Se fosse uma série de TV, o Chevrolet Equinox estreou sua primeira temporada no Brasil em outubro de 2017. Naquele momento, Jeep Compass já estava na parada de sucessos e o Chevrolet chegou, importado do México, com um motor 2.0 turbo vindo do Camaro e um porte superior. Não chegou a brigar em volume com o Jeep e chegou em uma época agitada, com Peugeot 3008, Honda CR-V e VW Tiguan R-Line com folga de alguns meses.
O segundo episódio da primeira temporada é a chegada do Equinox 1.5 turbo em dezembro de 2019, uma motorização que complementava o catálogo do SUV com menor potência (e preço), mas que tirou um pouco do brilho do SUV, que chamou muita atenção justamente pela força dos 262 cv e 37 kgfm de torque, e que ficou com 172 cv e 27,8 kgfm de torque. E aqui começa a segunda temporada do SUV médio, em 2022.
A Chevrolet atualizou o visual do Equinox no Estados Unidos em abril de 2020, meses depois da chegada do Equinox 1.5T por aqui. Sabemos tudo o que aconteceu no mundo nesse tempo e o Equinox foi um dos prejudicados. A sua produção no México ficou paralisada por meses e, até mesmo para o Brasil, que chegou a ser anunciado como lançamento em 2021, atrasou. É a vida.
O que mais mudou nesse novo Equinox foi a dianteira. Os faróis não chegam a ser em duas partes, mas a grade dianteira em cromo escuro divide a parte superior, com as luzes diurnas em LEDs, do restante, com farol-alto e baixo na versão RS. Na esportivada, a seta é uma peça mais abaixo, no lugar do farol de neblina, enquanto a Premier a integra no DRL. Obviamente que parachoque é uma nova peça e, no Equinox RS, a grade é em colmeia preta brilhante, que combinou com a proposta do carro.
Se na dianteira o Equinox 2022 é irreconhecível diante do anterior, bem mais sem graça, a traseira troca as lanternas por um conjunto todo em LEDs com uma nova assinatura, assim como o parachoque traseiro redesenhado, algo bem mais leve do que está na dianteira. Na lateral, apenas novas rodas de 19" e nova fonte para o escrito Equinox na porta do motorista. Mudanças leves, mas que caíram bem também.
Um personagem que pouco mudou no Equinox 2022 foi o interior. O painel de instrumentos trocou a grafia na tela central, do computador de bordo, e o sistema multimídia com tela de 8" foi atualizado para comandos de voz, aplicativos como a Alexa, e espelhamento sem fios para Apple CarPlay e Android Auto. A alavanca de câmbio também é nova, mas o volante segue o mesmo, sem aletas para a trocas das marchas. No Equinox RS, o cromo escuro está em detalhes nas saídas de ar-condicionado, assim como o teto e colunas são em preto, com toques em vermelho nas costuras dos bancos, volante e portas. Acabamento bom, mas não o melhor entre os concorrentes.
O Equinox que vem ao Brasil é o mesmo vendido nos Estados Unidos. Foi projetado, sobre a plataforma D2XX, do Cruze, para atender justamente aquele mercado que oferece mais SUVs nas concessionárias que lanchonetes fast food pelas ruas. Não espanta a engenharia da Chevrolet ter feito um carro com traços desse público, bem específico.
Primeiro ponto, um espaço interno para boas famílias. De seus 4,65 m de comprimento (como referência, o Jeep Compass tem 4,40 m e o VW Taos, 4,46 m), 2,72 m é entre-eixos. O Volkswagen, que é um dos maiores entre essa turma menor, possui 2,68 m, então o Chevrolet Equinox consegue oferecer uma acomodação aos passageiros que dificilmente os SUVs médios mais vendidos terão.
No banco traseiro, o piso plano ajuda na hora de acomodar um passageiro central. Saídas de ar e duas portas USB estão ali para o conforto, além de um espaço para as pernas que, mesmo com um motorista alto, acomoda um adulto com tranquilidade. O mesmo vale para a altura de cabeça e, na largura, dois adultos e uma criança estarão muito bem. No porta-malas, os 468 litros são menos que os 498 litros do Taos, mas é prejudicado pela altura, apesar de ter um compartimento com boa capacidade abaixo do piso. O protetor do tipo retrátil facilita na hora de levar objetos mais altos.
Além disso, o Equinox chega com a suspensão independente nas 4 rodas e um acerto realmente norte-americano. Mesmo nos piores pisos, é perceptível que molas e amortecedores seguram o máximo possível do que chega aos ocupantes. As rodas de 19", com pneus 235/50, não prejudicam o rodar tranquilo e "tapete" do Equinox RS. Essa sempre foi uma característica dele e, de certa forma, ainda bem que a engenharia não tocou nisso na reestilização.
Agora apenas 1.5 turbo, o Equinox RS é a versão com tração apenas dianteira e câmbio automático de 6 marchas. Os 172 cv podem parecer pouco para os 1.561 kg do SUV médio, mas são 27,8 kgfm de torque para puxar isso tudo. Não anda como andava o 2.0 turbo, mas está dentro do que vemos em outros SUVs médios. Por exemplo, o 0 a 100 km/h em 9,2 segundos é apenas 0,1 segundo mais lento que o Compass e seus 185 cv e 27,5 kgfm, e 0,1 segundo mais rápido que o VW Taos de 150 cv. Vale lembrar que ele é apenas a gasolina.
Não é um canhão, mas se comporta bem no dia a dia. A transmissão automática é característica da GM, com trocas suaves e sem esportividade alguma - tanto que não há nem um modo Sport, apenas a opção de trocas manuais no L e por um botão na lateral da alavanca. Mais uma vez, ele vai pro lado do conforto e do carro familiar, sempre pensando no conforto.
No dia a dia, a transmissão faz as trocas cedo. Em alguns momentos, até cedo demais, já que o motor 1.5T acorda perto das 2.000 rpm e, antes disso, ele quase não existe. Um pouco mais de acelerador e já faz a redução de uma ou duas marchas para crescer e, aí sim, ganhar velocidade e voltar a uma rotação baixa. Isso ajudou no consumo: foram 9,4 km/litro na cidade, um bom número, mas a ausência de um start stop prejudicou em chegar a números melhores. Na estrada, os 12,9 km/litro estão dentro do esperado. Aliás, seu comportamento na rodovia é bom, mantendo velocidade facilmente e fazendo boas ultrapassagens, mesmo que exija reduzir marchas.
Um painel de instrumentos com elementos analógicos tem seu valor, mas novos clientes já buscam soluções mais modernas. No Equinox RS, a tela central para computador de bordo tem diversas funções, é colorida e de boa resolução, mas a concorrência já foi para as telas totais em peso. No fundo, o interior já mostra uma idade de projeto do SUV, que terá uma versão 100% elétrica em breve e sobre uma nova base.
Outra observação é que o Equinox não é um SUV para aventura, já que a altura do solo não é tão elevada (160 mm) e mesmo algumas valetas já terão um impacto da dianteira se não entrar com tanto cuidado. Reflexo da proposta de ser confortável? Também. No fim das contas, é uma boa compra?
Por R$ 204.990, o Chevrolet Equinox RS vem bem equipado, mas deve itens como piloto automático adaptativo, por exemplo. É espaçoso como poucos concorrentes conseguem ser, além da renovação visual ter caído bem. Taos, Compass e Corolla Cross são mais equipados nessa faixa de preço, mas menores. Em volume, o Chevrolet não consegue entrar nessa briga. Mas a nova temporada melhorou do que era e é mais justificável que a anterior, principalmente a versão "de entrada", com um toque americano aos que gostam disso. Pode se tornar opção a quem quer fugir dos de sempre.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Chevrolet Equinox RS 1.5T FWD
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