Já dirigimos: CheryExeed TXL será o primeiro SUV de luxo chinês feito no Brasil
Com lançamento previsto para o primeiro semestre, ele vai marcar a estreia da divisão premium da Caoa Chery
As marcas de luxo de fabricantes chineses estão se espalhando por aí. Em diversos mercados, por onde você olhe encontrará um modelo de origem chinesa, mas há também marcas mais luxuosas como a Lynk & Co e a Geometry, da Geely, além da GAC Motor. Então não surpreende que a Chery também queira se inserir nesse meio.
Na Rússia, os chineses começaram com o CheryExeed TXL, um SUV médio, numa estratégia que deve ser repetida no Brasil ainda este ano. E foi lá que rodamos com o TXL para conhecer o modelo premium do fabricante chinês que, apesar de suas dimensões, não tem a opção de 7 lugares, diferentemente do Caoa Chery Tiggo 8.
Quebrando estereótipos
Mais que no Brasil, onde a parceria com a Caoa melhorou a imagem dos produtos da Chery, boa parte dos consumidores russos ainda tem alguma apreensão em relação aos produtos da marca. Mas os próprios chineses e sua flagrante inconstância são os culpados por isso. Para tornar o curso de meus pensamentos um pouco mais claro, darei um exemplo de minha própria experiência nos últimos anos.
Sem medo de ofender os proprietários dos primeiros modelos chineses, eles não eram confiáveis e tinham graves problemas de construção. Em 2014, a Chery deu um salto e apresentou o sedã Arrizo 7, agradável em todos os aspectos. Alguns anos depois, apresentaram o Tiggo 2, que não era tão bom quanto o sedã. Na época, isso abalou minha fé de que os chineses estavam no caminho certo.
O Exeed TXL parece promissor em slides de apresentação. Os notórios Kevin Rice e Gert Volker Hildebrand foram os responsáveis pelo design do crossover: o primeiro participou de projetos como o Mazda RX-8 e o BMW F30, a geração anterior do Série 3. O segundo trabalhou na Mini por uma década. Klaus Schmidt, que ficou um quarto de século na divisão BMW M, esteve envolvido no ajuste do chassi, e Peter Malkin, natural da Jaguar Land Rover, foi convidado para o papel de engenheiro-chefe do projeto.
Quanto à motorização, os chineses aliviaram completamente os clientes da agonia da escolha: há apenas o 1.6 turbo em combinação com um câmbio de dupla embreagem de 7 velocidades. E, no mercado russo, tração nas 4 rodas - no Brasil deve manter 4x2 por questões de demanda e economia de combustível.
Saboroso mas inodoro
Primeira impressão do interior: não tem cheiro. E os "efeitos colaterais" do coronavírus não têm nada a ver com isso. A maioria dos materiais de acabamento suaves ao tato não exala odores. Os bancos dianteiros têm um perfil agradável e um comprimento de assento suficiente - o que não é comum nos carros asiáticos. Há também alguns detalhes para admirar: o volante forrado de couro e o seletor do câmbio lembram alguns Volvo.
Mas ainda há algumas falhas. Por exemplo, colocaram o aquecimento para os bancos, mas esqueceram do volante (algo muito importante na gelada Rússia), ainda mais em um carro deste valor. Os tradutores também cometeram erros engraçados na hora de traduzir as informações do painel e do menu. E, além disso, a cada vez que o carro era ligado, o banco do motorista reclinava sem motivo...
Tirando esses deslizes, o interior do TXL pode ser comparado aos coreanos, japoneses (para ser honesto, o RAV4 é mais simples por dentro) e até mesmo aos padrões europeus, o que é um grande sucesso. Fazendo uma comparação óbvia com a principal "estrela" chinesa do ano passado, o Hawail F7 (não oferecido no Brasil), o Exeed TXL vence por um gol de diferença.
Mecânica conhecida
O 1.6 TGDI Turbo, desenvolvido em conjunto pela Chery e a empresa austríaca AVL, é basicamente o mesmo do Tiggo 8 vendido no Brasil: rende 186 cv e 28 kgfm de torque, prometendo acelerar o TXL 4x4 de 1,7 tonelada de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e consumir 14 km/litro em um ciclo combinado com gasolina. Se a primeira promessa é mais ou menos verdadeira (numa medição descompromissada com alguns passageiros extras a bordo, obtive 10,6 segundos), a segunda é puro marketing.
Dirigindo na estrada a uma velocidade de cruzeiro de 100 km/h, ele marcou no máximo 11,6 km/litro na tela do computador de bordo. Quanto ao conforto, você ficará surpreso, mas a principal fonte de ruído na pista é o vento, que se confunde nas "caixas" dos retrovisores laterais. Ao mesmo tempo, os chineses afirmam um Cx (coeficiente aerodinâmico) de 0,33. Tenho minhas dúvidas.
A suspensão do TXL está longe de ser um destaque. Mesmo assim, para seu tamanho e peso, o "chinês" anda com dignidade - ele se agarra ao asfalto com a tração integral, quase não rola nas curvas e, mesmo sendo calçado com rodas de 19 polegadas e pneus de perfil baixo, o Exeed consegue resolver bem os defeitos do pavimento. Para passeios regulares na natureza, prefira rodas menores: ao entrar com velocidade, os impactos atingem dolorosamente os amortecedores.
A propósito, as suspensões de todos os 4 carros de teste, que registravam de 5 a 10 mil quilômetros rodados, se mostraram anormalmente barulhentas em terreno irregular. Se eu fosse o dono, me incomodaria.
Primeiro ou segundo?
Se o TXL lida com os caminhos da floresta sem muito entusiasmo, ele ao menos está pronto para brincar na terra preta encharcada! E esse é um elogio inesperado para o segundo sistema de tração integral na história da empresa - é engraçado que os caras da Chery teimosamente chamam o TXL de seu primeiro 4x4, aparentemente, não querendo lembrar do Tiggo da primeira metade dos anos 2010.
A embreagem de múltiplas placas gerencia sabiamente o torque e suas próprias forças, ajudando o SUV a caminhar com confiança pelos campos ondulados sob o olhar atento do ESP. E não chantageia o motorista com superaquecimento.
Eu não ficaria surpreso se, em uma situação realmente delicada, o Exeed TXL com 200 mm de vão livre (declarado 210 mm) e uma placa inferior de proteção metálica de fábrica fosse mais longe do que um Santa Fé ou Sorento. A única coisa que surpreendeu negativamente foi a falta de um controle de descida. Mesmo que nem todo mundo precise disso, oras, até alguns 4x2 têm o sistema.
Aposta no custo-benefício
A filial da Chery na Rússia argumenta: se você configurar os concorrentes e escolher o equipamento mais semelhante com o TXL, eles serão de 11 a 13% mais caros. E não questiono de forma alguma esses cálculos, mas acho que dava para cobrar o mesmo e resolver algumas das falhas. Aos brasileiros, resta esperar o que a Caoa vai modificar no modelo nacional e, claro, o quanto ele irá custar a mais que o Tiggo 8 para realmente ser um "negócio da China" entre os SUVs premium.
Galeria: CheryExeed TXL (avaliação)
CheryExeed TXL
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