Basta uma rápida análise do mercado de carros elétricos no Brasil para perceber que as marcas premium são as mais avançadas nesse sentido - não todas, mas uma maioria está. É um caminho natural, considerando o fator novidade da tecnologia ao menos para nós e, não tem como escapar, os preços que são cobrados pelos 100% elétricos.
A Volvo foi ambiciosa no fim de 2021, ao anunciar que o XC40, seu SUV compacto, seria vendido a partir dali apenas na versão elétrica. Deu tão certo que agora a empresa sueca coloca nas ruas o C40, uma variação do XC40 com um visual mais exclusivo, um SUV cupê, para os que não curtem um SUV tradicional.
O Volvo C40 não é simplesmente uma versão do XC40, tecnicamente e mercadologicamente. Primeiro modelo a ter portfólio 100% elétrico na marca, é a aposta para ganho de participação entre as premium não só no Brasil, mas em diversos outros países - a apresentação aconteceu no México para diversos países da América Latina, onde ele chega praticamente ao mesmo tempo.
Os irmãos dividem a mesma plataforma, a CMA, e acabam dividindo muito entre eles. Primeiro, o mesmo entre-eixos de 2.702 mm, que abriga as baterias de 78 kWh (75 kWh úteis) divididas em módulos de células que, em caso de defeito, são substituídas individualmente. Os motores elétricos também são os mesmos, com 150 kW (204 cv) cada, ou 408 cv totais, e 67,3 kgfm de torque (660 Nm), mas o C40 usa a mágica da aerodinâmica para ser 0,2 segundo mais rápido que o XC40 no 0 a 100 km/h, com 4,7 segundos, e ter uma autonomia de 440 km pelo WLTP, ante os 418 km do SUV tradicional.
Para esse estilo cupê, o C40 é mais baixo e longo que o XC40. São 56 mm a menos na altura (1.591 mm) e 15 mm a mais no comprimento (4.440 mm), tudo em prol do design. O porta-malas mantém os 413 litros (além dos 31 litros na dianteira, sob o capô), mas se prepare para não colocar objetos tão altos ali quanto você coloca em um SUV com carroceria normal, comum nos cupês.
O XC40 mudou bastante o cenário da Volvo no mundo, sendo o primeiro SUV compacto da empresa e que abriu as portas para alguns clientes que não alcançavam o XC60 e não queriam um hatch, sedã ou station wagon. Primeiro com a plataforma CMA, ainda é uma referência. Mas o C40 parece que teve mais atenção da Volvo, principalmente da turma do design.
Pra começar, a dianteira exibe faróis com um desenho diferente e com uma tecnologia diferente de LEDs - o XC40 já o recebeu na Europa e terá essa reestilização no Brasil no segundo semestre. Parachoque também tem linhas diferentes, assim como as rodas de 20", mas o destaque, obviamente, vai para a traseira. Ou você esperava algo diferente?
Além do caimento do teto, o C40 recebe dois spoilers, um acompanhando o teto e outro já após o vidro da tampa, as lanternas em LEDs exibem uma assinatura em pontos com uma apresentação dinâmica ao destravar o carro. Sai o conservadorismo do XC40, entra um estilo mais chamativo e destacado na multidão não só pelo caimento do teto, mas também pelos detalhes.
Por dentro, apesar de basicamente os mesmos elementos do XC40, o C40 mais uma vez ganha nos detalhes. No painel, um acabamento em relevo inspirado no Parque Nacional de Abisko, na Suécia, e a opção de carpete azul para sair do comum. É bonito e combina com o carro, obviamente dependendo da cor externa. Cuidado com o carnaval! O restante, como sistema multimídia e painel de instrumentos integrado ao Google e sistema de assistência ao motorista, seguem os mesmos do...XC40. Um teto em vidro troca o teto-solar com tecnologia para não esquentar o interior, mesmo sem uma cortina, o interior não usa couro animal e busca soluções com recicláveis.
Não a toa que alguns brasileiros fazem referência ao México e suas estradas em postagens sobre rachas ou velocidades acima do legal. Sim, os mexicanos dirigem como se não existissem limites, se limitando basicamente ao carro que estão dirigindo, ou nem isso. Além, são boas estradas, sendo as que pegamos durante o test drive com bons trechos em curvas.
A Volvo se preocupa com segurança e limita a velocidade máxima do C40 em 180 km/h, mas ele chega muito rápido a esse limite. Os 408 cv empurram o SUV de 2.207 kg como se ele fosse bem mais leve em uma aceleração característica dos carros elétricos: rápida, constante e com força desde o primeiro momento em que se coloca o pé no pedal. Na verdade, chega até a ser um leve exagero para o C40, um SUV com centro de gravidade mais alto e, no papel, nenhuma pretensão esportiva. Tem o One Pedal, mas como o XC40, acaba interferindo tanto no uso que deixei desligado.
Sim, é fácil se entender com essa quantidade de força do C40, se tornando um carro ágil para a cidade e fácil de ser conduzido. Aproveite o torque imediato para o trânsito urbano (algo que o México tem e muito, bem além de São Paulo...) e para as ultrapassagens na estrada, ou aquela saída dos pedágios mais animada. Ele chega a levantar a dianteira, mesmo com pneus mais largos na traseira que na dianteira em rodas de 20”.
Como o XC40, a dinâmica é boa, se aproveitando do peso das baterias no assoalho para criar um centro de gravidade mais baixo. O C40 poderia ter mais peso na direção, como seu irmão, mesmo no modo em que ele coloca mais peso no sistema. O que deu pra perceber na estrada é um ruído menor de vento, justamente pela aerodinâmica melhorada do SUV cupê. Mesmo assim, ele devora as curvas como um carro mais baixo, mas não seria nada exagerado pedir uma versão Polestar, com freios mais eficientes e uma suspensão mais firme e regulável, como do XC60. Quem sabe, Volvo?
Faremos o teste completo com o Volvo C40 em breve. Por enquanto, assim como o XC40, se torna uma das melhores opções de elétricos do nosso mercado, pensando justamente nas preferências desse público disposto a gastar R$ 419.950 em um carro. Mais estiloso que o irmão, cheio de tecnologias, mais de 400 cv e um porte que permite o uso urbano facilmente. Considerando porte e segmento premium, ele segue sem concorrentes externos, a não ser o próprio irmão, ao menos até a Audi oficializar o Q4 e-tron. Prevendo isso, a Volvo irá lançar uma versão mais mansa e mais barata no segundo semestre desse ano e não deverá nos decepcionar, mais uma vez.
Fotos: Fabio Aro e Pedro Dhantas (para a Volvo)
Volvo C40 P8 Recharge
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