Em 2020, o agronegócio foi responsável por 24,3% do PIB brasileiro, com quase R$ 2 trilhões! E quando analisamos as vendas dos SUVs grandes, boa parte está em regiões importantes para o agro e por isso entendemos o que aconteceu com os modelos representantes deste segmento, como Toyota SW4 e Chevrolet Trailblazer.
Eles evoluíram em diversos pontos, como tecnologias de segurança e em conforto, sendo tratados como modelos de luxo. Os preços também acompanharam isso, os deixando acima dos R$ 300 mil, o que chega a colocá-los em uma pseudo-concorrência com SUVs das marcas premium nesta faixa de valor. Mas eles vão além disso e agora se enfrentam em suas versões topo de linha com motor turbodiesel, Chevrolet Trailblazer Premier e Toyota SW4 SRX.
Toyota SW4 e Chevrolet Trailblazer são categorizados como SUVs grandes. Com quase 5 metros de comprimento e 2 toneladas, são verdadeiros brutamontes nas ruas. Em comum, todo esse porte permite levar até 7 ocupantes em 3 fileiras de bancos e bastante bagagem - porém não ao mesmo tempo.
Em medidas, o Trailblazer Premier é maior que o SW4 SRX em comprimento (4,89 m vs. 4,80 m) e entre-eixos (2,85 m vs. 2,75 m), porém isso não reflete muito no espaço interno quando os comparamos. Na dianteira, o SUV de São José dos Campos (SP) tem as mesmas características (e falhas) da picape S10, com bancos rasos e curtos, que deixam de ser confortáveis em viagens mais longas, além da ausência da coluna de direção com regulagem de profundidade prejudicar achar a melhor posição para dirigir.
O SW4 é mais receptivo. Os bancos são mais envolventes, confortáveis e com melhor acabamento, assim como a coluna de direção tem ajustes de altura e profundidade e deixam a condução do SUV da Toyota bem mais confortável no dia a dia. Quando partimos para a segunda fileira, o Toyota tem a vantagem dos trilhos para correr o banco e acertar o espaço conforme o uso.
O espaço, apesar da diferença de 10 cm no entre-eixos, é bem parecido nos dois. Ambos ainda regulam a inclinação do encosto, mas mais uma vez o Toyota tem bancos mais confortáveis. O Trailblazer devolve com um piso plano, melhor para um terceiro ocupante. No teto, saídas de ar-condicionado para as 2 fileiras, sendo que o Chevrolet permite regulagem da intensidade em um botão giratório, enquanto seu oponente tem comandos digitais com função automática. Dele, também uma tomada 110V disponível.
A terceira fileira tem o esperado. O espaço é para pessoas menores e em percursos mais rápidos, mas o SW4 é mais confortável justamente pelos trilhos na segunda fileira permitirem "abrir" mais espaço para a turma do fundão. Nos dois, as pernas vão flexionadas, apesar de menos no Chevrolet. Abertos, os bancos auxiliares deixam os porta-malas bem menores, com 180 litros no Toyota e 205 litros no Chevrolet.
Na hora de guardá-los, a diferença traz a vantagem para o Trailblazer. Mesmo deixando o piso do porta-malas mais alto, os guarda no assoalho e tem 554 litros de capacidade ante os 500 do SW4, que precisa abrigar os bancos nas laterais do porta-malas, literalmente pendurados, e que causam barulho. A solução? Se não usar o porta-malas em sua totalidade, os deixe deitados, mas com os encostos abaixados.
Mesmo com as soluções melhores para a terceira fileira e o porta-malas um pouco maior, o Trailblazer não bate o conforto e melhor usabilidade do SW4, que leva este quesito com uma vitória apertada.
Vantagem: Toyota SW4
Toyota SW4 SRX e Chevrolet Trailblazer Premier ultrapassam os R$ 300 mil, sendo que o japonês faz isso com mais vontade. Com o passar dos anos, evoluíram principalmente em tecnologias para atender justamente um público que busca um carro que, apesar do uso bastante fora-de-estrada e no trabalho, se importa com conforto, segurança e luxo para o lazer.
O SW4 tem um design interno diferente até mesmo da picape Hilux. Boa parte ainda é plástico rígido, mas tem partes em preto brilhante, imitação de madeira e até mesmo tecido nas laterais da parte central do painel e na tampa do porta-luvas superior. Visualmente, impressiona mais que o Chevrolet até nos acabamentos das portas. O painel de instrumentos tem uma tela colorida de boa resolução e instrumentos com fundo azul - só poderiam dispensar de vez o reloginho digital no centro do painel...
O Trailblazer é...a S10. Tem mais plástico rígido que o Toyota, acabamento mais simples nas portas e menos materiais para quebrar isso, deixando uma impressão de simplicidade em excesso comparado com seu concorrente. O preto brilhante aparece em alguns pontos e o couro passa pelo painel usando o tom marrom dos bancos como item "da moda". O volante é bem mais simples mesmo na costura do revestimento e o painel de instrumentos tem uma tela mais simples, porém mais completa.
Na lista de itens de conforto, o SW4 leva uma vantagem considerável. Em comum, ambos possuem ar-condicionado automático com comandos para as fileiras traseiras, bancos em couro, banco do motorista com regulagem elétrica (no SW4, também para o passageiro, além da ventilação), retrovisores com rebatimento elétrico, rodas de 18", faróis com acendimento automático, sensor de chuva, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré e lanternas em LEDs.
O Toyota oferece a mais a iluminação full-LED de faróis e faróis de neblina, chave presencial com partida por botão, sistema de som assinado pela JBL e tampa do porta-malas elétrica, isso quando falamos de conforto. O Trailblazer tenta dar o troco com a partida remota do motor, mas não é o suficiente para levar o quesito.
Vantagem: Toyota SW4
Pontos importantes em diversos segmentos, a conectividade e segurança chega aos modelos que um dia foram apenas para o campo. Como já dito antes, Chevrolet Trailblazer e Toyota SW4 entram em um patamar de carros de luxo e tentam entregar o máximo aos seus compradores.
Em segurança, o Toyota SW4 trouxe na reestilização o Toyota Safety Sense, um pacote com alerta de colisão com frenagem automática e detector de pedestres, piloto automático adaptativo e alerta de mudança de faixa (com a capacidade de correção), assim como os controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas e assistente de descida. São 7 airbags (frontais, laterais e de cortina e de joelhos para o motorista). O Trailblazer tem 6 airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, assistente de descida e alerta de colisão com frenagem automática.
Na conectividade, o Trailblazer tem uma vantagem. O multimídia com tela de 8" tem espelhamento de smartphones sem fio (Apple CarPlay e Android Auto) e sistema 4G a bordo e o OnStar, serviço de rastreamento e Concierge da marca. O SW4 também tem tela de 8", mas com resolução mais simples e menos funcionalidades. Ambas possuem GPS nativo.
Vantagem: empate
O Toyota SW4 recebeu a tão esperada mudança no motor 2.8. Trocou o turbo e a programação eletrônica e agora tem 204 cv e 50,9 kgfm de torque. Isso o deixou mais potente e praticamente com o mesmo torque do Trailblazer e seu 2.8, que também trocou o turbo em busca de uma melhor resposta em baixas rotações.
A diferença aparece logo nos primeiros momentos de uso. O SW4 aproveita seu torque desde as rotações mais baixas e trabalha o câmbio para isso - é o único com modos de condução Eco e Sport. Comparado com o anterior, melhorou e muito a condução e responde consideravelmente melhor, principalmente em uso rodoviário, ganhando velocidade com mais facilidade e fazendo ultrapassagens com maior segurança. Tem aletas para trocas de marchas no volante, mas não será preciso usar...
O Chevrolet trabalha em rotações mais altas, selecionando sempre marchas mais baixas. E isso vemos no consumo dos SUVs, com 10,2 km/l no Toyota e 8,5 km/l no Trailblazer - na estrada, a diferença é menor, com 11,5 km/l e 11,1 km/l, respectivamente. Na pista de testes, eles ficaram praticamente empatados nas acelerações e retomadas.
Aos que usarão o SUV na cidade, o Trailblazer é mais confortável. A suspensão tem um acerto mais macio e a direção elétrica deixa o SUV mais fácil para ser utilizado em manobras e no dia a dia. O SW4 tem a direção hidráulica, mais pesada, porém mais comunicativa, e a suspensão mais firme, mas sem ser desconfortável. Na terra, o Chevrolet fica devendo o bloqueio do diferencial traseiro e o Toyota tem maior altura livre do solo e ângulo de saída por ser mais curto.
A escolha entre eles neste quesito é particular. Ambos tem pontos positivos e negativos na mesma proporção. O novo motor do Toyota SW4 melhorou muito sua condução e, se antes ele ficava atrás do Trailblazer, agora andam na mesma tocada.
Vantagem: empate
Na hora da compra, sem olhar lista de equipamentos, o Chevrolet Trailblazer Premier economiza R$ 46.630 na comparação com o SW4 SRX, que é mais equipado. A garantia é de 3 anos no Chevrolet e 5 anos no Toyota, empatando o jogo. Mas na hora das revisões, o papo é outro.
MODELO | Chevrolet Trailblazer 2.8 | Toyota SW4 2.7 |
1 ano/10.000 km | R$ 708,00 | R$ 827,01 |
2 anos/20.000 km | R$ 1.376,00 | R$ 1.404,00 |
3 anos/30.000 km | R$ 1.572,00 | R$ 1.458,00 |
4 anos/40.000 km | R$ 1.376,00 | R$ 2.229,00 |
5 anos/50.000 km | R$ 1.076,00 | R$ 1.107,00 |
TOTAL | R$ 6.108,00 | R$ 7.025,01 |
As manutenções programadas do Chevrolet são mais baratas, economizando quase R$ 1.000 em 5 anos ou 50.000 km. Aos que olham apenas para os custos, o Trailblazer leva a vantagem.
Vantagem: Chevrolet Trailblazer
Uma briga apertada. Os SUVs para o campo são concorrentes há tantos anos que estão mais do que nunca alinhados em diversos pontos. O Chevrolet é mais barato na compra e na manutenção, mas o Toyota é mais equipado e seguro, além de um visual mais moderno e acabamento melhor. Empataram em vários quesitos, mas o melhor conjunto é o do SW4.
Fotos: Leo Fortunatti
Chevrolet Trailblazer 2.8 TD | Toyota SW4 2.7 TD | |
MOTOR | dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 2.776 cm3, comando duplo, turbo e injeção direta, diesel | dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 2.755 cm3, comando duplo, turbo e injeção direta, diesel |
POTÊNCIA/TORQUE | 200 cv a 3.600 rpm; 51,0 kgfm a 2.000 rpm |
204 cv a 3.400 rpm; 50,9 kgfm a 2.800 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração traseira (4x2), 4x4 e 4x4 com reduzida | câmbio automático de 6 marchas, tração traseira (4x2), 4x4 e 4x4 com reduzida e bloqueio do diferencial traseiro |
SUSPENSÃO | independente de braços sobrepostos na dianteira, eixo rígido com molas helicoidais na traseira | independente de braços sobrepostos na dianteira, eixo rígido com molas helicoidais na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 18" com pneus 265/60 R18 | liga leve aro 18" com pneus 265/60 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS e ESP | discos ventilados na dianteira e traseira, com ABS e ESP |
PESO | 2.161 kg em ordem de marcha | 2.175 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.887 mm, largura 1.902 mm, altura 1.844 mm, entre-eixos 2.845 mm; | comprimento 4.795 mm, largura 1.855 mm, altura 1.835 mm, entre-eixos 2.745 mm |
CAPACIDADES | tanque 76 litros; porta-malas 554 litros (5 lugares)/205 litros (7 lugares) | tanque 80 litros; porta-malas 500 litros (5 lugares)/180 litros (7 lugares) |
FORA-DE-ESTRADA | entrada 29º, saída 19,6º, vão livre 190 mm | entrada 29º, saída 25º, vão livre 279 mm |
PREÇO | R$ 313.160 | R$ 359.790 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (diesel) | |||
---|---|---|---|
Chevrolet Trailblazer 2.8 | Toyota SW4 2.7 | ||
Aceleração | |||
0 a 60 km/h |
4,5 s |
4,6 s | |
0 a 80 km/h | 7,1 s |
7,2 s |
|
0 a 100 km/h | 10,5 s | 10,6 s | |
Retomada | |||
40 a 100 km/h em D | 7,8 s | 7,9 s | |
80 a 120 km/h em D | 7,4 s | 7,8 s | |
Frenagem | |||
100 km/h a 0 | 42,5 m | 43,6 m | |
80 km/h a 0 | 26,7 m | 27,2 m | |
60 km/h a 0 |
16,2 m |
15,4 m | |
Consumo | |||
Ciclo cidade | 8,5 km/l | 10,2 km/l | |
Ciclo estrada | 11,1 km/l |
11,5 km/l |
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