Teste instrumentado Suzuki S-Cross 1.4 turbo 2019: Coração valente
Conjunto mecânico é um dos melhores do segmento, mas o visual e o preço...
A Suzuki é uma das fabricantes japonesas com DNA off-road mais forte. A maior parte de seus veículos são vendidos com opção de tração nas quatro rodas e alguns deles até encararam disputas de rally, como o Swift e o Ignis. O S-Cross não desperdiça este pedigree, unindo as características de um SUV com porte semelhante ao de um hatch médio - e um dos conjuntos mecânicos mais empolgantes do segmento.
Importado da Hungria, o Suzuki S-Cross ganha uma nova versão na linha 2019, a 4Style-S. Posicionada no topo da linha, ela traz mais equipamentos, passando a contar com teto-solar bipartido, faróis de LED com ajuste automático e luzes diurnas também em LED. É uma opção mais completa para quem faz questão de ter um teto-solar ou não gosta de acender os faróis durante o dia nas estradas.
Discrição em primeiro lugar
Pode falar a verdade. Olhar para o Suzuki S-Cross não anima, sabemos bem disso. O SUV tem visual muito discreto, algo padrão para a marca, e a nova grade da linha 2019 não ajudou a melhorar este aspecto. A versão 4Style-S consegue se destacar por conta dos novos faróis de LED, mas você precisa colocar ele do lado do modelo pré-reestilização para perceber o quanto mudou.
A mesma coisa é vista na cabine. Ela tem desenho simples e os materiais não impressionam. O S-Cross usa plástico emborrachado em boa parte do painel, mas não consegue transmitir refinamento. As peças são bem encaixadas e não há gaps na montagem. No entanto, é difícil olhar para ele e não lembrar dos carros japoneses da década de 1990. É uma mudança que já foi feita por outras marcas nipônicas, como Honda, Mitsubishi e Toyota, mas que a Suzuki ainda não adotou. Esta simplicidade aparece também no painel de instrumentos, analógico e com apenas uma pequena tela para o computador de bordo, enquanto o segmento caminha para o uso de painéis totalmente digitais.
O que chama a atenção na cabine é a tela sensível ao toque de 9 polegadas, que roda um sistema Android, e é diferente da multimídia oferecida em outros países. O sistema é a prova de que tamanho não é documento, pois tem resposta mediana e é confusa de usar, mesmo para quem já tem um smartphone Android. Não é compatível com Apple CarPlay ou Android Auto. Se quiser usar algum navegador como Waze ou Google Maps, precisa compartilhar a conexão de seu celular, entrar com a conta no Google Play e baixar o aplicativo.
A cara de carro mais antigo esconde uma boa lista de equipamentos. Conta com limitador de velocidade, controle de de velocidade de cruzeiro, direção elétrica, ar-condicionado digital de duas zonas, rodas de liga aro 17", sensores de chuva e luminosidade, retrovisor eletrocrômico, volante multifuncional com controles de áudio, nove airbags, controles de tração e estabilidade, sensores de estacionamento dianteiro/traseiro, assistente de partida em rampa e câmera de ré.
Eficiência japonesa
Até agora, parece que o S-Cross não tem atrativos para se destacar no meio de tantos SUVs compactos que há no mercado. Isso muda ao ligar o motor. O modelo da Suzuki é um dos mais rápidos do segmento no Brasil, perdendo somente para o Vitara (seu irmão menor, mais leve e com o mesmo motor) e para o recém-lançado Citroën C4 Cactus, que usa um motor 1.6 turbo mais potente.
O S-Cross empolga ao dirigir. Seus 23,5 kgfm de torque aparecem a 1.700 rpm, então basta um leve toque no acelerador para que o carro ganhe velocidade. O câmbio automático de 6 marchas com conversor de torque é bem suave e esperto, fazendo trocas no momento certo. O único lado ruim é que o motor 1.4 turbo de 146 cv bebe apenas gasolina. Pelo menos o consumo é baixo, com médias aferidas de 10,4 km/l na cidade e 16,2 km/l na estrada.
No console central, bem perto do câmbio, está o seletor do modo de condução, que mexe na resposta do volante, transmissão e acelerador. É o botãozinho do capeta que te deixa sorrindo quando experimenta pela primeira vez. O câmbio segura as marchas por mais tempo, sempre pronto para caso o motorista vá pisar fundo, evitando reduzir para depois aumentar a marcha de novo, e ainda manda 15% mais de torque para a traseira, aumentando o efeito das arrancadas. O resultado? Ele acelerou de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos no nosso teste. E o controle de estabilidade entra em ação com precisão sempre que percebe que existe uma chance do carro escapar.
Seu revés é ser um pouco "seco" de suspensão. Sentimos isso quando rodamos em um asfalto irregular, transmitindo as vibrações. O acerto firme e com pouco curso causa pequenos pulos em lombadas altas e imperfeições do pavimento. Seu vão livre de 20,5 centímetros, combinado à tração nas quatro rodas, torna-o muito mais capaz do que a maioria dos SUVs do segmento - vários deles sequer oferecem uma variante com tração integral. O banco traseiro tem espaço adequado e o porta-malas leva até 440 litros, mais do que os 432 l do Honda HR-V.
Galeria: Suzuki S-Cross 2019
Supertaxado
Esqueça o acabamento e o visual de carro japonês das antigas. O grande entrave do S-Cross está no preço. Importado da Hungria, ele sofre com todos os impostos, o que tira sua competitividade. Essa versão 4Style-S custa pesados R$ 130.990. Isso é mais do que um Jeep Compass Longitude 2.0 Flex, um modelo de categoria acima. É um carro que, na Europa, é conhecido como um dos SUVs compactos mais baratos do segmento.
Se dinheiro não for problema e você não se importar tanto com o acabamento mais simples, o S-Cross é uma escolha baseada na racionalidade. Seu desempenho merece atenção, é mais robusto, sua lista de equipamentos é bem adequada e tem uma capacidade off-road de verdade, ao invés de ser um crossover para quem enfrenta, no máximo, uma rampa de shopping.
Fotos: Daniel Messeder e Paulo Henrique
Ficha Técnica Suzuki S-Cross 4Style-S 4WD
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.373 cm³, duplo comando, turbo, injeção direta |
POTÊNCIA/TORQUE | 146 cv a 5.500 rpm / 23,5 kgfm entre 1.700 e 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 6 marchas, tração integral |
SUSPENSÃO | independente McPherson com molas helicoidais na dianteira e barra torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 17″ com pneus 215/55 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.270 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.300 mm, largura 1.785 mm, altura 1.605 mm, entre-eixos 2.600 mm |
CAPACIDADES |
tanque 47 litros; porta-malas 440 litros |
PREÇO | R$ 130.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Suzuki S-Cross 4Style-S 4WD 1.4 Turbo | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,1 s | |
0 a 80 km/h | 6,2 s | |
0 a 100 km/h | 9,1 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 6,8 s | |
80 a 120 km/h em D | 6,4 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 39,4 m | |
80 km/h a 0 | 21,6 m | |
60 km/h a 0 | 12,6 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 10,4 km/l | |
Ciclo estrada | 16,2 km/l |
Galeria: Teste: Suzuki S-Cross Turbo AllGrip 2019
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