em duas versões: EX e EX Prestige. O primeiro sai por R$ 224.990 e som central multimídia com tela de 8 polegadas, rodas de 18 polegadas, ar-condicionado digital de duas zonas, quadro de instrumentos digital de 12,3 polegadas, volante com aquecimento, partida remota, alertas de ponto cego, saída de faixa com correção do volante e de colisão frontal e tráfego cruzado.
Indo para a EX Prestige, versão topo de linha que tivemos nossas impressões iniciais, ele custa R$ 259.990 e adiciona ao pacote multimídia de 12,3 polegadas, rodas de 19 polegadas, bancos de couro, teto solar panorâmico, carregador de celular por indução, trocas de marcha por borboletas no volante, câmbio com seletor giratório, controlador de velocidade adaptativo, câmera com projeção de imagens em mudanças de faixa e frenagem de emergência em cruzamentos. Vale lembrar que o multimídia tem Apple CarPlay e Android Auto, mas peca em não ter o recurso sem fio (sim, você ainda precisa de cabos).
O novo Kia Sportage chega com preço elevado para o segmento, mas tenta justificar isso com um pacote de equipamentos recheado e visual bastante ousado – que vira pescoços pelas ruas, algo inflado pelo fator novidade. Porém, pode pesar contra o SUV a classificação de híbrido-leve, que talvez não supra as expectativas do consumidor que espera um número de consumo que faça jus ao emblema “Hybrid” na tampa traseira.
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