Teste: Chevrolet Onix LT 2023 faz até 19,2 km/litro, mas perdeu equipamenos
Versão com motor aspirado é uma das favoritas do hatch e surpreende em consumo
A segunda geração do Chevrolet Onix conseguiu seguir com o sucesso de seu antecessor. Porém, foi um dos mais afetados pela crise dos componentes e acabou perdendo a liderança no mercado brasileiro. Mesmo assim, ainda é um dos modelos favoritos e mais tradicionais do segmento de compactos e, na faixa dos R$ 80 mil, o Onix LT é um dos mais procurados.
A linha 2023 do Onix estreou em março deste ano, com as poucas novidades reservadas para as versões LTZ e Premier. De contrapartida, as notícias para o Onix LT, a versão quase de entrada, não foram muito boas. Acabou perdendo alguns equipamentos, algo que vamos falar mais adiante, mas em tempos de combustível mais caro, o fator economia ainda é decisivo na compra de um carro 1.0 e destaque no Onix LT.
1.0 econômico
O Onix LT 1.0 aspirado segue com 82 cv e 10,6 kgfm de torque com etanol, ou 78 cv de potência e 9,6 kgfm com o tanque abastecido com gasolina. A força do Onix permanece igual, mas pelos números do Inmetro a gama Onix ficou menos econômica, algo que pode ser influenciado pelas nova regras de medições. Pelos números antigos do Inmetro, o Onix LT 1.0 fazia 13,9 km/l na cidade e 16,7 km/l na estrada com gasolina, mas na linha 2023 esse número caiu um pouco e foi para 13,3 km/l e 16,6 km/l, respectivamente.
Rodando na cidade conseguimos uma média bem parelha com os números do Inmetro: fizemos 13,2 km/litro, com gasolina. Já em uso rodoviário, nossa média foi bem melhor e alcançou os 19,2 km/litro – algo que foi possível também graças ao câmbio manual com 6 marchas, exclusivo no segmento de hatches compactos com motor aspirado. Hyundai HB20, Fiat Argo e Volkswagen Polo, por exemplo, ainda contam com transmissão manual de 5 marchas.
Voltando ao consumo, vale lembrar que o número pode variar razoavelmente, principalmente em situações em que o carro está carregado numa viagem ou pelo trajeto escolhido, com uma estrada em região de serra podendo fazer o tanque de combustível render menos. E como você já deve saber, a forma que você dirige e o peso do seu pé no acelerador também serão determinantes para obter a melhor economia de combustível.
Agilidade do 3-cilindros
O Onix LT 1.0 é um bom representante do cenário das ruas brasileiras: hatch prata com motor 1.0 e câmbio manual. Com cada vez menos opções de carros com transmissão manual no mercado nacional, que vem recebendo uma enxurrada de automáticos por conta da alta demanda (e praticidade nas grandes cidades), quando chega um modelo assim na redação é uma situação interessante, principalmente para quem ainda curte a tocada e dinâmica de um carro manual.
É verdade que o Onix é agradável de dirigir, mas como é padrão em um modelo 1.0, a primeira e segunda marchas são bem mais curtas, sendo essenciais para garantir agilidade em saídas de semáforos. A terceira já embala o carro, mas ao jogar a quarta marcha, o giro do motor cai razoavelmente, não à toa o hatch registrou aceleração de 0 a 100 km/h em 14,6 segundos em nossos testes com gasolina. Já para sair parado e atingir os 60 km/h, são necessários 5,8s, mais do que o suficiente para o uso na cidade.
O motor 1.0 de três cilindros chama a atenção pela suavidade de funcionamento, transmitindo pouquíssima trepidação para a cabine. Você se lembra mais que está em num três cilindros na primeira partida do dia com o motor frio, quando o volante vibra um pouco mais, mas depois desse momento a vibração é mínima, com o motor também trabalhando de forma silenciosa.
O ruído vai entrar na cabine mais em situações de ultrapassagem na estrada, com a 6ª marcha sendo útil tanto para derrubar a rotação do motor (quanto para manter a boa média de consumo), que fica em cerca de 3.300 rpm. Em modelos com 5 marchas, a rotação fica facilmente próximo dos 4.000 rpm. Ponto para essa exclusividade do Onix. Curioso mesmo é dar a partida no motor nessa linha 2023: pise na embreagem e no freio ao mesmo tempo, depois aperte o botão no painel. Pronto, motor ligado, mas que exige um dono treinado.
Dirigindo na cidade, o Onix traz conforto padrão para um modelo dessa categoria. O hatch passa com facilidade nos “desafios diários” de valetas e buracos de nossas ruas, absorvendo bem os impactos. A ressalva fica para o rebote (retorno) da suspensão, que é um pouco mais firme no momento de passagem sobre essas imperfeições. Nada que comprometa o conjunto, mas não chega a ser tão suave como alguns modelos da concorrência, à exemplo do Argo.
Por dentro o Onix LT 1.0 traz acabamento dominado por plástico rígido e mais liso, com a parte central do painel trazendo uma textura que visa quebrar a simplicidade do interior. O acabamento preto brilhante do pomo da alavanca de câmbio tenta dar uma quebrada no visual básico, mas acaba mesmo incomodando a palma da mão por conta do encaixe que deixa uma quina sobrando. O painel traz a instrumentação básica e uma pequena tela digital central monocromática, que traz as informações do computador de bordo. O painel tem boa disposição de informações, só que a leitura seria melhor se a iluminação fosse um pouco mais forte.
Vale a pena?
A versão que você vê nas fotos é o Onix LT com o chamado pacote “R7H”, conhecido como LT2. É o mais completo possível, somando itens de categoria superior como chave presencial, partida por botão e faróis com acendimento automático, câmera de ré e rodas de liga-leve de 15". Apesar de contar com equipamentos mais refinados, o Onix LT não tem sequer um ajuste de altura ou profundidade do volante. Na linha 2023 o hatch perdeu ainda as duas portas USB na traseira (restando uma cobertura plástica no lugar) e o descansa braço central para o motorista, enquanto o rádio tem apenas alto-falantes na dianteira. A tela do painel também é mais simples.
No mais, a configuração LT do Onix conta também com 6 airbags, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, aviso sonoro e visual do uso de cinto de segurança, ajuste de altura do cinto para o motorista, direção elétrica, ar-condicionado, limitador de velocidade (apenas alerta sobre a velocidade, não a mantém como um piloto automático), volante multifuncional, vidros elétricos nas quatro portas com função “um toque” e sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis.
Não esquecemos de citar a central multimídia MyLink com tela de 8 polegadas, mas vale destacar aqui que ela tem suporte de espelhamento de série apenas para o sistema Apple CarPlay. Caso queira o suporte ao Android Auto (e conexão Bluetooth, que não vem de série neste momento), terá que desembolsar R$ 2.500 extras. A Chevrolet está vendendo separadamente esses dois últimos recursos em pacotes separados, chamado de “RGF” para o Onix LT 1.0 e RGH para o Onix LT2 (com pacote mais completo, como o carro da avaliação). Essa foi a alternativa que a GM achou para vender o Onix em meio a falta de componentes na indústria.
Galeria: Chevrolet Onix LT 1.0 2023 (Teste)
O curioso é que desde seu lançamento o Onix tem o apelo da conectividade, mas deixa de oferecer de série recursos básicos, como a própria conexão Bluetooth que citamos no parágrafo anterior. São as adaptações dos novos tempos.
O Onix LT 2023 mais completo hoje é encontrado nas lojas por R$ 84.600. É um valor que fica próximo ao de rivais como Hyundai HB20 Limited 1.0 (R$ 85.490) e um pouco acima do Fiat Argo Drive 1.0 (R$ 79.490). Apesar de não ter sequer um volante ajustável e perder alguns itens, o hatch da GM ainda assim compensa esses pecados na economia de combustível, um fator relevante para quem compra um hatch "mil", além do bom espaço interno.
É verdade que o ajuste do 1.0 ao Proconve L7 fez o motor ter o consumo levemente piorado, mas ainda assim o Onix cumpre seu papel no mercado nacional: atende bem da família que tem um único carro até motoristas de aplicativo. Basta olhar para as ruas.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Chevrolet Onix LT 1.0 MT6
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