Se a Jeep é o que é no mercado brasileiro, tem que agradecer o Renegade. O primeiro modelo da marca produzido em Goiana (PE) se tornou logo um desejo no mercado e, mesmo após 6 anos, ainda tem uma força de loja incrível - na verdade, loja e vendas diretas. Mas ele tem seus defeitos, principalmente quando olhamos a parte mecânica diante dos novos concorrentes.
O Jeep Renegade se despedirá do motor 1.8 aspirado logo no começo de 2022. Então vamos mostrar um "último teste" com o SUV e seu motor aspirado e o visual atual. Para isso, escolhemos a versão Longitude, a mais vendida do Renegade. Mas vale uma observação: este carro das fotos está com o pacote 80 Anos, uma edição especial que já deixou de ser oferecida, mas vamos basear o texto no Longitude sem ele.
Desde que estreou em nosso mercado, o Renegade chamou a atenção por seu design bastante autoral, com destaque para a carroceria com formato quadrado, faróis redondos, lanternas em “X” e a grade dianteira com sete barras verticais. De 2015 para cá a receita evoluiu com o facelift recebido em 2018, que corrigiu alguns detalhes como o ângulo de entrada do para-choque das versões flex, já que o anterior raspava com facilidade em valetas - algo inconcebível para um dito SUV. Sua nova reestilização não mudará este perfil do Renegade.
O Renegade é um dos "culpados" pelo nível de exigência que o mercado tem com o acabamento dos SUVs compactos. Mesmo como modelo de entrada da Jeep, ele tem pouco plástico rígido, deixando o painel com material suave ao toque, assim como a parte superior das portas. A boa montagem é outro destaque, assim como a ergonomia, mesmo se tratando de um carro já com alguns anos nas costas. Passaram-se seis anos de seu lançamento no Brasil e até hoje o Renegade é um dos melhores neste quesito, seguido de perto pelo Honda HR-V - um de seus principais rivais e que vai mudar também.
O Renegade é uma das referências entre os SUVs compactos quando o assunto é conforto. Prova disso é que ele transpõe valetas e buracos sem sacrificar as costas dos ocupantes, isso graças a calibração da suspensão que privilegia o conforto e ainda filtra bastante os impactos, sendo difícil até de ocorrer aquelas incômodas batidas secas. Detalhe que o SUV ainda consegue ser bom de curva, isso mérito da suspensão independente nas quatro rodas. A posição de dirigir e os bancos também merecem elogios e não cansam o motorista.
Eis aqui um dos principais pontos que mais incomodam no Renegade com motor flex, seja qual for a versão escolhida. O 1.8 flex rende 139 cv e 19,2 kgfm de torque. Podem parecer bons números, mas o motor aspirado responde mesmo em médias a altas rotações. Na era dos propulsores turbo e com torque em baixa rotação, ele não tem as mesmas respostas, ainda mais com 1.480 kg.
Se você pisar mais forte no acelerador com o modo Sport ativado vai ter um pouco mais de agilidade, mas assim você vai ouvir o esforço do motor invadindo a cabine - e ver no computador de bordo o consumo despencar instantaneamente. Embora a média registrada se manteve em 6,8 km/litro no uso urbano, em alguns trechos na cidade com trânsito mais pesado a média caiu para 5,8 km/litro, com etanol. Nada bom para uma época em que o combustível está bem caro.
Desde que estreou em terras tupiniquins há 6 anos, o Jeep Renegade tem como uma das principais críticas (além do motor flex) o porta-malas pequeno. Na época ele contava somente com 273 litros de capacidade para levar bagagens, algo comparado ao de hatches compactos como o Volkswagen Gol. Mas na leve reestilização em 2018 (como linha 2019) ele melhorou um pouco nesse aspecto e ganhou 47 litros com a adoção do estepe temporário.
Agora são 320 litros de capacidade no porta-malas, mas ainda assim não é nenhuma referência e continua sendo um dos menores do segmento, perdendo até para o VW T-Cross com seus 373 litros. Ou seja, quem costuma viajar com o carro ocupado com todos os ocupantes possíveis e carregado, vai ter que incluir um bagageiro extra de teto para levar tudo o que precisa.
Com preço tabelado em R$ 129.990, o Renegade Longitude tem de série apenas os 2 airbags frontais obrigatórios por lei, algo questionável para um SUV compacto oferecido nesta faixa de preço. Rivais como Nissan Kicks e Volkswagen T-Cross trazem airbags laterais e de cortina até em versões mais baratas, só para citar dois exemplos do segmento. Se você quiser um Renegade com mais itens de segurança, terá que optar pelo Pack Safety (R$ 3.620) que soma airbags laterais, de cortina e de joelhos para o motorista.
O Renegade atual vai ser atualizado em breve. Unidades camufladas rodam por aí e já foram até flagradas em testes pelas ruas, adiantando uma nova reestilização de meia-vida para o SUV compacto antes de uma nova geração. Estão previstos faróis com novo arranjo interno, para-choques e grade redesenhadas e cabine revista. A cereja do bolo vai ser a chegada do mais que aguardado motor 1.3 turboflex de até 185 cv e 27,5 kgfm de torque, que finalmente colocará o SUV em paridade com os principais rivais – aposentando de vez o criticado e antigo 1.8 E.torQ aspirado. Ou seja, você pode esperar a virada ou negociar o atual.
Jeep Renegade 1.8 AT6
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