Teste Peugeot 208 Griffe 2022: mudança de estratégias
Agora com um preço mais competitivo diante dos concorrentes, o hatch tem chances de brilhar no mercado?
Quando o Peugeot 208 foi lançado em 2020, a opinião aqui na redação era unânime: é um bom hatch, mesmo que ficasse devendo usar um motor mais moderno no lugar do 1.6 aspirado. Mas, e sempre há um “mas”, era muito caro, posicionando-se acima dos rivais no segmento como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Volkswagen Polo. Era uma estratégia justificada por trazer uma bela lista de equipamentos, só que não deu muito certo e o hatch vendia pouco.
Esta situação não melhorou muito no começo de 2021, quando o carro ainda emplacava menos de mil unidades/mês. Até que veio a fusão do Grupo PSA (dono de Citroën e Peugeot) com a Fiat-Chrysler e a Stellantis começou a operar. A nova fabricante logo trabalhou para mudar o posicionamento de todas as marcas do grupo e também de seus modelos. Foi assim que o Peugeot 208 começou a ganhar espaço no mercado brasileiro, reduzindo a linha do hatch para ter menos versões, segurando o aumento de preços o máximo que podia e se aproximando dos clientes corporativos.
É fácil ver a diferença de posicionamento de preços. Quando o 208 chegou, a versão Griffe custava R$ 94.990, nada menos que R$ 12 mil mais do que o Chevrolet Onix Premier 2. Hoje, o hatch francês é comercializado por R$ 107.990, enquanto o da GM é vendido por R$ 102.340, uma diferença de "somente" R$ 5.650. Sim, os carros todos estão caros, mas quando pensamos em como se comparam no cenário atual, o 208 realmente está mais competitivo.
Beleza felina
Resolvido o problema do preço, o pequeno Peugeot começa a conquistar os clientes. Seu design é muito bem resolvido e, mesmo um ano depois, ainda atrai os olhares de algumas pessoas pelas ruas, principalmente nesta versão, por contar com a iluminação diurna em LED na vertical, em um estilo que lembra as presas de um leão. Escolha uma cor mais atraente como o azul Quasar e o carro irá se destacar no meio dos cinzas, pratas e brancos.
A cabine também agrada bastante. Suas linha são sóbrias mas sem ficarem sem graça, trazendo um material texturizado no painel e em parte das portas, além da linha em preto brilhante que percorre toda a parte frontal. É minimalista, reduzindo a quantidade de botões para uma pequena fileira abaixo das saídas de ar, imitando teclas de piano. Isto gera um problema, pois o controle do ar-condicionado acabou integrado à central multimídia, algo um pouco irritante em alguns momentos e que é menos intuitivo do que usar botões dedicados.
Aposta em duas telas internas. Uma é de 7” para a multimídia, no estilo “flutuante” que é usado por outros carros da marca. O sistema não é ruim, respondendo bem e com um visual agradável. Porém, está devendo receber uma atualização para contar com Android Auto e Apple CarPlay sem fio – afinal, alguns rivais como o Onix já começam a usar a tecnologia e a própria Fiat fará o mesmo com o Argo.
O segundo display é usado para o painel de instrumentos, com um efeito 3D criado pelo uso duas telas TFT, uma sobre a outra, usando a combinação das imagens para criar uma projeção de aproximadamente 15 mm entre elas. É um efeito interessante e o estilo usado é um dos melhores do segmento.
Leão feroz ou gatinho cansado?
Na maior parte do tempo, o 208 roda com suavidade. Silencioso e macio, não decepciona nem um pouco no conforto e estabilidade da carroceria. Só começa a ficar menos interessante ao olhar para o motor 1.6 aspirado de quatro cilindros. Entregando 118 cv a 5.750 rpm e 15,4 kgfm de torque máxima a 4.000 rpm, o propulsor já mostra a idade, sendo menos eficiente do que seus rivais turbinados. Tanto é que leva 12 segundos para ir de 0 a 100 km/h, enquanto o Onix, com um 1.0 turbo de injeção indireta, precisa de 10,9 s.
O consumo também não é o ideal. Fizemos 7,5 km/litro na cidade e 11,7 km/litro na estrada, também abaixo da média do segmento. E este motor já foi preparado para atender o Proconve L7, então este é o rendimento não terá alterações. A boa notícia é que muitos rumores falam que a Stellantis já deve trocar o motor do 208 ainda este ano, passando a utilizar os motores da família Firefly da Fiat, tanto aspirado quanto turbo.
Um ponto que pode ser um problema é o espaço interno. Pessoas mais altas terão dificuldades não só nos bancos traseiros, como também para dirigir. Como a posição ideal é com o volante baixo para que o painel de instrumentos fique acima dele, isto pode atrapalhar o acesso para quem for mais alto e, em alguns casos, ver o volante chegar perto das pernas. Se não for o seu caso e você tiver até 1,80 m, pode gostar bastante da posição de dirigir do 208, com o volante pequeno e de boa pegada.
Compro ou espero o turbo?
Neste momento, o Peugeot 208 Griffe é uma boa escolha entre as versões topo de linha dos hatches. Seu preço de R$ 107.990 está na faixa da maioria dos carros deste segmento, o que não acontecia quando foi lançado. E, com a política agressiva de vendas da Stellantis, é bem capaz que encontre o compacto com algumas condições especiais, talvez até um desconto.
Pode ser tentador esperar mais um pouco para poder comprar o hatch francês com um dos motores da Fiat, resolvendo uma das grandes fraquezas do modelo. Mas temos que lembrar que as fabricantes estão elevando os preços quase que mensalmente, então o 208 deve ficar bem mais caro quando trocar de motores, assim deixando de ser um bom negócio. Caso esteja de olho no Peugeot, é uma escolha que terá que fazer.
Peugeot 208 1.6 AT6
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