No início da pandemia, quando mal podíamos sair de casa, as ruas ficaram desertas e o transporte público, apesar de reduzido, circulava praticamente vazio. Os meses foram passando e muitas pessoas precisaram retornar à rotina de trabalho ou estudos mesmo que a situação ainda não esteja resolvida.
Nesse cenário, vale o risco de contaminação dentro do sempre abarrotado transporte público? Os números de produção de motocicletas em 2021 estão mostrando que os brasileiros estão buscando alternativas para se locomover e uma delas é a moto. Até outubro deste ano, já foram fabricadas mais motos no Brasil que em igual período de 2019, antes da pandemia.
Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, que reúne as montadoras brasileiras, afirmou que "a alta nos preços dos combustíveis tem levado muitas pessoas a adquirir uma motocicleta por ser uma opção mais barata e econômica. Além disso, é uma alternativa de deslocamento seguro para evitar a aglomeração do transporte público".
Se você está nessa dúvida entre se arriscar em ônibus e metrô ou partir para uma moto, nós pegamos uma Honda Biz 125, a segunda moto mais vendida do Brasil e uma das mais simples de guiar, como exemplo de quanto essa mudança pode te custar - ou economizar - ao longo do tempo.
Segundo a Honda, mais de 45% de todas as vendas da marca no Brasil acontecem por meio do Consórcio Nacional Honda, com o restante dividido entre as demais modalidades, como pagamento à vista ou financiamento, por exemplo. Por conta disso, a parcela do consórcio será a base para os cálculos a seguir, mas lembre-se que você precisa esperar ser contemplado para retirar a moto.
Pelo próprio site da marca, há um plano de consórcio em 80 meses, onde a Biz 125 sai por R$ 222,65 ao mês. No entanto, há opções ainda mais baratas, como a Biz 110, por R$ 179,37 mensais, e a Pop 110i, por R$ 143,93 ao mês. Considerando meu trajeto de ida e volta da minha casa à redação do Motor1.com, são 22,5 km diários usando motocicleta. Cada perna leva cerca de 20 minutos, ou 40 minutos por dia independente do trânsito.
Na comparação com ônibus, tenho o privilégio em morar num bairro bem servido de opções de transporte público e com pontos de parada bem próximos. Além disso, conseguiria ir até à redação com apenas uma condução, sem necessidade de uma segunda ou de baldeação com metrô e trem. Assim, seriam R$ 8,80 diários e 1h12 de deslocamento se o trânsito colaborar. Considerando uma média de 22 dias úteis por mês, ao final do período gastaria R$ 193,60 por mês usando apenas transporte público. Caso utilizasse ônibus e metrô ou trem, seriam R$ 15,30 por dia, ou R$ 336,60 após um mês útil.
Voltando à Biz 125, já temos os R$ 222,65 ao mês do consórcio. Durante a avaliação, consegui atingir um consumo de 63,5 km/l em uso urbano pesado com gasolina. Por dia, gastaria 360 ml, ou o equivalente a R$ 2,52 considerando o litro do combustível a R$ 7,00. Após 22 dias úteis, o gasto com combustível seria de somente R$ 55,44.
Somando a parcela e a gasolina, por mês gastaria R$ 278,09 para ir e voltar de moto, ou R$ 84,49 a mais do que usar somente o transporte público. Em um cenário de integração ônibus+metrô, a moto sairia R$ 58,51 mais em conta. No meu caso específico, não valeria ter a moto pensando apenas na economia financeira, mas quanto maior o trajeto e mais baldeações necessárias, menos o transporte público fará sentido. Porém, os custos não ficam só na parcela e na gasolina.
Para quem nunca adquiriu um veículo 0km, pode tomar um susto com a burocracia e o custo para o primeiro registro de uma moto nova. No caso da Biz 125, precisa-se levar em conta o IPVA, que cobra 2% do valor da moto apurado pela Tabela Fipe. Neste caso, o preço de tabela da moto 0km é de R$ 14.027, enquanto o IPVA cheio ficaria R$ 280,54 no estado de São Paulo.
Além disso, a taxa de licenciamento por aqui é de R$ 131,80 no primeiro emplacamento. Falando em placa, os custos variam de acordo com a empresa terceirizada que você procurar para efetuar o serviço, mas pode separar cerca de R$ 120 para completar essa etapa. Por último, o estado de São Paulo cobra mais R$ 355,80 como taxa para o primeiro registro da moto. No final, tenha certeza de que gastará ao menos R$ 900,44 para documentar a Biz antes mesmo de sair na rua.
Ao se comprar a moto, seu custo não será apenas com combustível. Se você optar por fazer seguro, é preciso acrescentá-lo em sua conta. E esse valor pode variar muito conforme o seu perfil e o local de residência. Com motos pequenas, porém, é mais comum rodar sem seguro particular mesmo.
Outro gasto que precisa ser considerado é o das revisões periódicas. para a Biz 125, a primeira ocorre após 6 meses ou 1.000 km, o que ocorrer primeiro, e custa R$ 100. Já a segunda é programada para 12 meses ou 6.000km, saindo por R$ 124. Vale ressaltar que, nas duas primeiras, a Honda não cobra a mão de obra da oficina. Após, o valor sobe consideravelmente.
E aqui não estamos nem contando o gasto com equipamentos de segurança. O capacete, único realmente obrigatório por lei, não sai por menos de R$ 70 para os homologados pelo InMetro. Um capa de chuva também seria recomendável e custa minimamente R$ 60.
Considere também que se você ainda não tem a CNH A, habilitação para motocicletas, vai precisar dela para dirigir. Se é a primeira habilitação, lembre-se que você perderá um tempo com aulas teóricas, práticas e prova. Se você já tem carta B, para carros, bastam 20 aulas práticas e a prova. Os valores variam conforme a autoescola que você escolher, mais um gasto para considerar caso você já não tenha a carta para motos.
Aí, o lado financeiro da conta volta a pesar em favor do transporte público. Mas foquemos no tempo de deslocamento. De moto economizaria 32 minutos por dia na comparação com o ônibus. Ao final do mês, são mais de 23 horas que não foram perdidas dentro do ônibus. Isso sem contar a comodidade de não ter que me deslocar até o ponto de parada, aguardar a chegada do ônibus e torcer para conseguir entrar. Aí você precisa colocar na conta também o quanto você valoriza seu tempo e o seu conforto.
No final de setembro, a Honda revelou a linha 2022 Biz e nós andamos em uma das novidades: a pintura bicolor mesclando branco e azul. Esse tipo de pintura é exclusivo da 125, que ainda acrescenta à Biz 110 de entrada rodas de liga leve, freio a disco dianteiro e painel de instrumentos digital. Entre outros itens dignos de nota estão a partida elétrica, freios de acionamento combinado, cavalete central e tomada 12V no porta-capacetes sob o banco. A Honda Biz está na mesma geração desde a apresentação da linha 2018.
A motoneta não é o veículo de duas rodas mais vendidos do Brasil, perde para a Honda CG 160, mas está quase lá, sempre disputando a vice-liderança com a Honda Bros 160. Uma Biz 125 2022 está saindo por R$ 11.590 no site da marca, mas as despesas de frete ainda precisam ser adicionadas à compra. Por conta disso que seu valor de tabela, que considera os preços praticados, beira os R$ 14.000.
Apesar de mais barata que a CG, não é somente o preço que comanda o sucesso da Biz nas ruas do Brasil, principalmente fora dos grandes centros. Ela não é nem tão forte quanto a CG nem tão capaz quanto a Bros. O que ela realmente tem de diferencial é algo que pode ser muito útil para quem está começando no mundo das motocicletas: facilidade de condução.
Seu assento é relativamente baixo, com 753 mm de altura em relação ao solo e a moto é leve, com 100 kg de peso a seco. Além disso, o chassi se curva para baixo a partir da dianteira, tornando mais fácil subir e descer da moto sem necessariamente ter que montar nela. Outros elementos também ajudam no dia-a-dia, como o porta-trecos sob o banco grande o suficiente para um capacete, capa de chuva ou pequenas compras.
Lá também há uma tomada 12V que você pode usar para carregar o celular caso tenha saído correndo pra faculdade e esqueceu de dar uma carga no aparelho, por exemplo. Por último, um pequeno gancho no escudo frontal permite levar sacolas ou bolsas pequenas. A Honda Biz é pratica e tem uma boa capacidade de carga sem a necessidade de instalar um bauleto ou levar uma mochila nas costas o tempo inteiro.
Outro trunfo é a facilidade para conduzir. Um dos maiores desafios para pilotos iniciantes é aprender a usar a embreagem e isso a Biz não tem. Na verdade tem, mas é automática e você não se preocupa com ela, apenas em trocar as 4 marchas do câmbio. Uma scooter totalmente automática é ainda mais fácil de conduzir, mas como nosso teste com a Yamaha NMax mostrou ao cravar 35,7 km/l de consumo, gastam mais combustível.
Outra vantagem da Biz sobre as scooters é a manutenção mais simples. Como as scooters utilizam câmbio automático CVT, suas polias de transmissão final pedem mais atenção com as manutenções periódicas. Na Honda Biz, além de trocar marchas sem usar embreagem, sua única preocupação mesmo ao longo do primeiro ano deverá ser manter a corrente esticada e lubrificada. A Honda Biz também tem rodas maiores, o que a permitem ser mais resistente em ruas esburacadas.
Um último truque do câmbio da Biz é o acionamento rotativo. Todas as marchas da moto são engatadas para baixo. Do neutro para a primeira, primeira para segunda e assim por diante, você usa a alavanca dianteira. Para reduzir, aciona-se a de trás. Mas você também pode passar da quarta marcha direto para o neutro novamente, basta dar um toque extra na alavanca da frente com a moto parada. Isso é especialmente útil ao se vir por uma avenida com a quarta engatada e encarar um farol fechado, pois você não precisa reduzir rodas as marchas.
A posição de condução da Biz é bem natural e o banco é largo confortável. Leve, torna as manobras do dia-a-dia no trânsito muito simples. O contraponto é que 110 km/h é basicamente a velocidade terminal da moto. Se o seu trajeto inclui estradas de alta velocidade, recomendo ver modelos maiores. O lar da Honda Biz é na cidade ou deslocamentos pequenos.
Tendo andando tanto na Biz 110i quanto da na 125 flex, escolheria para mim a 110i (tabelada em R$ 9.260). A diferença de performance não é tão grande e o uso de etanol não está valendo a pena com os preços atuais. A primeira, rodando somente com gasolina, entrega 8,33 cv de potência e 0,89 kgfm de torque. A segunda chega respectivamente a 9,2 cv e 1,04 kgfm com etanol ou gasolina. Ambas trazem o mesmo câmbio de quatro marchas com embreagem automática.
Com o intuito de usar a moto em trajetos curtos a baixas velocidades, os freios a tambor já me atendem. Porém, é inegável a vantagem da Biz 125 não só na lista de equipamentos mais recheada como também na maior quantidade de pinturas diferenciadas, que incluem ainda a cor do assento e dos acabamentos do escudo.
MOTOR |
monocilíndrico, flex, 124,9 cm³, arrefecimento a ar |
POTÊNCIA/TORQUE |
9,2 cv @ 7.500 rpm; 1,04 kgfm @ 3.500 rpm |
TRANSMISSÃO |
mecânica, 4 marchas, embreagem automática |
SUSPENSÃO |
Garfo telescópico, 100 mm de curso; duplo amortecedor, regulagem de pré-carga, 85 mm de curso |
CHASSI |
Underbone |
RODAS |
Raiadas, 17" na dianteira e 14” traseira |
FREIOS |
Disco, 220 mm de diâmetro; Tambor, 110 mm de diâmetro |
PESO |
100 kg a seco |
DIMENSÕES |
altura do assento: 753 mm; comprimento: 1,89 m; entre-eixos: 1,26 m; altura: 1,08 m; largura: 0,71 m |
TANQUE |
5,1 litros |
PREÇO |
R$ 11.590 (sem frete) |
Agora para o "frigir dos ovos". Se você colocar na ponta do lápis todos os custos de aquisição e manutenção da moto, da habilitação, dos equipamentos de segurança, o risco inerente de queda ao se andar de moto e o fato de estar exposto aos elementos o tempo inteiro, pode ser que escolher uma motocicleta ao invés de uma motocicleta não valha a pena.
Porém, a grande vantagem da moto, mesmo que você compre uma usada, é a economia de tempo e a maior comodidade nos deslocamentos. Você vai deixar de dividir o ar no transporte público, não vai gastar horrores como em um carro e, ao contrário de ambos, você não vai parar no trânsito. Se isso é algo que você valoriza, a moto é a saída. E para quem está começando agora no mundo das duas rodas, é difícil bater a facilidade e o custo-benefício de uma Honda Biz 125.
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