Existe apenas uma opção de carro zero quilômetro em nosso mercado abaixo dos R$ 60 mil. O Renault Kwid Zen 2023 custa R$ 59.090 e se tornou a porta de entrada do subcompacto após a Life, antiga versão de entrada, sair de linha com esta reestilização. É justo achar que não é algo barato como já foi, mas ao menos tem um pacote de equipamentos com bons itens de conforto e segurança - um pouco além do "kit dignidade".
Com o lançamento da linha 2023 em janeiro, o Kwid teve seu visual atualizado e recebeu importantes atualizações em todo o conjunto. Com a versão Zen, a mais barata da linha, não foi diferente. Apesar de ter um pacote mais enxuto, o hatch ainda traz um bom nível de itens de série – com alguns sendo até nada pensados em um carro de entrada de 10 anos atrás.
Como já disse, o Kwid Zen 2023 vai além do “kit dignidade”, batismo popular do pacote indispensável nos dias de hoje, formado por ar-condicionado, direção com assistência (elétrica, no caso do Kwid) e vidros elétricos. Diferente de um compacto popular de uma década atrás, hoje esses equipamentos são considerados essenciais e não há mais nenhum carro zero quilômetro de passeio sem esses itens de série.
No caso do Kwid Zen 2023, ele soma bons itens de série, como os controles de estabilidade e tração, sistema start-stop, assistente de partida em rampas e alerta de pressão dos pneus. Bacana que mesmo nessa configuração básica, o Kwid traz computador de bordo completo, que fica disposto no mesmo visor digital central do velocímetro, configurável por um botão no próprio painel. O interessante é que além de exibir dados tradicionais como quilometragem, dados de viagem e consumo médio, o display também alerta sobre o uso do cinto de segurança para todos os ocupantes.
Outro recurso interessante disponível na versão de entrada do Kwid é o alerta de porta aberta, que indica até qual lado ou posição não está fechada corretamente e o alerta de perda de pressão dos pneus, que até nos avisou sobre uma leve perda após passar por um buraco. Esses são exemplos de itens que não eram comuns há pouco tempo nesse tipo de carro compacto, sendo que até alguns concorrentes na faixa acima dos R$ 70 mil ainda nem oferecem alguns desses recursos.
Apesar de ter uma boa lista de itens, seu visual é mais simples como de praxe em uma configuração de base. A grade dianteira é preta sem apliques cromados, as calotas de 14 polegadas não parecem rodas como na Intense, enquanto as maçanetas e os retrovisores não recebem pintura, mas mantém as luzes diurnas em LEDs. Já quem vê o Kwid Zen 2023 de traseira achará que é o antigo, pois as lanternas são do modelo anterior, sem a assinatura em LEDs. A única prova que é o 2023 é o para-choque com refletores nos cantos.
Embora o espaço interno não seja dos melhores, os subcompactos têm grande vantagem no quesito usabilidade, principalmente em grandes cidades. E com seus 3,68 metros de comprimento, o Kwid é mais do que suficiente para o uso diário, sendo bastante prático por caber em quase qualquer vaga. Junto isso a sua boa altura de 18,5 cm em relação ao solo com bons ângulos de ataque e saída e temos um carro ideal para transpor valetas e lombadas sem dor de cabeça.
O espaço interno é o mesmo do antigo, ou seja, vez ou outra você vai acabar encostando o ombro em quem estiver sentado no banco ao lado. O que é aceitável é o espaço no banco traseiro, mesmo quando um motorista de 1,85 m como eu dirige, uma pessoa pequena consegue se acomodar – ainda com algum aperto, mas consegue. No Fiat Mobi isso seria impossível. Porém, o que acaba incomodando mesmo são os bancos. Ainda são bastante firmes, o que acaba cansando no final do dia depois de ter pego mais de 1 hora e meia de trânsito pesado em uma metrópole.
Com boa lista de itens de série nessa versão Zen, se pudesse pedir um equipamento a mais não só para a versão de entrada como para toda a gama Kwid seria o volante ajustável em altura e profundidade. Quem é mais alto acaba tendo que optar por ficar com a perna mais flexionada e os braços mais esticados. Já motoristas com altura na média acabam não “sofrendo” tanto.
Assim como toda a gama, o Kwid Zen traz o motor 1.0 recalibrado pela engenharia da marca, ganhando ainda nova central eletrônica e sensor de fase do comando de válvulas. Com essas alterações o propulsor ganhou um pouco mais de força, rendendo agora 71 cv e 10 kgfm de torque (somando 1 cv e 0,2 kgfm) com etanol ou 68 cv (+ 2cv) e 9,4 kgfm quando abastecido com gasolina. Essas mudanças feitas pela Renault visaram deixar o Kwid dentro das novas exigências de consumo e emissões do Proconve L7, em vigor a partir deste ano.
Embora na prática o ganho de potência e torque não seja algo notável, o Kwid Zen mantém sua agilidade de compacto urbano no dia a dia. As saídas de semáforo são rápidas graças ao torque do motor aparecendo bem em 3.000 rpm e a relação de câmbio curta, que tem engates bem justos, com o subcompacto sendo bastante prático com sua embreagem bastante leve – que foi evoluiu nessa linha 2023. Ao pisar na embreagem aquela sensação exagerada de aspereza do modelo antigo sumiu, provando que a Renault ouviu os clientes.
Ponto positivo também é que as vibrações decorrentes do motor três cilindros aspirado diminuíram consideravelmente. Antes, o volante e o próprio pedal da embreagem tremiam a ponto de incomodar, mas agora tudo está dentro do aceitável para um motor com essa quantidade de cilindros. Lembra do refinamento dado ao motor? A Renault ampliou esse cuidado também para pontos-chave de conforto que eram alvo de reclamações no Kwid antigo.
Com as atualizações, o motor também passou a consumir menos combustível. À exemplo da versão topo de linha Outsider, registramos média de até 11,2 km/litro na cidade com etanol. É um número que vem sobretudo por conta do sistema start/stop, que desliga o motor em paradas de semáforo quando se coloca o carro em “ponto morto”. O motor religa ao menor toque na embreagem seguido pelo engate da 1ª marcha. Já na estrada a média foi de 12 km/litro.
Segundo a Renault, foi adicionado na linha 2023 do Kwid o sistema ESM (Energy Smart Management) de regeneração, que ajuda a reduzir o consumo de combustível. Nas desacelerações, o alternador automaticamente recupera a energia do motor e a envia para a bateria, que aumenta sua carga sem consumo de combustível. Durante a aceleração, a marca explica que o alternador não precisa “roubar” energia do motor para enviar à bateria, já que houve a carga quando o motorista retira o pé do acelerador.
Na cidade o Kwid Zen desenvolve com facilidade devido ao câmbio manual justo de marchas, mas na estrada tem que esticar mais “o giro” para retomar a velocidade padrão da rodovia em saídas de pedágio, por exemplo. É algo padrão de um carro “mil” aspirado, basta se acostumar e não se incomodar com a rotação mais alta do motor. E se você pegar a estrada, a melhor opção é manter a velocidade de 100 km/h mesmo, quando a rotação do 1.0 fica entre 3.000 e 3.500 giros dependendo da angulação da pista, caso queira ficar na faixa dos 120 km/h, você terá que conviver com o motor a 4.000 rpm.
A suspensão do Kwid continua com ajuste equilibrado entre conforto e estabilidade, na medida para um carro compacto, sem sacrificar tanto o conforto. Porém, em velocidades de cruzeiro na rodovia, continua sentindo os ventos laterais na passagem de veículos maiores, o que não é ajudado pelo volante com direção elétrica, que poderia ser um pouco mais firme nessas situações para aumentar a sensação de segurança. Em curvas mais fechadas, a carroceria acaba inclinando razoavelmente, culpa principalmente pelo perfil mais “altinho” do carro e acentuado também pela posição mais alta de dirigir.
Falando da parte de dentro do Kwid Zen, você vai acabar sentindo falta da central multimídia com tela de 8”, que no lugar tem um rádio básico com conexão Bluetooth e entrada USB. Em relação a acabamento, o mesmo plástico rígido das demais versões mais caras, com a diferença que não há detalhes em prata ou black piano nos painéis das portas e nem nas molduras de saídas de ar para quebrar o visual monocromático.
No mais, a lista de itens de série traz direção elétrica, ar-condicionado, 4 airbags, rádio com USB e Bluetooth, travas elétricas, vidros dianteiros elétricos, luzes diurnas em LEDs, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, start-stop, monitor de pressão dos pneus, painel de instrumentos em LEDs e computador de bordo, botão para abertura interna do porta-malas e da tampa do combustível, além de rodas aro 14" com calotas.
É verdade que o preço de R$ 59.090 não é digno do nome “popular”, mas dentro da realidade atual o Kwid Zen tem bom nível de equipamentos mesmo nesta versão de entrada. E se compararmos com os hatches compactos de uma década atrás, o subcompacto da Renault traz uma dose extra de equipamentos que sequer era imaginada anos atrás para um modelo dessa categoria, embora menor. Agora com o título de carro mais barato do Brasil para o Kwid, mas não o menos equipado, a concorrência terá que se mexer para não perder mercado. Alô Fiat Mobi, você vai ter trabalho.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Renault Kwid Zen 2023
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