O sonho da primeira moto 0km pode estar mais longe dos brasileiros, principalmente após a pandemia. Os preços dispararam e há poucas motos nas lojas. A demanda está tão aquecida que até os valores dos modelos usados já subiram. Mas, procurando bem, ainda existem modelos que podem realmente ser chamados de “acessíveis”.
Um dos segredos para a ampla liderança da Honda do Brasil é oferecer motos novas que ainda possuem valores atrativos. Existem 5 motos 0km no Brasil abaixo de R$ 10 mil e a marca vende três delas. Um é o scooter Elite 125, o mais barato do Brasil em sua categoria. Mas ainda há duas opções consagradas: Pop 110i e Biz 110i.
Claro que são modelos bem básicos e de uso estritamente urbano, mas os valores podem compensar para quem quer apenas sair do transporte público, ou ter um veículo mais ágil e econômico para o dia a dia. A dupla compartilha o motor e alguns componentes, mas não poderiam ser mais diferentes.
Honda Pop 110i: R$ 7.330 (base DF, sem frete)
Honda Biz 110i: R$ 8.900 (base DF, sem frete)
Começando pela moto mais básica, literalmente. A Honda Pop 110i traz painel com velocímetro analógico, apenas hodômetro total, luzes espia básicas (sendo uma para reserva de combustível), partida a pedal, rodas raiadas e freios a tambor em ambas com acionamento combinado. Apesar de lembrar o formato da Biz, não tem porta-trecos sob o assento.
Já Honda Biz 110i tem os mesmos equipamentos com a adição de marcador de combustível, freio a tambor dianteiro de maior diâmetro, partida elétrica, cavalete central, porta-trecos sob o assento com tomada 12V e capacidade para 10 kg, além de embreagem automática.
As Honda Biz e Pop 110i compartilham o mesmo propulsor. O motor monocilíndrico tem 109,1 cm³, comando simples no cabeçote, 2 válvulas, arrefecimento a ar, injeção eletrônica e é capaz de rodar apenas com gasolina. Por conta das diferenças de chassi entre as duas e, por consequência, da posição de instalação das caixas de entrada de ar, a Pop entrega 7,9 cv de potência a 7.250 rpm e 0,90 kgfm de torque a 5.000 rpm.
Na Biz, o mesmo motor gera 8,33 cv a 7.250 rpm e 0,89 kgfm a 5.500 rpm. Ambas possuem um câmbio mecânico de 4 velocidades com transmissão final feita por corrente. A Pop usa uma embreagem convencional acionada pelo piloto por meio de uma alavanca, enquanto a Biz usa uma embreagem automática do tipo centrífuga.
Começando pelas similaridades, Pop 110i e Biz 110i trazem chassi do tipo monobloco, com a coluna central sendo um pouco mais alta na primeira. Ambas possuem rodas raiadas de 17 polegadas na dianteira e de 14 polegadas na traseira. As medidas de pneu são as mesmas: 60/100 R17 à frente e 80/100 R14 atrás. O tambor de freio traseiro tem os mesmos 110 mm de diâmetro nas duas. O garfo telescópico da suspensão dianteira também tem os mesmos 100 mm de curso.
A Biz começa a se diferenciar por trazer um tambor dianteiro de 130 mm, 20 mm que na Pop. A dupla utiliza duplo amortecedor na traseira, com 83 mm de curso na Pop e 85 mm na Biz. Mais simples, a Pop 110i pesa menos: 87 kg a seco. A Biz pesa 10 kg a mais. O tanque da primeira comporta 4,2 litros, enquanto a segunda acomoda 5,1 litros.
Tive a oportunidade de testar Pop 110i e Biz 110i na sequência e, graças a isso, ficam claras as diferenças entre a dupla de entrada da Honda. Não só no preço, mas também na proposta. A Pop impressiona pela simplicidade. São apenas duas carenagens laterais sem adesivos, com o nome gravado na própria peça. O guidão é fixado diretamente no canote que vai à caixa de direção, sem uma mesa propriamente dita.
O meu lado mais pragmático adorou. Nada na Pop aparenta ser caro, muito menos difícil de arrumar. Mesmo em caso de queda, há pouco para trocar. Sinceramente, não consigo ver mais do que trocas de óleo e pneu na manutenção dela por uns bons três anos. Claro que há sacrifício. A Pop te entrega mobilidade básica, te leva pra cá e pra lá e só. Mas o faz com competência. Sabendo respeitar seus limites, o que significa não passar de 80 ou 90 km/h para manter um mínimo de segurança, ela vai bem.
Mesmo após 200 km de testes nas mais variadas condições, a Pop se mostrou honesta. Andando nas cidades, a suspensão não é refinada, mas dá menos pancadas que o scooter PCX, da própria Honda. Ela é extremamente leve e faz das manobras em baixa velocidade algo muito simples, mesmo para quem está nos primeiros dias de habilitação. O melhor de tudo: nem chegou a acender a luz de reserva. O câmbio de 4 velocidades exige um pouco de costume, pois as marchas são engatadas todas para baixo, não com a primeira para baixo e o resto para cima.
Após uma semana, deixei a Pop na Honda e montei direto na Biz. O acabamento é bem melhor, no sentido de que há mais peças, mais “moto” literalmente. Em termos de desempenho, a Biz é muito similar à Pop. Mas só de não ter que usar a embreagem, já se cria uma camada de comodidade, apesar de também exigir costume para quem está habituado a motos com embreagem. Ambas são mais rápidas na arrancada de farol que a maioria dos carros, mas 100 ou 110 km/h de painel é a velocidade terminal da dupla, limitando o uso nas estradas. Em ambas, a vibração do propulsor é mínima. Mais leve, a Pop 110i me transmitiu mais segurança nas frenagens.
A suspensão da Biz é mais confortável e ela demora um pouco mais para “acalmar” o chassi em ondulações, mas para as buraqueiras das regiões onde ela é a moto mais vendida é o ideal para não cansar quem está guiando. Ela não tem a mesma facilidade da Pop nos corredores por conta da embreagem automática, mas em baixas velocidades, manobra tão bem quanto.
Só que a Biz vai conquistar pelos (poucos) mimos extras. O design do painel é um pouco mais inspirado, já tem marcador de combustível e um bom espaço para fazer pequenas compras embaixo do banco. O espaço, inclusive, já tem uma tomada 12V para carregar um celular durante o trajeto, por exemplo.
Sendo bem sincero, com o meu dinheiro, eu iria na Biz. Também é muito simples de manutenção, mas vale o investimento extra por tornar o uso no dia a dia mais prático e confortável. Objetivamente, é a melhor moto do comparativo. Só que isso não tira nenhum mérito da Pop 110i, pois o papel dela - até socialmente falando - é muito mais importante.
Quem está levando a Pop para casa, conta os centavos para fechar a compra e está comparando a moto com transporte público ou ciclomotores de origem chinesa duvidosa. Ou seja, a Biz é melhor, mas se você só pode ter a Pop, vai levar uma moto competente e honesta para casa.
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