Se pudesse, o Renault Duster voltaria no tempo para quando o segmento de SUVs compactos se resumia a ele e o Ford EcoSport. Tantos novos concorrentes chegaram (até o irmão Captur) que o Duster acabou escondido, basicamente atendendo aos que priorizam robustez e espaço interno. E vem mais por aí, começando pelo novo Chevrolet Tracker e pelo inédito Volkswagen Nivus nos próximos meses.
Para voltar aos holofotes, o novo Duster se renovou bastante. Pode não parecer, mas ele manteve poucas peças do anterior. Por isso, a Renault até chama este Duster de uma "nova geração" apesar de manter a mesma plataforma (B0+) com mudanças em prol do conforto, tecnologias e segurança. Até a inclinação da coluna A e o para-brisas mudaram para reduzir ruído e melhorar a aerodinâmica, enquanto a área dos vidros laterais ficou menor. Ou seja, o Duster manteve o desenho "parrudo" que fez sua fama, mas ao mesmo tempo está mais moderno.
Até as medidas são praticamente as mesmas, com 47 mm a mais no comprimento, mas 1 mm a menos no entre-eixos e 10 mm a mais na largura. No porta-malas, a mesma capacidade de 475 litros do anterior. Sem problemas, pois o Renault Duster sempre se destacou pelo espaço interno e medidas superiores à maioria dos seus concorrentes. Mas é ao abrir as portas que realmente se vê a mudança.
A Renault parece ter tirado todas as peças do interior do antigo Duster e deixado no pátio de São José dos Pinhais (PR). Durante a apresentação no Centro de Design da marca em São Paulo (SP), o impacto maior veio justamente com a evolução do acabamento e da vida a bordo do novo Duster. Apesar de manter o plástico rígido como material principal, o design e a textura são bem superiores ao que existia anteriormente. Volante, painel de instrumentos, bancos, tudo isso foi trocado por novas peças. Os botões dos comandos do ar-condicionado automático remetem aos Mercedes-Benz, e logo acima está a tão esperada nova multimídia da Renault.
Chamada de EasyLink, possui tela de 8" e diversas funções. Além do espelhamento via Apple CarPlay e Android Auto, um seletor de perfil permite salvar até cinco usuários, com foto de cada um, e traz uma nova interface mais intuitiva e atraente.
Sim, o novo Duster mantém o motor 1.6 SCe aspirado de até 120 cv e 16,2 kgfm de torque. Nesta versão Iconic, o câmbio é o CVT com simulação de 6 marchas, enquanto a versão de entrada Zen mantém o manual de 5 marchas. Ainda novo, o motor 1.6 não passou por qualquer alteração, inclusive com o sistema start stop. Esperando o 1.3 turbo? Vamos ter que aguardar mais um pouco para vê-lo sob o capô de um Renault no Brasil - provavelmente ele estreará no novo Captur em 2021.
Confesso que esperava menos deste novo Duster. Depois que a Renault manteve o sistema de direção eletro-hidráulica no Sandero e Logan, não me espantaria algo assim no SUV. Mas fui surpreendido por um Duster quase irreconhecível em diversos aspectos. Boa parte disso veio da nova direção elétrica, da estrutura 12,5% mais rígida e do interior mais confortável que comentamos logo acima.
Pra começar, os bancos novos te deixam numa posição mais baixa e cômoda, além de mais confortável. O novo volante tem uma pegada melhor e é leve nas manobras, ganhando peso conforme a velocidade aumenta - é o tipo de coisa que desejamos no Sandero e Logan. A suspensão continua a mesma que fez a sucesso do Duster, com bom equilíbrio dinâmico e aparente robustez para aguentar a buraqueira. Apesar de não ter tração 4x4 (a versão 2.0 foi descontinuada por conta das baixas vendas), ele oferece boa altura do solo (237 mm) e bons ângulos de entrada (30º) e saída (34,5º), que definem a capacidade de superar obstáculos sem raspar o para-choque.
O motor 1.6 SCe é apenas suficiente para o Duster. São 120 cv e 16,2 kgfm que conversam bem com o câmbio CVT, mas não espere acelerações vigorosas ou retomadas ágeis. A Renault divulga 0 a 100 km/h em 12,4 segundos com etanol, número que vamos comprovar na prática num teste instrumentado em breve. Em consumo, o novo Duster tem médias e 7,2 km/litro na cidade (ajudado pelo sistema start stop) e 7,8 km/litro na estrada com etanol. Com gasolina, os números são 10,7 km/litro e 11,1 km/litro, respectivamente, segundo o Inmetro.
Avaliamos inicialmente a versão de topo do novo Duster. Mas vale citar que todas as versões agora trazem os controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas de série - porém apenas dois airbags até mesmo nesse modelo Iconic. Luzes diurnas em LEDs, como no Sandero e Logan, também aparecem desde o Duster básico.
O Duster Iconic custa R$ 87.490 (veja os detalhes de todas as versões aqui) e se destaca pelo ar-condicionado automático, sistema de 4 câmeras (Multiview), alerta de ponto-cego, chave presencial, sensor de iluminação e rodas de 17", além do sistema multimídia e do piloto automático.
O Duster realmente se renovou e agora tem qualidades para enfrentar os concorrentes atuais e os que estão por vir. O Captur, por mais que a Renault não admita, será o grande prejudicado, pelo menos até a mudança esperada para 2021.
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.598 cm3, duplo comando de válvulas com variador na admissão, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
118/120 cv 5.500 rpm; Torque: 16,2 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático tipo CVT com simulação de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira, eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 17" com pneus 215/60 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.279 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.376 mm, largura 1.832 mm, altura 1.693 mm, entre-eixos 2.673 mm |
CAPACIDADES | tanque 50 litros; porta-malas 475 litros |
PREÇO | R$ 87.490 |
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