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Teste instrumentado Mitsubishi ASX 2018: À espera do Eclipse

O SUV veterano ainda tem lenha para queimar ou já pede a aposentadoria?

Mitsubishi ASX Flex

Oito anos é bastante tempo quando falamos sobre automóveis. Muita coisa acontece neste tempo, como a chegada de novas tecnologias, novos concorrentes, atualizações mecânicas e visuais, ou mesmo mudanças nas tendências de mercado. Em 2010, quando a Mitsubishi lançou o ASX, por exemplo, os SUVs eram bem menos representativos do que hoje. 

O ASX mudou pouco neste tempo. Tornou-se produto nacional em 2013, teve duas leves atualizações visuais (a última foi apresentada no Salão do Automóvel 2016) e o motor 2.0 virou flex há cerca de um ano. Ainda assim, existe uma legião de compradores que valoriza suas qualidades - mesmo com as vendas bem longe do que foram no passado. A Mitsubishi começará a vender o Eclipse Cross por aqui a partir de setembro. Teoricamente, o Eclipse substituiria o ASX, mas a marca garante que há lugar para convivência pacífica entre eles - como acontece nos EUA. Mas será que o SUV veterano ainda tem lenha para queimar? É o que veremos neste teste da linha 2018, avaliada no modelo intermediário com tração 4x4 e câmbio CVT. 

Mitsubishi ASX Flex

Em termos de posicionamento de mercado, o ASX é um SUV médio. Há quem questione, pois, com 4,36 metros de comprimento, o Mitsubishi está entre o Honda HR-V (4.294 mm) e o Jeep Compass (4.416 mm), mas sua largura e altura se aproximam bem mais do Jeep, além de possuir entre-eixos maior, com 2.670 mm - valor na faixa dos novos Honda CR-V e Peugeot 3008. Isso dá a ele uma boa acomodação interna e porta-malas de 415 litros, ou 5 litros a mais que o Compass. Há quem o prefira justamente por ser mais curto, melhorando o uso em grandes (e apertados) centros, sem abrir mão do espaço.

Nascido há oito anos, lógico que o ASX envelheceu. Não há como brigar com o tempo, mas mesmo assim o SUV carrega bom acabamento, com peças suaves ao toque em diversas partes e que ao mesmo tempo aparentam boa qualidade e solidez. A questão é que o desenho entrega sua idade, com mais "rugas" que a parte de fora. Outros pontos que denunciam seus oito anos são a ausência de iluminação nos botões de vidros, travas e retrovisores na porta do motorista. Por outro lado, o painel de instrumentos é de fácil visualização, com uma tela colorida ao centro para funções de computador de bordo. O volante foi "reestilizado" em 2016. A central multimídia também foi atualizada, vindo agora com tela de 7" e espelhamento de smartphones. Mas parece acessório instalado em loja de som.

Mitsubishi ASX Flex

Ao volante, o ASX é uma mistura de sensações. A posição é elevada (como o público de SUVs gosta), com bom alinhamento entre coluna de direção (regulável em altura e profundidade) e pedais, algo positivo pensando que, neste ponto, fica próximo dos concorrentes mais recentes. A ergonomia também é elogiável, com os principais comandos posicionados ao alcance das mãos, inclusive o botão de acionamento da tração 4x4 no console central. Chave de seta e a alavanca do câmbio são mais duros do que normalmente encontramos em novos modelos, e isso chamou a atenção negativamente.  

O motor 2.0 (código 4B11) tem duplo comando de válvulas variável (o MIVEC), com corrente para a sincronização. Abastecido com etanol, chega a 170 cv e 23 kgfm de torque a 4.250 rpm, com boa entrega de força desde as rotações mais baixas. Já tive a oportunidade de dirigir o ASX com câmbio manual e é surpreendente o quanto ele responde bem, mesmo pesando mais de 1.400 kg. Com o CVT, porém, há uma incômoda demora da transmissão nas saídas, algo que as novas caixas resolveram em carros mais modernos. A transmissão da Mitsubishi tem simulação de 6 marchas com trocas por aletas de alumínio na coluna de direção, como no saudoso Lancer Evo X, mas não chega nem perto de empolgar. E, quando abastecido com etanol, o motor apagou algumas vezes na fase fria quando se exigia mais dele, como para sair da ladeira da garagem do prédio. 

Mitsubishi ASX Flex
Mitsubishi ASX Flex

Na pista de testes, o ASX teve bons números. Como comparação, sua aceleração de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos foi mais rápida que a do Jeep Compass 2.0 flex (11,6 s). E como o câmbio CVT faz o motor trabalhar em sua faixa de potência máxima, as retomadas 40 a 100 km/h e 80 a 120 km/h foram feitas em bons 7,3 e 6,9 segundos, respectivamente, tempos próximos do Peugeot 3008 e seu 1.6 turbo (7,1/6,8) e do VW Tiguan AllSpace 1.4T (7,2/7,0). Mas na hora de parar, mesmo com disco nas quatro rodas, o ASX cravou 45,1 metros, mais que os 44,8 metros do Compass, que também não deve se orgulhar disso. Outro ponto fraco é o consumo: com médias de 6,0 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada, só foi melhor que o...Jeep Compass, com 5,7 e 8,0 km/l, na ordem. 

A dinâmica do ASX agradou mais do que alguns SUVs mais novos. Com suspensão independente nas quatro rodas (multibraços na traseira), segura a carroceria mesmo quando provocado. Apesar da suspensão com propensão ao conforto e boa dose de amortecimento de impactos, seu balanço é facilmente controlável, só incomodando o quanto a traseira oscila ao passar por ondulações em altas velocidade. Antes de olhar a ficha técnica, eu jurava que o ASX usava assistência hidráulica para a direção, justamente pelo peso nas manobras e o quanto transmite dos buracos para as mãos do motorista. Mas é uma caixa elétrica, que merece recalibração para ficar mais leve em baixas velocidades, apesar de gostar do quanto ela comunica na estrada. 

Mitsubishi ASX Flex
Mitsubishi ASX Flex

O grande diferencial do ASX é o sistema de tração 4x4 que pode rodar no modo 4x2 (dianteira), 4x4 automática (que distribui a força automaticamente entre os eixos quando percebe alguma situação de perda de tração) e 4x4 lock (com distribuição igualitária entre os eixos). Funciona a contento, como já pudemos testar em oportunidades de trilhas e no asfalto, onde também pode ser selecionada a função Auto, por exemplo, em dias de chuva. 

Quanto custa?

O Mitsubishi ASX é vendido em três versões. A 2WD CVT custa R$ 103.990 e traz itens como central multimídia, piloto automático, assistente de partida em rampas, o mesmo conjunto de motor 2.0 e câmbio CVT aqui retratado, central multimídia, ar-condicionado automático, conjunto elétrico, Isofix, duplo airbag, câmera de ré e sensor de estacionamento.

A versão testada, a 4WD, passa a R$ 120.990 e adiciona retrovisores com rebatimento elétrico, abertura de portas e partida com chave presencial, acendimento automático dos faróis, bancos dianteiros com aquecimento e elétrico para o motorista, sete airbags (dianteiros, laterais, de cortina e de joelho para motorista) e controles de tração e estabilidade. Por fim, a chamada 4WD TOP sai por R$ 129.990 e adiciona teto-solar panorâmico e faróis de xenônio com lavador.

Mitsubishi ASX Flex

Para um carro veterano e com tantos rivais de peso, o ASX não é nada barato A 4WD, se fosse cerca de R$ 10 mil mais barata, competiria com, por exemplo, por compradores do Jeep Renegade 2.0 turbodiesel, de R$ 108.990 na versão Custom.

Vamos ter que esperar o Eclipse Cross para ver o que acontecerá com o ASX. Ele tem um pouco de lenha ainda para queimar, mas precisa atualizar alguns detalhes e, principalmente, ficar mais atraente para o bolso. Afinal, as rugas já estão bem visíveis.  

Fotos: autor/Motor1.com 

Ficha técnica - Mitsubishi ASX 2.0 4WD CVT

MOTOR dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1.998 cc, 16 válvulas, duplo comando variável, flex
POTÊNCIA/TORQUE

160/170 cv a 6.000 rpm; 22/23 kgfm a 4.250 rpm

TRANSMISSÃO CVT com simulação de 6 marchas, tração 4x4, com 4x2 dianteira
SUSPENSÃO independente McPherson na dianteira e multibraços na traseira
RODAS E PNEUS alumínio aro 18" com pneus 225/55 R18
FREIOS discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS
PESO 1.480 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 4.360 mm, largura 1.810 mm, altura 1.635 mm, entre-eixos 2.670 mm
CAPACIDADES tanque 60 litros, porta-malas 415 litros
PREÇOS R$ 120.990
MEDIÇÕES MOTOR1 BR
    Mitsubishi ASX 4WD 2.0 Flex CVT
Aceleração  
  0 a 60 km/h 4,7 s
  0 a 80 km/h 7,3 s
  0 a 100 km/h 10,6 s
Retomada  
  40 a 100 km/h em D 7,3 s
  80 a 120 km/h em D 6,9 s
Frenagem  
  100 km/h a 0 45,1 m
  80 km/h a 0 29,2 m
  60 km/h a 0 16,7 m
Consumo  
  Ciclo cidade 6,0 km/l 
  Ciclo estrada 9,2 km/l

Galeria: Mitsubishi ASX Flex

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