Mais do que as marcas generalistas, as premium tiveram que trabalhar em seus sedãs menores para suprir o quanto seus médios cresceram, ficaram mais modernos e, consequentemente, mais caros. Já faz um tempo que a Mercedes-Benz tem o CLA em seu catálogo, mas sua importância cresceu nos últimos tempos.
Um dos principais motivos é justamente a nova geração do Classe C. Com o irmão maior crescendo, ficando bem mais moderno e mais caro, ficou com o CLA a missão de ser a escolha dos clientes que querem um sedã da marca, mas não conseguem chegar ao pedido na etiqueta do novo Classe C. E o CLA 250, nesta configuração, é o mais barato deles, por R$ 310.900.
Esta é a segunda geração do CLA (C118). Sua proposta jovem é tão forte que foi mostrado na CES, uma feira de tecnologias que acontece em Las Vegas, em 2019. Manteve o estilo cupê de 4 portas, marcante desde sua primeira geração, e é um dos pontos mais fortes do seu design. Usa a plataforma MFA2, feita para os modelos de tração dianteira ou integral com motor longitudinal, como Classe A, GLA e GLB.
O CLA 250 é a versão de entrada disponível no Brasil. Especificamente a unidade testada, tem o pacote BRM, o mais "básico" da linha, consequentemente o mais barato. Dá para perceber isso pela ausência do teto-solar, dos bancos com ajustes elétricos e de alguns outros itens, como o ar-condicionado de apenas uma zona. O motor é o 2.0 turbo com 224 cv e 35,7 kgfm, ligado ao câmbio automatizado de dupla embreagem de 7 marchas.
Em dimensões, o CLA 250 mede 4.688 mm de comprimento, sendo 2.729 mm no entre-eixos. Tem 1.830 mm de largura e 1.444 de altura, garantindo um porte cupê com proporções interessantes visualmente. Como referência, o novo Classe C mede 4.751 mm de comprimento, 2.865 mm de entre-eixos, 1.820 mm de largura e 1.438 mm de altura.
Por dentro, foi um dos primeiros Mercedes-Benz com o chamado MBUX. Em uma peça fina e elevada, junta o painel de instrumentos de 10" com o sistema multimídia de 10,2" com comandos por voz e a esperada conectividade Apple CarPlay e Android Auto, por fios. Mesmo com alguns anos já, o interior é uma das partes mais bonitas do CLA, em conjunto com os comandos abaixo da tela central e no console central. Limpo e bonito, destacado pelo acabamento em bege desta unidade e bons materiais aplicados em todo o interior.
O CLA é, ao menos pra mim, um dos Mercedes-Benz mais bonitos. O CLA 250 tem rodas de 18", faróis fullLEDs e lanternas em LEDs. A dianteira se destaca pelos faróis finos e uma grade em pontos cromados em volta da clássica estrela da marca. A linha de cintura é levemente arredondada e o charme das portas sem os arcos dos vidros é sua marca registrada.
A traseira de tampa curta é o que marca o estilo cupê. É limpa, sem muitos vincos, e as lanternas invadem a tampa traseira. O parachoque até tenta trazer uma certa esportividade com a simulação de saídas de escape, mas é melhor deixar isso para as versões assinadas pela AMG, seja 35 ou 45. O CLA 250 quer você pelo conforto, mas não é o mais exemplar no espaço interno.
O teto baixo prejudica o espaço para a cabeça. No banco traseiro, dois ocupantes vão bem, mas podem reclamar do espaço para as pernas se forem mais altos. O túnel central praticamente inviabiliza levar um terceiro ocupante ali. Nos bancos dianteiros, bastante conforto, mas esta versão não tem os ajustes elétricos para nenhum dos dois, apenas a lombar do motorista. No porta-malas, 460 litros, mas um acesso dificultado pelo tamanho da abertura.
Diferente do GLA e GLB, o CLA não usa o motor 1.3 turbo na sua versão mais "barata". Já vai direto ao 2.0 turbo, o M260 utilizado em diversos modelos até maiores que ele, na configuração mais mansa. Mesmo assim, são 224 cv e 35,7 kgfm de torque, o que até surpreende o motorista e a quem esperava que a versão de entrada fosse lerda. Dá para enganar alguns desavisados pelas ruas...
Confesso que não tinha procurado os números do CLA 250 antes de buscá-lo na Mercedes-Benz. E na correria do dia a dia, fui usando ele por um tempo sem essa informação, mas já com uma boa impressão. Não é a versão mais luxuosa, mas o seletor de modos de condução está ali e deixei a maior parte do tempo no Eco. Ficou sem graça? Não.
O câmbio até faz as saídas de semáforo em segunda marcha, por exemplo, e mesmo assim não fica devendo. É bastante torque para o porte do CLA 250 e seus 1.490 kg, conseguidos com o uso de alumínio em diversas partes da carroceria, como as portas. O câmbio tem o comportamento de dupla embreagem, com trocas rápidas, mas sem trancos, porém perceptível quando deixa ele rolar sozinho, onde é diferente de um automático tradicional.
Precisa de um pouco mais? Basta apertar o acelerador que, em alguns casos, ele nem reduzirá marchas, só deixará a força atuar em uma faixa mais alta de rotação. O 2.0 turbo é um motor elástico e com funcionamento bem suave e, no CLA 250, parece ser seu melhor lugar em toda a linha pelo seu porte e peso.
Apesar de não ser uma versão esportiva, a dinâmica do CLA 250 é boa. A suspensão sofre um pouco em pisos mais acidentados, também na conta dos pneus 225/45 R18, mas entrega um bom conforto mesmo assim. A direção tem boas respostas e comunicação, em jogo com a leveza para manobras. Equilibrado, consegue agradar sem viver nas extremidades de conforto ou dinâmica. Quer mais, já procure um dos AMG do catálogo...
Em nossos testes, o CLA 250 acelerou de 0 a 100 km/h em 7 segundos, um bom número para um carro sem pretensões esportivas. As retomadas na faixa dos 5 segundos mostram um câmbio rápido, e como o comportamento muda quando colocar em Sport. Não há alteração de suspensão, apenas de direção, transmissão e respostas do motor, que aqui sim mostrou sua potência e torque.
E mesmo com esses números, o CLA 250 chegou aos 10,8 km/litro na cidade, ajudado pelas trocas cedo do câmbio e pela força em baixas, e 17,5 km/litro na estrada, onde ele aproveita o coasting para economizar nas desacelerações. E vale lembrar que o CLA 250 ainda não tem nenhuma eletrificação, diferente do Classe C, e mesmo assim nos deu um consumo muito bom para um 2.0 turbo.
Bom, seria bom demais esperar que esse bom conjunto ainda nos desse um bom preço. Os R$ 310.900 colocam o CLA 250 em uma faixa de convivência com BMW Série 3, por exemplo, um sedã maior. Além disso, sua lista de equipamentos não é a mais completa, chamando a atenção por ter alerta de colisão com frenagem automática e alerta de ponto-cego e não ter ar-condicionado de duas zonas, bancos elétricos e abertura com chave presencial - apenas a partida é por botão. Aqui, nem mesmo o teto-solar é item de série.
Faz parte da estratégia da Mercedes-Benz estar em um patamar superior das demais premium, por isso esse preço. O CLA 250 se destacou em conforto, desempenho e consumo, além do visual ainda bem interessante, mas pode assustar até o mais disposto comprador na relação preço e equipamentos oferecidos. Mesmo no segmento premium, o cliente olhará para itens ausentes no CLA 250 e começará a pensar em algo mais completo, mesmo que seja dentro de casa. Se não fosse isso, seria uma ótima opção.
Mercedes-Benz CLA 250
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