O segmento dos SUVs médios é um dos que mais cresceu no mercado global, tanto em volume quanto em quantidade de opções. Até aqui no Brasil há um bom leque de opções em uma grande faixa de preços. Porém, para ter volume, é necessário ter produção local ou já terá um problema de oferta. É o problema que o Chevrolet Equinox enfrenta desde o lançamento em 2017, tanto é que sempre teve um volume bem abaixo dos líderes da categoria.
Não que isto preocupe a GM. O Chevrolet Equinox tem um papel de manter os clientes mais fiéis dentro da empresa caso precisem de algo maior do que o Tracker, mas sem ir para o enorme Trailblazer. Além disso, o SUV médio é o carro de passeio mais vendido da marca nos Estados Unidos, então é uma boa vitrine para os modelos mais refinados da fabricante. Por isso, agora que foi renovado, a fabricante tenta posicioná-lo como uma opção mais premium do que alguns rivais como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross.
A reestilização do Equinox foi apresentada no início de 2020 e, na época, fontes de Motor1.com revelaram que o lançamento estava previsto para o mesmo ano. Só que aí veio a pandemia e todos os planos foram por água abaixo. As fábricas foram paralisadas e o lançamento do carro foi adiado para 2021 nos EUA e, consequentemente, também no Brasil. A produção retornou, só que a falta de semicondutores e a demanda no mercado norte-americano continuou a atrapalhar a estreia por aqui – tinha sido prometido para o ano passado e só agora desembarca no país.
A renovação foi focada na parte dianteira. Buscando inspiração no Blazer, o Equinox recebeu novos faróis e grade. A barra no meio da entrada de ar agora se estende até os faróis, criando uma divisão para que as luzes diurnas em LED fiquem na parte superior, e os faróis de LED na parte inferior. É o suficiente para que o utilitário já pareça outro carro e chame bastante atenção nas ruas. Na versão Premier, o acabamento da grade é cromado e com filetes horizontais, enquanto a versão RS usa a peça em preto e acabamento em colmeia – que, convenhamos, fica muito mais agradável.
O para-choque acompanhou a alteração com a adição de uma entrada de ar horizontal e que vai até os faróis de neblina, estes mais finos e mantendo a posição vertical. Do outro lado, a traseira adota lanternas com um novo desenho e também em LEDs. A cabine recebeu uma nova costura vermelha nos bancos, volante e câmbio na versão RS, que ainda tem rodas de liga leve de 19” com pintura escurecida e saias laterais pretas.
Será vendido em duas versões. Como foi com Onix e Cruze, o Equinox RS é uma opção mais acessível, mas que já traz uma bela lista de equipamentos. Vem com ar-condicionado digital de duas zonas, faróis full-LED, seis airbags, banco do motorista com ajuste elétrico, controles de estabilidade e tração, câmera de ré, sensor de ponto cego, abertura do porta-malas por movimento, assistente de permanência em faixa, frenagem automática de emergência com alerta, teto solar panorâmico e central multimídia de 8” com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, e Alexa e Spotify integrados.
A versão Premier adiciona o sistema de som da Bose, assistente semiautônomo de estacionamento, partida retoma do motor, conexão 4G Wi-Fi com 1 ano grátis, Sem Parar com 12 meses grátis e banco do motorista com duas memórias.
Pode ter mudado o visual e ter ficado mais equipado, mas a essência do Equinox 2022 é exatamente a mesma. Segue com o motor 1.5 turbo de quatro cilindros, abastecido somente com gasolina e que entrega 172 cv a 5.600 rpm e 27,8 kgfm de torque máxima entre 2.000 e 4.000 rpm. A transmissão é uma automática de 6 marchas, com trocas manuais por botões na alavanca, enquanto a tração é dianteira na versão RS e pode ser integral na configuração Premier.
Assim, não há surpresas na hora de acelerar o SUV. É um carro com perfil totalmente urbano, então entrega um bom desempenho nas ruas e estradas. Por usar uma suspensão McPherson na dianteira e multilink na traseira, o Equinox tem um rodar bem suave, totalmente voltado para o conforto e que exige algumas situações mais extremas para que transmita alguma imperfeição do solo para dentro da cabine. Por outro lado, a carroceria inclina um pouco em curvas mais rápidas.
Medindo 4,65 metros de comprimento e com um entre-eixos de 2,72 m, o utilitário tem muito espaço. O porta-malas tem capacidade para 468 litros, subindo para 930 litros ao rebater os bancos traseiros. Quem viaja na segunda fileira terá muito conforto, pois há espaço para as pernas e cabeça, além de um assoalho reto. Mesmo com o assento dianteiro mais recuado, é difícil fazer com que os passageiros passem aperto.
As duas grandes críticas são relacionadas ao volante. É necessário virar um pouco mais, por conta da pequena folga no movimento inicial, algo sentido em uma estrada mais sinuosa. Foi o caso durante a viagem de testes, em que retornei de São Bento do Sapucaí (SP) pela Rodovia Monteiro Lobato, que é praticamente uma enorme sequência de curvas. O outro problema aparece nos estacionamentos, pois o diâmetro de giro do Equinox é curto, exigindo mais tempo manobrando.
Muitos defendem que o Equinox só tinha graça com o motor 2.0 turbo de 262 cv compartilhado com o Camaro, mas que deixou de ser oferecido no SUV (inclusive nos EUA). Assim, temos somente o 1.5 turbo de 172 cv. Tem um bom desempenho, tanto que é que nosso teste com a versão pré-facelift mostrou que vai de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos. O 2.0 turbo só faz falta para quem quer mais desempenho ou em uma retomada com o carro carregado. Por outro lado, compensa no consumo, pois faz 7,8 km/litros na cidade e 11,4 km/litros na estrada.
A transmissão automática de 6 marchas tenta manter o motor girando em cerca de 2.500 rpm e tem um leve atraso nas trocas, porém sem nenhum tranco. Você até pode fazer trocas manuais, mas não é nada intuitivo, por usar botões posicionados na lateral da alavanca, o que acaba te forçando a deixar o sistema funcionar automaticamente.
A General Motors ainda não informa os preços do Chevrolet Equinox 2022, algo que só vai acontecer em junho, quando as primeiras unidades chegarem nas concessionárias. Não é exagero esperar que custe mais que R$ 200 mil, visto que a linha 2021 foi lançada em março do ano passado a partir de R$ 189.900, e todos sabemos como os preços de todos os carros subiram muito desde então. Conversando com alguns executivos durante o lançamento, tudo indica que deve custar algo entre R$ 210 mil e R$ 240 mil.
O plano da GM é posicioná-lo no que chama de “faixa intermediária dos SUVs médios”. Ou seja, sem mirar em Jeep Compass ou Toyota Cross, e sim em modelos um pouco acima como Kia Sportage e Volkswagen Tiguan, que também chegam importados. Porém, ainda assim terá algumas dificuldades, visto que o Tiguan deve retornar ao país com um motor mais potente (o 2.0 turbo) e opção de 7 lugares, enquanto o Sportage terá um sistema híbrido-leve. E até o valor vira um problema, pois o Compass 1.3 turbo na versão Série S custa R$ 216.990 e tem mais equipamentos como o painel de instrumentos digital e controle de cruzeiro adaptativo.
Ainda assim, a GM não tem pretenção de buscar a liderança, projetando uma média de vendas em torno de 400 unidades por mês, dizendo que é o adequado para a demanda nacional e a oferta da fábrica mexicana (lembrando que é o carro de passeio mais vendido da empresa nos EUA). O Chevrolet Equinox não será um protagonista do segmento e nem é o seu objetivo, mas vira uma opção para quem quer algo diferente dos milhares de Compass e Corolla Cross que rodam por aí.
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