Quando foi lançado, em 2015, o Jeep Renegade causou desde filas de espera até um boom de concessionárias da marca pelo país. Se até aquele momento o modelo mais popular da empresa norte-americana no Brasil era o Grand Cherokee, a coisa mudou com a chegada do SUV compacto produzido na moderna fábrica de Goiana (PE). Para manter as vendas em alta, o Renegade 2019 muda apenas o necessário, de olho em uma série de concorrentes que vieram depois, como Nissan Kicks e Hyundai Creta, e no principal rival, Honda HR-V, que será renovado nas próximas semanas.
O Jeep Renegade brasileiro mudou menos que o americano ou europeu (compare abaixo). Não recebemos a mesma peça que coloca os faróis de neblina mais ao centro e abre duas entradas de ar abaixo das setas, mas ao menos agora temos o mesmo para-choque para as versões flex e diesel, com melhor ângulo de ataque (até 28º, ou 30º na Trailhawk) e um leve retoque na região dos faróis de neblina. A grade, apesar de não parecer, se inspira no novo Wrangler, com um ângulo convexo e as sete barras mais grossas, além de uma leve mudança na parte inferior da peça. Nas versões mais caras, os faróis de LEDs (série na Trailhawk e Limited e opcional na Longitude) substituem os de xenônio, assim como os neblinas recebem o mesmo tipo de lâmpada.
Na traseira, as lanternas de LED não vieram por questão de custos, então a única mudança é a maçaneta agora aparente na tampa (antes ficava escondida embaixo). As rodas, com aros de 17" a 19", são novas e atendem cada versão conforme sua proposta. A de 16" da Sport manual é a mesma anterior.
Por sua vez, o interior trouxe as boas mudanças do restante do mundo. A tela de 8,4" do Compass chega ao irmão menor e supre uma antiga necessidade do SUV, incluindo Apple CarPlay e Android Auto. Junto, vieram os novos comandos do ar-condicionado de duas zonas, ficando para a versão Sport a tela de 5" e comandos analógicos da refrigeração. No console central, há novos porta-trecos e mais espaço para pertences, enquanto como o seletor da tração 4x4 subiu alguns centímetros nas versões turbodiesel. A coluna "A" recebe revestimento preto em parte da peça do acabamento para dar a impressão de ser mais fina. No porta-malas, a litragem ficou maior pelo uso do estepe fino, mas é algo que já existia desde a linha 2018.
Em Salvador (BA), andamos na versão Limited, que recebe o maior número de mudanças em equipamentos. Agora, são sete airbags de série e as rodas de 19" têm a cor definida pela combinação com a da carroceria. Como a mecânica não teve qualquer alteração, mantendo o motor 1.8 e-TorQ (139 cv e 13,9 kgfm de torque) e o câmbio automático de seis marchas, o Renegade mantém a mesma tocada anterior, com pouca perda de conforto pelo uso de pneus de perfil baixo (235/45 R19). A direção é firme e bem calibrada, mas o motor continua pedindo mais força para levar os 1.527 kg do Renegade e sua estrutura parruda. Em compensação, a utilização e layoute da nova tela de 8,4" facilitam bastante a vida a bordo. O mesmo vale para a maior quantidade de porta-objetos, inclusive um dedicado a smartphones.
A versão Sport muda menos ainda. Sem os faróis de LED ou a central de 8,4", a porta USB para o banco traseiro é praticamente a principal novidade. É preciso prestar atenção para reparar nos leves retoques visuais da versão de entrada, com destaque para as novas rodas de 17".
E cadê o motor 1.3 turbo? Segundo fontes, o propulsor ainda passará por tropicalização e o teremos "em cerca de dois anos" nas ruas. Outra falta sentida foi da versão Custom de entrada, principalmente a turbodiesel (que custava menos de R$ 110 mil), mas, segundo a FCA, o mercado não teve a aceitação necessária para mantê-la em linha para 2019. Ou seja, motor 2.0 diesel e tração 4x4, agora apenas no Renegade Longitude por R$ 125.490 ou no Trailhawk por R$ 136.390.
Mas nada acontece à toa. Por trás dos belos olhos, está a Jeep de olho no acirrado segmento dos SUVs compactos. Isso inclui um posicionamento mais agressivo para as versões Sport, com preços de R$ 78.490 no modelo manual e de R$ 83.990 no automático. Apesar da liderança do Honda HR-V, são apenas 2.274 unidades o separando do Renegade, o quarto colocado (há Creta e Kicks entre eles ainda). A meta? Acompanhar o irmão maior, o Jeep Compass, líder disparado do geral de SUVs. Algumas correções já foram feitas. Outras, só daqui a dois anos, pelo menos...
Por Leonardo Fortunatti, de Salvador (BA)
Fotos: Divulgação
Viagem a convite da Jeep
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.747 cm3, comando único com variador de fase, coletor de admissão variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
135/139 cv a 5.750 rpm; 18,8/19,3 kgfm a 3.750 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 19" com pneus 235/45 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.527 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.232 mm, largura 1.805 mm, altura 1.686 mm, entre-eixos 2.570 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 320 litros, tanque 60 litros |
PREÇO | R$ 103.490 |
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