Especial: Pilotamos o Peugeot 208 Rally 4, o novo carro de corrida da marca
Ele promete ser um campeão como seu antecessor com novo motor, freios e suspensão
Estar ao volante de um carro de competição é sempre um motivo de alegria. E se o passeio é com um novo modelo ainda em fase de desenvolvimento, junto com membros da equipe que estão trabalhando nele, a experiência é ainda melhor. Neste caso, o grande protagonista é o novo Peugeot 208 Rally 4, um modelo que, tecnicamente, vem substituir o Peugeot 208 R3, que corria em diversas competições internacionais, como o Peugeot Rally Cup Ibérica.
Fui para Portugal, especificamente uma seção fechada no norte de Oporto, para me colocar ao volante do carro de corrida e conhecer, em primeira mão, as sensações de Efrén Llarena e Sara Fernández, atuais campeões do ERC3 com a Peugeot Sport e uma das duplas envolvidas nesta fase de preparo.
Galeria: Peugeot 208 Rally4
De acordo com as novas normas, evidentemente a maior novidade do carro está embaixo do capô, onde o antigo motor 1.6 aspirado deu lugar a um 1.2 turbo de 3 cilindros a gasolina. Graças a esta nova configuração, assim como o emprego de uma nova central eletrônica da Magneti Marelli, o rendimento do motor passa dos 185 cv do anterior R2 para 208 cv e 29,6 kgfm de torque máximo no Rally 4.
A tração segue dianteira, mas com o câmbio do tipo sequencial com 5 marchas foi desenvolvido pela Sadev. Como curiosidade, ele tem uma grande alavanca para as trocas de marchas e três pedais, incluindo a embreagem, que é empregada para as arrancadas e para as manobras em baixas velocidades.
Uma vez vestido para a ocasião, incluindo macacão, luvas e um capacete com intercomunicador com o HANS, chego a um dos momentos mais complicados de toda o teste: entrar no carro, ficando colado aos bancos tipo concha e as barras do santantonio. E estes são os elementos principais de um interior que se livra de tudo que possa ser catalogado como supérfluo.
A visibilidade é boa e logo atrás do volante está um quadro digital onde se monitora os parâmetros mais importante do carro. Na direita, totalmente ao alcance do piloto, está o seletor do câmbio e a alavanca que aciona o freio de mão. Ao centro, um quadro de comandos que leva as funções importantes do carro como o contato, partida e desligamento do motor, seletor do modo de condução...
Uma vez familiarizado com tudo que me rodeia (ou eu creio que), Sara Fernández se senta a minha direita com seu caderno de notas. São as mesmas que usa com Efrén Llarena, mesmo que simplificadas, para que eu não me perca diante do excesso de informação.
Recebo o OK, aciono o contato e aperto o botão do arranque, piso na embreagem (que tem uma ação especial) e engato a ré. Em baixas velocidades, tem que ser generoso com o pedal do acelerador se não quiser que o carro morra.
Uma vez fora dos boxes, vou ao inicio da prova, onde Sara me diz que posso acionar o modo "corrida" e começar a pisar fundo.
Desde o primeiro momento, são várias coisas que me chamam a atenção. Por exemplo, a resposta do motor, quase imediata a qualquer ação sobre o acelerador. Neste sentido, o motor turbo é menos "estressante" de conduzir, já que não requer sempre as rotações altas em busca da melhor faixa de utilização.
Devo falar também sobre a sensação do pedal de freio e da caixa de câmbio, dois elementos que pouco tem em comum com os carros de rua. O freio, pela sua dureza e curso curto; o câmbio pois tem que ser manuseado com vontade. Neste sentido, como a maioria dos carros de corrida, as subidas de marchas são feitas para trás, enquanto as reduções são para frente.
Com certeza, a suspensão foi o que me deixou de boca aberta. O carro parece ir absolutamente sobre trilhos. Inclusive quando passamos por alguma zona muito suja ou molhada. Aqui, a suspensão traseira permite uma sensação de bastante confiança.
Como comandar todo este conjunto? Com uma direção extremamente direta, que permite entrar nas curvas com uma precisão cirúrgica, sempre com movimentos justos. Durante toda a prova, precisei fazer apenas pequenas correções.
Sem dúvidas, o 208 Rally 4 cumpre tudo o que se espera de um carro de competição: corre, freia e vira. O melhor de tudo, ele permite acelerar com confiança nas saídas de curvas, já que sua capacidade de tração é algo espetacular.
Finalizada minha etapa como piloto, troco de lugar e deixo que o próprio Llarena me mostre do que esse carro é realmente capaz. Na direita, vejo tudo com mais clareza e mais rápido também. Sem dúvida, se eu descobri cerca de 40% do que esse carro é capaz, Efrén sabe de 85 a 90%.
Durante a troca, logo depois de sair do carro, perguntei a ele quais as principais diferenças diante do anterior R2, além do câmbio e do motor. "A maior mudança está na suspensão traseira, que evoluiu muito, e no balanço dos freios. Há pistões maiores com maior diâmetro na traseira, o que permite frear forte sem que a traseira se mova.
Assim, estas modificações e o motor turbo também afetam a forma de conduzir: "Agora, temos que frear bem perto do vértice e sair acelerando com certeza. No carro anterior, isso era mais complicado, precisava fazer a curva com mais previsão e levar o motor sempre a rotações altas. Com o novo Rally 4, pode chegar com rotações mais baixas que ele retoma a aceleração sem preocupação".
Pergunto se o carro está pronto, já que sua primeira saída foi no Rally de Madrir, mas há coisas para acertar. "Até agora, desenvolvemos uma configuração geral, que é boa para todo o mundo, um carro cômodo, mas que pode ir rápido. Desde o mês passado, temos trabalhado em um setup de corrida, agressivo, em que é mais difícil conduzir, mas que baixa os tempos. O carro é nervoso, mas faz bons tempos.
Depois deste experiência, a equipe Peugeot Sport tinha mais alguns dias de teste com o novo carro para o acerto para a próxima temporada. Sem dúvidas, será uma das estrelas quando falamos em 2020.
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