O Cayenne ganhou moral dentro da Porsche. Apesar de muitos puristas negarem, é inegável que o SUV foi um dos responsáveis pela forte recuperação da marca alemã. Ele é o segundo Porsche mais vendido no mundo - ficando atrás do menor e mais barato Macan -, com 28.700 unidades emplacadas apenas no primeiro semestre de 2018. No Brasil, está em terceiro, atrás do Macan e do 718, mas isso deve mudar com a chegada da terceira geração que avaliamos agora.
Este é o primeiro Cayenne a utilizar a plataforma MLB Evo do Grupo VW, uma arquitetura modular para motores longitudinais já utilizada, por exemplo, pelos Audi Q7 e Q8. Desde a primeira geração, de 2002, o Cayenne vem sendo melhorado, principalmente quando falamos em metais, estrutura, dimensões e peso. Agora estamos falando de um SUV 63 mm maior (4.918 mm), 29 mm mais largo (1.983 mm) e 9 mm mais baixo (1.696 mm) que o anterior, o que dá impressão de um carro mais encorpado e esportivo. O entre-eixos de 2.895 mm é o mesmo da segunda geração.
Mesmo maior, o novo Cayenne ficou 65 kg mais leve. Pode não parecer muito, mas a Porsche explica que adicionar itens de segurança, de aerodinâmica e melhorias acústicas aumenta o peso em 70 kg, enquanto o uso de alumínio na carroceria, metais leves na estrutura, novo motor e até uma bateria mais leve tiram 135 kg. Faça a conta.
O Cayenne V6 é a versão de entrada que dirigimos neste primeiro contato. Ele deixa de usar o 3.6 aspirado do SUV anterior para utilizar o novo 3.0 turbo, com 340 cv (40 cv a mais) e 45,9 kgfm (5,1 kgfm extras). Além dos números melhorados, é mais leve e eficiente, utilizando um turbo único de duplo fluxo posicionado entre as bancadas de cilindros, para reduzir o turbo lag. O câmbio automático de 8 marchas foi retrabalhado e ganhou sistema de engates eletrônicos, resultando em menor necessidade de espaço para a instalação da alavanca e peso inferior. A tração é integral com distribuição automática de torque entre os eixos.
A suspensão dianteira foi substituída. Sai o sistema de braços sobrepostos, entra a multilink com quadro em alumínio, que no Cayenne V6 usa molas helicoidais, mas que pode opcionalmente receber bolsas de ar com três gomos. Na traseira, o SUV manteve o mesmo sistema multilink aplicado anteriormente.
Visualmente, o Cayenne se aproxima mais dos irmãos Panamera e 911. Na traseira, chama a atenção as lanternas mais finas e interligadas por uma peça com a assinatura Porsche. Na dianteira, temos novo capô, faróis full LED e para-lamas, além das portas redesenhadas e novas opções de rodas - de 20" e 21" no Brasil.
Por dentro, o estilo ficou mais limpo com o novo console central, que traz botões "touch", e pelo quadro de instrumentos quase totalmente digital (ambos semelhantes ao do novo Panamera). Também há uma tela maior para a central multimídia, agora de 12" e com conexão Apple Car Play.
A Porsche tem se preocupado em deixar seus modelos "não-esportivos" mais próximos dos legítimos esportivos. Como fez com o Panamera, o Cayenne teve uma melhora considerável em dirigibilidade e desempenho. Mesmo sendo um SUV, o Cayenne precisa carregar o DNA da marca para se destacar, principalmente em um segmento que está cada vez mais competitivo e procurando diferenciais.
Por si só, a substituição do motor V6 aspirado pelo turbo já deu outra vida ao Cayenne. As respostas estão mais rápidas, ajudadas por um câmbio rápido e suave, mas não tão permissivo quando o PDK utilizado nos esportivos. Mas isso acontece pela proposta do Cayenne, que tem uso fora-de-estrada e até mesmo de reboque, com capacidade para até 3.500 kg. Logo, a transmissão precisa ser a mais robusta possível. Em uma das duas telas do painel de instrumentos (separadas por um conta-giros analógico), é possível ver a distribuição da tração entre os eixos. Em velocidades de cruzeiro, a maior parte da força fica na traseira, sendo automaticamente distribuída em curvas fechadas ou, no fora-de-estrada, repartida em 50% para cada eixo.
Mesmo nesta versão de entrada sem os sistemas de suspensão a ar (aqui, os amortecedores são adaptativos em rigidez) ou os freios revestidos em tungstênio ou de cerâmica, a versão V6 supera as expectativas em trechos de serra. Aponte a dianteira para curva e acelere, pois a tração colocará força na dianteira e puxará o carro para a trajetória desejada. A caixa de direção, bem precisa e direta, mantém a comunicação entre carro e motorista sempre afiada, como esperado em um Porsche. Só é perceptível que estamos num carro de quase 2 toneladas quando seu peso é transferido lateral e longitudinalmente nas curvas, fazendo a suspensão ter trabalho extra para segurar a inclinação da carroceria.
Na estrada aberta, o Cayenne é um legítimo modelo alemão para Autobahns. Destaque para isolamento acústico - tanto para o vento quanto motor - e estabilidade mesmo em velocidades mais altas. Perca a concentração por um momento e veja o velocímetro mostrar números consideravelmente acima do que a legislação permite. E tudo isso com um nível de conforto que deixa qualquer um com vontade de ficar mais algumas horas ao volante.
Os R$ 433.000 pedidos pelo Cayenne V6 são quase ilustrativos. Afinal, há diversos pacotes de opcionais e de customização para a escolha do comprador, que podem elevar bastante o valor final. Mas quem levar o modelo "básico" já terá rodas de 20", suspensão adaptativa, faróis full LED, teto-solar panorâmico, ar-condicionado de duas zonas, controles de tração e estabilidade, sistema multimídia com tela de 12" e Apple CarPlay, sistema de frenagem automática, câmera de ré com sensores dianteiros e traseiros, tampa traseira elétrica e bancos dianteiros elétricos.
Para quem deseja mais, há o Cayenne S de R$ 523.000, que traz o motor V6 2.9 biturbo de 440 cv. Indo além, o Cayenne Turbo traz o 4.0 V8 biturbo com colossais 550 cv e 78,5 kgfm de torque, já com sistema de suspensão a ar adaptativa, aerofólio ativo na tampa traseira e o pacote Sport Chrono. No segundo semestre de 2019 virá a versão híbrida.
Se comparada com a primeira geração, esta terceira do Cayenne é bem mais bonita e divertida. Será que agora os mais puristas assumirão que a Porsche realmente faz um SUV?
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em V, 2.995 cc, 24 válvulas, comandos de admissão e escape, com variador de fase em ambos e de abertura na admissão, turbo de duplo fluxo, injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
340 cv de 5.300 a 6.400 rpm; 45,9 kgfm de 1.340 a 5.300 rpm |
TRANSMISSÃO | automático de 8 marchas; tração integral automática |
SUSPENSÃO | independente multilink na dianteira e traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 20" com pneus 275/45 R20 (frente) e 305/40 R20 (atrás) |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e traseira, com ABS |
PESO | 1.985 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.918 mm, largura 1.983 mm, altura 1.696 mm, entre-eixos 2.895 mm |
CAPACIDADES | tanque 675 litros, porta-malas 770 litros |
PREÇOS | R$ 423.000 |
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