Se por um lado o aumentos dos preços dos automóveis levaram compactos para patamares acima dos R$ 100 mil, por outro os recentes lançamentos trouxeram equipamentos que não seriam imaginados há poucos anos. Honda City Touring e Fiat Pulse Impetus, apesar de serem de segmentos diferentes, seguem esse exemplo.
Na faixa dos R$ 120 mil, as duas novidades chegam com porte de compactos, mas bem equipados. As versões topo de linha entram em uma briga por um mesmo cliente, que procura o fator novidade e equipamentos como alerta de colisão com frenagem automática, sistema multimídia completo e painel em tela digital, por exemplo. Onde cada um se destaca?
Enquanto o City Hatch é um hatchback (como o próprio nome diz), não tem como não ver o Argo no Pulse. Eles dividem muitos componentes e conviver com o pequeno SUV remete ao convívio com o hatch popular, com melhorias. Mas em espaço interno, são idênticos. Isso é uma vantagem para o City.
Em dimensões, o City Hatch é maior que o Pulse onde importa para a cabine. Em comprimento, são 24 cm a mais, enquanto o entre-eixos é 7 cm maior. No papel, o Pulse é mais largo e alto, mas é pelos apliques laterais e pela altura elevada da suspensão. Na prática, o City Hatch acomoda melhor os ocupantes nas duas fileiras, com bancos dianteiros maiores e mais confortáveis, além de uma posição de dirigir mais baixa aos que preferem. O Pulse fica alto, como um SUV.
No banco traseiro, o City tem mais espaço para as pernas, além do benefício do piso plano e as saídas de ar para esses passageiros. O espaço para cabeça é um pouco maior no Pulse, mas em ombros ambos são mais recomendáveis para dois adultos, ficando o central apertado, apesar de, mais uma vez, melhor acomodado no City pelo piso plano.
No porta-malas o Pulse se recupera. Apesar do método de medição diferente, os 370 litros (ou não) do Pulse são visualmente maiores que os 268 litros do City, que foi prejudicado para dar mais espaço para os ocupantes, um de seus maiores pontos de críticas. Porém, mantém o Magic Seat do Fit, que permite uma modularidade diferente no interior para objetos maiores. No geral, o Honda de Itirapina (SP) leva a melhor neste quesito.
Vantagem: Honda City Hatch
City e Pulse, apesar de suas versões topo de linha já custarem R$ 120 mil, são praticamente modelos de entrada de suas marcas. Em comum, o acabamento é baseado em plástico rígido, porém com um trabalho de texturas e cores para dar um ar ao menos um pouco mais sofisticado, além de uma dedicação da área de design para deixar o interior mais agradável.
O Fiat Pulse Impetus é mais moderninho. Tem o painel com a tela central de 7" configurável e um design mais atual, inclusive no grupo de botões ao centro para diversas funções, com a parte de ar-condicionado mostrada na tela de 10,1" da central multimídia e um volante com base reta - apesar de ser o volante do Argo com uma nova bolsa central. O acabamento preto no teto e colunas remete uma certa esportividade, assim como a parte central interligando de uma porta a outra em prata texturizado. O que fica um fora de contexto são os comandos de vidros e retrovisores, vindos do Uno, Mobi e afins, bem simples.
O City Hatch Touring puxa elementos dos irmãos maiores, como Civic e Accord. O volante, por exemplo, tem uma pega melhor que o Pulse e um couro de melhor qualidade, mais suave ao toque. Até mesmo os botões são mais refinados e os comandos do ar-condicionado automático são parecidos com o do Accord. Tem detalhes em preto brilhante e maçanetas cromadas e é mais luxuoso, com colunas e teto em cores claras e até mesmo o toque dos plásticos refletem isso. No painel, a tela de 7" tem resolução um pouco inferior ao Pulse, acompanhada do velocímetro analógico.
A lista de equipamentos de ambos, mais uma vez, é bem parecida. Em comum, chave presencial com partida remota e partida por botão, faróis e lanternas em LEDs, alerta de colisão com frenagem automática, alerta de saída de faixa, sistemas multimídia com espelhamento sem fios, painel de instrumentos em tela de 7" e outros itens. O City tem a mais o piloto automático adaptativo e a câmera no retrovisor direito, enquanto o Pulse chega com o carregador de smartphone por indução e retrovisor interno fotocrômico. No conjunto, o City leva mais uma vez.
Vantagem: Honda City Hatch
Pulse e City Hatch acompanham a tendência do mercado. Apesar de longe de serem baratos, os compactos já começam a carregar equipamentos de segurança e conectividade de modelos maiores em volume. Ambos possuem o alerta de colisão com frenagem automática e alerta de saída de faixa com atuação no volante, além dos controles de tração e estabilidade e o assistente de partida em rampas.
O City Hatch tem o piloto automático adaptativo e um sistema de assistência de faixa mais refinado, chegando a acompanhar sozinho o centro, e 6 airbags contra os 4 do Pulse. A câmera no retrovisor direito ajuda com ponto-cego. O Pulse tem o TC+, sistema que atua como bloqueio eletrônico do diferencial para situações fora-de-estrada leves.
Em conectividade, além de um sistema mais moderno e intuitivo, o Pulse tem a tela de 10,1" ante as 8" do City, com o opcional de poder conversar com o smartphone por um aplicativo e assistentes como o Alexa e até fazer pedidos em fast food pelo carro. Em um jogo de ganha e perde, temos um empate nesse quesito.
Vantagem: empate
Aspirado ou turbo? Carro mais baixo ou proposta SUV? Pulse e City Hatch são iguais em muitos pontos, mas ao volante são consideravelmente diferentes. O Honda ganhou um motor 1.5 moderno, com duplo comando variável e injeção direta, enquanto o Fiat tem orgulho de seu T200, o 1.0 turbo com MultiAir na admissão e o mais potente entre seus concorrentes. Aproveitamos para testar ambos com gasolina, onde a potência é praticamente a mesma.
O Honda City Hatch é mais confortável para o motorista e seus ocupantes. O 1.5 aspirado aprendeu a ter uma parte de sua força em baixas rotações, além do peso de apenas 1.180 kg do carro. Ele desenvolve bem na cidade, com o CVT trabalhando quieto e discreto. Os 126 cv e 15,5/15,8 kgfm de torque não são os números mais expressivos, mas trabalham bem no conjunto do hatchback. O consumo é destaque, com 12,9 km/litro na cidade e 16,5 km/litro na estrada, com gasolina.
O Pulse anda mais em linha reta, principalmente pelo torque de 20,4 kgfm. O câmbio também é um CVT de 7 marchas, como o City, e trabalham de forma bastante semelhante. O Fiat oferece mais força em baixas rotações, um presente do turbo, e empurra bem mais. Em todas as provas de desempenho, ele ficou na frente do Honda por uma diferença até considerável - menos no 80 a 120 km/h, onde o City Hatch já está embalado e aproveitando a força que tem em altas.
Lado a lado, as diferenças ficam ainda mais gritantes. Na estrada, enquanto o Pulse sobra, o City já começa a se limitar principalmente se estiver carregado. O troco vai aparecer na hora das curvas, onde o Honda é mais plantado com a menor altura do solo e centro de gravidade mais baixo. A direção é mais direta e comunicativa, além da posição de dirigir mais baixa. O Pulse tem rodas de 17" e pneus maiores, 205/50 R17 versus os 185/55 R16 do City Hatch.
No dia a dia, o Pulse é mais tranquilo de usar justamente pela proposta de SUV, mais alto e com ângulos de entrada e saída melhores. O City Hatch tem um balanço dianteiro grande, o fazendo raspar facilmente em lombadas e valetas onde o Pulse passa sem problemas. O curso da suspensão ajuda em buracos mais fundos.
Em resumo: em consumo, o menor peso, rodas menores e aerodinâmica ajudaram o City Hatch a ter uma boa vantagem. Na reta, o Pulse anda mais. A dinâmica volta a dar pontos para o Honda, mas a altura maior do solo faz do Fiat um carro mais tranquilo de rodar no dia a dia, principalmente se você morar em lugares mais acidentados ou não quer se preocupar com lombadas e valetas. Empate ou escolha pessoal?
Vantagem: empate
Na etiqueta de compra, a diferença entre Pulse Impetus e City Hatch Touring é pequena, cerca de R$ 1.300. O Pulse pode receber o pacote ConnectMe e passar dos R$ 124 mil, além das opções de pintura - só, por favor, não compre essa combinação com o teto cinza, é estranho. A considerar o pacote de equipamentos, o Honda é mais interessante principalmente pelo piloto automático adaptativo. Mas o jogo vira na hora da revisão.
FIAT PULSE 1.0T | HONDA CITY HATCH 1.5 | |
10.000 km/1 ano | R$ 556,00 | R$ 373,16 |
20.000 km/2 anos | R$ 568,00 | R$ 555,66 |
30.000 km/3 anos | R$ 652,00 | R$ 617,46 |
40.000 km/4 anos | R$ 732,00 | R$ 2.141,11 |
50.000 km/5 anos | R$ 580,00 | R$ 617,46 |
60.000 km/6 anos | R$ 1.092,00 | R$ 1.639,22 |
TOTAL | R$ 4.180,00 | R$ 5.944,07 |
Ambos possuem a garantia por 3 anos. Se considerar apenas as revisões anuais por esse período (ou 10.000 km, o que acontecer primeiro em ambos), o City é mais barato. Porém considerando 60.000 km ou 6 anos, o Pulse é mais barato. Mais uma vez, um empate entre eles.
Vantagem: empate
Para o mercado, o Fiat Pulse é bem mais interessante que o City Hatch. Proposta de SUV, com suspensão elevada, motor turbo, bastante conectividade e dentro do que o público geral procura, inegável que é o que mais vende entre os dois. A Honda foi bastante corajosa em entrar com um hatch compacto nesse mercado que olha mais e mais aos SUVs, sendo que ela mesma tinha um modelo com a mesma proposta, o WR-V.
Basta colocar as cartas de cada um na mesa e ver que o Honda oferece mais por um preço semelhante, apesar de não ser um SUV e ter preferido ficar com um novo motor aspirado que entrar para a onda turbo. É mais econômico, apesar de não ter o mesmo desempenho, com um bom espaço interno, devendo porta-malas até diante de seus principais concorrentes diretos.
Pensando como mercado, o Pulse Impetus levaria essa. Sim, ele está mais dentro da moda e entendeu melhor o consumidor, mas não tem como não dar a vitória ao City Hatch Touring. Preço semelhante, mais equipamentos, mais espaço interno. Onde não tivemos empates, ele ficou com a vantagem. Uma briga acirrada, mesmo com modelos de segmentos diferentes. Quem diria...
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Fiat Pulse Impetus | Honda City Hatchback Touring | |
MOTOR |
dianteiro, transversal, 3 cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, duplo comando de válvulas com variador no escape e MultiAir na admissão, injeção direta, turbo, flex
|
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.497 cm3, comando duplo com variador na admissão, injeção direta, flex
|
POTÊNCIA/TORQUE |
125/130 cv a 5.750 rpm; 20,4 kgfm a 1.750 rpm
|
126 cv a 6.200 rpm; 15,5/15,8 kgfm a 4.600 rpm
|
TRANSMISSÃO |
automática tipo CVT com simulação de 7 marchas; tração dianteira
|
automática tipo CVT com simulação de 7 marchas; tração dianteira
|
SUSPENSÃO | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 17" com pneus 205/50 R17 | liga-leve aro 16" com pneus 185/55 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores traseira | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira |
PESO | 1.237 kg em ordem de marcha |
1.180 kg em ordem de marcha
|
DIMENSÕES | comprimento 4.099 mm, largura 1.774 mm, altura 1.579 mm, entre-eixos 2.532 mm; | comprimento 4.341 mm, largura 1.748 mm, altura 1.498 mm, entre-eixos 2.600 mm |
CAPACIDADES | tanque 47 litros; porta-malas 370 litros | tanque 39,5 litros; porta-malas 268 litros |
PREÇO | R$ 121.605 (R$ 124.260 como testado) | R$ 120.300 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina) | ||
---|---|---|
Fiat Pulse 1.0T | Honda City Hatch 1.5 | |
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,7 s | 5,4 s |
0 a 80 km/h | 6,5 s | 7,8 s |
0 a 100 km/h | 9,5 s | 11,1 s |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 7,1 s | 8,9 s |
80 a 120 km/h em S | 7,2 s | 7,6 s |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 10,6 km/l | 12,9 km/l |
Ciclo estrada | 14,0 km/l | 16,5 km/l |
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