Um dos símbolos do luxo há décadas, o Mercedes Benz Classe E não a toa é um dos modelos mais importantes para a marca alemã. Também um dos mais vendidos da história da empresa, sobrevive aos tempos dos SUVs e ostenta com orgulho a estrela no capô e um estilo que o faz único até mesmo dentro do seu segmento.
Este é o E 300 Exclusive 2021, a reestilização da quinta geração (W213), que nasceu em 2017 e se atualizou em 2020 no exterior e chega agora ao Brasil. O sedã grande premium retoca seu design, moderniza o interior e nesta versão carrega o motor 2.0 turbo com 258 cv e 37,7 kgfm de torque com o câmbio automático de 9 marchas e tração traseira.
O Classe E recebeu novos faróis, parachoques, tampa traseira, grades e lanterna traseira. Se na dianteira tem que ser mais atento para perceber a leve mudança no formato dos faróis (e em sua estrutura interna, no Exclusive com o sistema de LEDs inteligentes), na traseira as lanternas assumem o estilo afilado, com uma peça na tampa traseira e é o ponto que mais identifica a reestilização. O E 300 Exclusive tem a clássica estrela no capô e a grade dianteira com filetes cromados, assim como no parachoque e nos frisos laterais.
Por dentro que reconhecemos um novo Classe E. O sedã adota o MBUX, com 2 telas de 12,3", uma para o painel de instrumentos e outra para funções multimídia, além dos comandos por voz e espelhamento de smartphones via Apple CarPlay e Android Auto - e aqui temos um pênalti, já que ainda pede o uso de fios e não possui carregador por indução, algo que o GLA, um Mercedes-Benz mais barato, possui. O sistema de som está assinado pela Burmester.
Como um modelo de sua categoria, o E 300 Exclusive abusa do bom acabamento. Indo para o lado mais luxuoso, o sedã tem partes que imitam madeira escura, mas sem aquela aparência de "tiozão", além do preto piano e alumínio. Não há plástico rígido aparente, tudo é suave ao toque e LEDs com diversas cores selecionáveis dão o charme a noite. Com o MBUX, casa esse luxo com a tecnologia dos novos tempos, inclusive com bancos elétricos com memória e, no caso do motorista, o carro pode fazer a regulagem por você com base na sua altura, configurável no MBUX, assim como a coluna de direção.
Como um legítimo Mercedes-Benz, o E 300 conserva algumas características da marca, por exemplo o seletor do câmbio no lugar da alavanca do limpador, bancos reguláveis por botões nas portas e, apesar do MBUX ser sensível ao toque, um trackpad pode ser utilizado e até que ajuda, já que a tela fica relativamente longe das mãos do motorista. Ainda sobre os bancos, são grandes e confortáveis o suficiente para dar inveja ao sofá de casa, com couro de alta qualidade e um cheiro característico dos modelos alemães.
Mas o melhor desse novo Classe E é que ele fica melhor onde ele era bom. O sedã foi um dos primeiros no Brasil a ter os sistemas de assistência de condução semi-autônoma, com piloto automático adaptativo, assistente de faixa e outros. Marcas como Volvo, Audi e BMW foram pelo mesmo caminho, porém o Classe E atualiza seus sistemas e vai além no que podemos considerar um dos mais avançados vendidos por aqui.
A Mercedes-Benz até trocou o volante do Classe E por isso. Se antes você precisava movimentar de leve para ele perceber que você estava com a mão ali com os sistemas ligados, o novo volante é capacitivo, ou seja, ele "sente" suas mãos e é o suficiente para ele parar de alertar - caso não aconteça nada, ele começará a frear, entendendo que algo aconteceu com o motorista.
O piloto automático adaptativo não simplesmente acompanha o carro que está na frente. O Classe E consegue interpretar curvas, rotatórias e até cabine de pedágios para reduzir a velocidade, além de outros carros e pedestres mesmo parados, fazendo conjunto com o sistema de frenagem automática de emergência que agora é capaz de fazer a manobra de desvio se precisar e puder. A operação é feita por botões capacitivos no volante.
Sobre o assistente de faixas, precisamos conversar. Junto com o piloto automático adaptativo, praticamente fazem tudo sozinhos principalmente em boas rodovias com sinalização em dia, deixando o motorista quase como um passageiro que precisa apenas segurar o volante. Dê a seta, vire um pouco e ele muda a faixa se o alerta de ponto-cego não detectar nada na lateral. Só não tente fazer essa manobra muito rapidamente que ele puxará o volante e reduzirá a velocidade. E não adianta dar a seta, já que em algumas situações o sistema interpretou que a manobra era arriscada, quando não era, como uma mãe superprotetora.
Assistente de estacionamento? Temos e melhorado. Se nos tradicionais o motorista precisa frear e mudar as marchas, o E 300 atualizado encontra a vaga, pede a confirmação e faz o restante, ficando ao motorista apenas ficar atento para alguma emergência. Ele entra na vaga, muda as marchas, freia, acelera...só falta abrir a porta para você sair. Além disso, não depende mais de 2 carros nas laterais, já que consegue ler as faixas de demarcação.
Até agora falamos mais de como o carro se dirige. O E 300 também tem seu charme a quem ainda gosta de assumir o volante e dirigir o próprio carro e tem novidades aqui. O motor 2.0 turbo é novo, chamado de M254, e tem revestimento nos cilindros e diversas tecnologias para reduzir o atrito, além do variador de abertura de válvulas na admissão. São 13 cv (258 cv) a mais que o anterior, com os mesmos 37,7 kgfm de torque. A transmissão é automática de 9 marchas com a tração traseira.
Curiosamente, ele não chegou ao Brasil com o sistema híbrido-leve de 48 volts como há na Europa, mas é uma configuração parecida com a vendida nos Estados Unidos, por exemplo, no E 350 local.
O novo 2.0 turbo estreou no Classe E reestilizado. O que mais surpreende é sua suavidade de funcionamento e, mesmo com o carro parado, pouco se percebe dele tanto em vibrações quanto em barulhos. Em uso, o torque em baixas rotações movem o sedã de 1.730 kg, que se apoia bastante em partes em alumínio para manter a dieta, muito bem e com agilidade. Há um seletor de modos de condução (Eco, Comfort, Sport, Sport+ e Individual), e mesmo no mais econômico não há qualquer dificuldade.
O conjunto segue a linguagem do conforto. O câmbio faz as trocas sem que se perceba e, mesmo no modo Sport+, segue bem tranquilo. Não espere esportividade do E 300 Exclusive, mas ele é ágil o suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos e fazer retomadas na faixa dos 4 segundos.
Ao volante, a suspensão segura a rolagem da carroceria, mas não aceita abusos - para isso, melhor partir para a linha AMG. Seu papel maior é filtrar buracos e ondulações, o que faz bem, porém algumas situações irão dar aquela batida seca que machucam os ouvidos, boa parte pelos pneus run flat, mais duros e ruidosos.
Mas tudo isso tem seu preço. O Mercedes-Benz E 300 Exclusive custa R$ 557.900 e não tem opcionais além das cores da carroceria e do interior. Pecados? Não ter uma versão eletrificada, já que o BMW Série 5 é vendido no Brasil apenas na versão 530e M Sport, híbrido plug-in, e o Audi A6 tem ao menos o sistema híbrido-leve 48 volts. Em um segmento premium, isso pode fazer a diferença, porém o Classe E se destaca pelas tecnologias renovadas e o estilo de ter a estrela no capô.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com Brasil)
MOTOR | dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.991 cm3, duplo comando com variador na admissão e escape e variador de abertura na admissão, injeção direta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
258 cv de 5.800 a 6.100 rpm; Torque: 37,7 kgfm de 1.800 rpm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 9 marchas, tração traseira |
SUSPENSÃO | braços sobrepostos na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 19" com pneus 245/40 (D) e 275/35 (T) R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.730 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.935 mm, largura 2.065 mm, altura 1.460 mm, entre-eixos 2.939 mm; |
CAPACIDADES | tanque 66 litros; porta-malas 540 litros |
PREÇO | R$ 557.900 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina) | ||
---|---|---|
Mercedes-Benz E300 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h |
3,0 s |
|
0 a 80 km/h | 4,6 s | |
0 a 100 km/h | 6,5 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 4,6 s | |
80 a 120 km/h em D | 4,3 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 38,2 m | |
80 km/h a 0 | 24,6 m | |
60 km/h a 0 | 14,1 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 10,6 km/l | |
Ciclo estrada | 14,5 km/l |
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