Já não é mais segredo que a Volkswagen prepara uma nova geração do Gol. Usando uma versão (ainda mais) simplificada da arquitetura MQB (A00), deverá ser lançado em 2020. Mas o segundo modelo da marca alemã mais vendido do Brasil (está somente atrás do Polo no acumulado de 2018) ainda tem lenha para queimar e entrará em um "novo" segmento cada vez mais crescente, o dos compactos automáticos.
Não muda muita coisa no Gol pelo fato de ter ganho câmbio automático. A estrutura e até mesmo equipamentos são os mesmos de quando ele vem com o motor 1.0 de 3 cilindros ou o 1.6 8 válvulas com câmbio manual. Tecnicamente, volta ao Gol o motor 1.6 16 válvulas (da família EA211, que já tinha sido usado no Gol Rallye), feito de alumínio e com duplo comando de válvulas com variador na admissão. São até 120 cv e 16,8 kgfm de torque. Os 3 cavalos e 0,3 kgfm de torque a mais que o Polo 1.6 com etanol, segundo explica a VW, é pelo formato do coletor de escape e sistema de admissão do Gol serem menos restritivos. Ou seja, os números extras vêm pelo melhor fluxo de entrada do ar e saída dos gases.
O câmbio é o mesmo que equipa os demais VW, mas com relações e programação de software específicos para o Gol. Chamada de AQ260, é uma "velha conhecida" utilizada desde o Golf MK4. No Gol, até o trilho seletor é o mesmo que o Jetta 2.5 utilizava, diferente do que está no Polo, por exemplo. A suspensão também foi recalibrada para os 20 kg a mais do conjunto. A direção ainda usa assistência hidráulica.
O Gol é um dos frutos da plataforma PQ24, mas, diferentemente do Fox, usa a suspensão dianteira da PQ25, que é a base, por exemplo, da primeira geração do Audi A1. É datada de 2008, então não espere as mesmas características da MQB do Polo. Porém, é perceptível que a engenharia se preocupou em deixar o Gol automático o mais próximo (ou melhor) que seus concorrentes mais modernos, como Hyundai HB20 1.6 AT, Chevrolet Onix 1.4 AT, Toyota Etios 1.3 AT e Ford Ka 1.5 AT.
Guardo boas referências do Gol com o 1.6 16V. Bom torque em baixas rotações e elasticidade em altas foram as principais características que me marcaram quando dirigi o finado Gol Rallye e a Saveiro Cross. Logo, ficou apenas a expectativa do casamento com o câmbio automático, principalmente quando estamos falando de um público que deseja suavidade nas trocas e, ainda assim, bom desempenho.
O test-drive começou na estrada. Aos fãs da Volkswagen, a boa notícia é que o Gol manteve o acerto da suspensão mais firme, então o resultado é um carro que, mesmo em velocidade mais altas, transmite confiança na tocada. O câmbio faz trocas rápidas e aproveita bastante o torque em baixas rotações para manter a velocidade mesmo em subidas. Para as retomadas, pé embaixo e a mudança será feita perto do corte de giros, aproveitando a elasticidade deste motor.
Na cidade, o Gol peca por manter direção hidráulica. É pesada para manobrar e em trânsito lento, algo que as caixas elétricas levam vantagem. Em compensação, o câmbio mais uma vez conversa bem com o motor, em nenhum momento dando trancos, mesmo quando colocado em situações que, por exemplo, o Polo 1.0 TSI engasga. Fica a curiosidade para andar no Polo com este conjunto.
Seguindo os padrões do Inmetro, o consumo do Gol é de 11,1 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada com gasolina e 7,7/9,6 km/l com etanol, respectivamente. São números animadores, sendo que nesta primeira avaliação o Gol registrou até 17 km/l com gasolina, levando três pessoas a bordo. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 10,1 segundos com etanol, de acordo com a VW. Estes números comprovaremos em breve com um teste instrumentado completo.
Por R$ 54.580, o Gol entra no mesmo patamar do Chevrolet Onix Advantage (R$ 55.290), Toyota Etios X 1.3 AT (R$ 53.810), Hyundai HB20 Comfort Plus 1.6 AT (R$ 58.950) e o recém-chegado Ford Ka SE 1.5 AT (R$ 56.490). Além de mais uma opção de hatch abaixo dos R$ 60 mil com câmbio automático, ele quer atrair o público PCD que, até então, só tinha o Polo (sem falar no Fox e Up automatizados) como alternativa dentro da Volkswagen.
Neste preço, o Gol já traz direção hidráulica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas e rodas de 15". O pacote "Urban Completo" adiciona itens como chave canivete, retrovisores elétricos com pisca integrado, sensor de estacionamento traseiro, faróis de neblina e rodas de liga-leve, tudo por R$ 3 mil extras. Por mais R$ 2 mil, adiciona a central multimídia com espelhamento de smartphones, volante multifuncional com borboletas para troca de marchas e computador de bordo. Igual ao modelo avaliado, o Gol chega aos R$ 59.580.
Com a novidade, o Gol se torna o segundo carro automático mais barato do Brasil, ficando atrás apenas do Etios X, que tem um antigo câmbio de 4 marchas. Se você não se importar com algumas características da idade do projeto, como a direção hidráulica e os botões dos vidros traseiros no painel, agrada pela boa conversa do motor 1.6 com a caixa Tiptronic.
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, 4 cilindros em linha, 1.598 cm³, 16 válvulas, duplo comando de válvulas com variador da admissão, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
110/120 cv a 5.750 rpm; 15,8/16,8 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 15" com pneus 195/55 R15 |
FREIOS | discos ventilados na frente e tambores na traseira, com ABS e EBD |
PESO | 1.040 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 3.892 mm, largura 1.656 mm, altura 1.474 mm, entre-eixos 2.467 mm |
CAPACIDADES | tanque 55 litros, porta-malas 285 litros |
PREÇO | R$ 54.580 (R$ 59.580 como testado) |
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