Com a Honda Bros 160 puxando a categoria e ficando sempre entre as 4 motos mais vendidas do Brasil, o segmento de pequenas aventureiras é um dos mais populares por aqui. O preço acessível e a maior capacidade provida pelas suspensões de longo curso atraem um público que vai encarar ruas esburacadas e até mesmo estradas de terra.
Aquecido, o mercado das pequenas aventureiras já até ganhou uma nova competidora: a Haojue NK 150. No entanto, a segunda grande força desta categoria sempre foi a Yamaha Crosser, apresentada em 2014. No ano passado, ela atingiu um recorde pessoal, ao atingir 17% de participação em seu segmento. E agora, a marca dos três diapasões realizou importantes alterações na moto para a linha 2023.
A Yamaha Crosser 150 ABS 2023 permanecerá sendo oferecida em duas configurações. A Crosser S, com para-lama dianteiro baixo, por R$ 16.590, e a Crosser Z, com para-lama alto, por R$ 16.790. O aumento em relação ao modelo 2022 é de R$ 400 em ambas as configurações. O Motor1.com já teve a oportunidade em andar na Crosser 2023 para te contar o que mudou e o que ela oferece.
Logo de cara, literalmente, já é possível ver o novo visual da aventureira de entrada da Yamaha. A grande novidade é o conjunto ótico frontal renovado. Ele abandona as lâmpadas halógenas em favor de um farol de LED já com projetor. Ladeando a peça, dois de filetes de LED também fazem as vezes de luzes de posição. Ao redor do projetor, o espaço é vazado para ventilar o trocador de calor do módulo do LED, que fica logo atrás.
Nesse sentindo, a lanterna traseira também mudou e ficou mais horizontal como na Lander 250. Ela também passou a utilizar LED na iluminação. O resultado é que a moto ganhou um ar mais moderno e alinhado com o visual "ciclope" das demais Yamaha oferecidas ao redor do mundo, algo que já era visto na Fazer 250 desde o ano passado.
Outro item renovado que merece destaque é o painel de instrumentos. A antiga Crosser mesclava um relativamente grande conta-giros analógico com uma pequena tela de LCD com o restante das informações. Agora, na linha 2023, a Yamaha Crosser adotou uma tela LCD de alto contraste. Além de velocímetro e luzes espia - nas laterais - o painel agregou conta-giro, indicador de marcha, marcador de combustível e odômetro total e parcial. Para quem está sempre conectado, abaixo do painel a moto passa a contar de série com uma tomada 12V.
No entanto, com um conjunto bem acertado, a Yamaha não mudou a ciclística nem a mecânica da Crosser 150 para a linha 2023. A moto continua sendo movida pelo monocilíndrico de 149 cm³ refrigerado a ar e alimentado por injeção eletrônica. Com 2 válvulas acionadas por corrente no cabeçote, permanece entregando até 12,4 cv de potência a 7.500 rpm e 1,3 kgfm de torque a 6.000 rpm quando abastecida com etanol. Também não mudaram o câmbio mecânico de 5 velocidades e a transmissão final por corrente.
O chassi do tipo berço semi-duplo ainda é suportado por um garfo telescópico na dianteira, mantendo os 180 mm e curso. Na traseira, o quadro elétrico usa amortecedor único que é conectado à balança por meio de um link. Com ajuste de pré-carga, tem 160 mm de curso (roda). As rodas são padrão para o segmento: raiadas e com 19 polegadas na dianteira e 17 polegadas na traseira.
Os pneus, respectivamente, continuam nas medidas 90/90 e 110/90, mas os Metzeler Tourance foram substituídos por Levorin Dual Sport. Aqui, no entanto, vale uma ressalva. A marca Levorin pertence ao grupo Michelin desde 2016 e também é utilizada em motos de entrada da Honda.
Um diferencial importante que permaneceu na linha 2023 da Yamaha Crosser é o ABS para o freio dianteiro. O componente de segurança está presente na moto desde 2019, quando também ganhou disco de freio na traseira. Eles possuem 245 mm de diâmetro na roda da frente e 203 mm na de trás. Seu peso em ordem de marcha é de 134 kg e o tanque acomoda até 12 litros de combustível, sendo 3 litros de reserva.
Apesar da baixa cilindrada e a proposta de uso misto da Crosser 2023, a Yamaha não teve medo de preparar um roteiro que incluiu cerca de 70% do tempo por estradas de terra entre as cidades de São José dos Campos (SP) e São Francisco Xavier (SP). Nada de trilhas pesadas, mas rotas que são bem comuns em áreas rurais.
Eu particularmente nunca havia andado em uma Crosser, mas avaliei a Honda Bros recentemente. Então tinha ao menos algum ponto de comparação. No primeiro trecho, ainda em ambiente urbano, a pequena aventureira tira de letra o entra-e-sai dos corredores e lida bem com os buracos, lombadas e valetas. No geral, tem um acerto de suspensão um pouco mais para o firme, mas não transmite pancadas secas graças ao link na traseira.
Como não era "molenga", o trajeto em rodovia mostrou que a Crosser passa bastante confiança muito rápido para quem está guiando. Ela sempre parece estar na mão. Os comandos são fáceis de usar e é possível apoiar os dois pés no chão com tranquilidade na minha altura (1,72 m). O assento tem 845 mm de altura, mas como a moto é, digamos, esbelta, não atrapalha nas paradas.
Claro que ainda estamos falando de uma moto "150". O pequeno monocilíndrico gosta de rodar entre 4.000 e 7.000 rpm. Rotações muito baixas geram vibração e não há tanta disposição nas mais elevadas. Dito isso, o câmbio justo e preciso da moto facilita a tarefa de manter o motor no ponto ideal. Em situação normal, ela acelera bem até os 90 km/h e, como em qualquer moto dessa cilindrada, vai pedir mais paciência acima disso.
Andando de dia, a mudança mais perceptível é o novo painel. Apesar de preferir pessoalmente os relógios analógicos, não posso dizer que o novo painel digital não seja eficiente. Ficou bem visível mesmo sob sol forte e as informações exibidas tinham leitura simples.
O farol em si vai ficar para uma avaliação mais completa em breve, quando puder andar durante a noite. O seu visual trouxe um ar mais robótico para a moto, como a Yamaha vem fazendo em toda a sua linha global. Reparando no comportamento dos compradores, que preferem as motos com visual mais forte e marcado, dá para entender o caminho que a Yamaha seguiu com a Crosser 2023.
E na terra? Foi aí que a pequena aventureira surpreendeu de fato. Você sabia que é possível tirar as borrachas das pedaleiras da Crosser? Sem elas a peça é totalmente metálica e serrilhada, o que fornece mais aderência a botas e sapatos quando for andar de fato na terra.
Usando majoritariamente as 2ª e 3ª marchas, a Yamaha Crosser 2023 teve sempre disposição para subir e descer as estradas de terra e poucas vezes tive que aplicar aceleração total ou reduzir para a 1ª marcha. A suspensão também pareceu estar em casa. Mais firme, ela não tenta te isolar do pavimento. Pelo contrário, ela comunica sempre o que está passando sob os pneus. Mas como o acerto é bem feito e a traseira tem o link para filtrar as imperfeições, a Crosser se mostrou uma moto que ao mesmo tempo informa o condutor e não cansa com pancadas, um equilíbrio ideal e que é bem difícil de ser atingido.
Eu sei que vocês vão perguntar dos pneus Levorin e o que posso dizer a respeito deles é que não houve nenhum pneu furado no grupo de 8 motos que rodou comigo e, mesmo na terra, tinham um nível de aderência seguro. Vamos lembrar que as montadoras exigem dos fornecedores parâmetros mínimos de aderência e segurança para o uso nas motos.
A Yamaha precisava mudar a Crosser para 2023? Não, ela estava vendendo bem já antes das alterações. A moto continua oferecendo mais que a média da categoria, principalmente pela presença do ABS, mas deu um passo a mais agregando faróis e lanterna de LED e a tomada 12V para agradar os compradores. Com uma ciclística ao mesmo tempo segura e confortável, a impressão que fica é que a única limitação para que a nova Yamaha Crosser cresça ainda mais nas vendas é a capacidade produtiva da marca em Manaus (AM). A moto em si tem tudo para conquistar quem quer uma pequena aventureira.
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