Já dirigimos Toyota Camry: O de sempre, mas melhor
Renovado da cabeça aos pés, o Camry melhora sua fórmula sem reinventar a roda
– Newberg, Oregon
Mesmo que o mundo esteja louco pelos SUVs, é difícil não destacar a importância do Toyota Camry. Ainda é o carro mais vendido dos Estados Unidos, o segundo maior mercado mundial (embora ainda abaixo das picapes e SUVs), ao ponto de ser comum pelas ruas gringas. A fábrica da Toyota em Kentucky produz um Camry a cada 60 segundos. Por isso sofria tanta pressão na hora de trocar de geração. Chega ao Brasil mais tranquilo, já que participa de um segmento de participação menos expressiva, com a missão de mostrar o que a marca japonesa pode fazer e ser a opção para quem quer algo acima do Corolla, mas ainda não está pronto para ir para a Lexus.
O Camry é realmente novo, adotando a plataforma modular Toyota New Global Architecture (TNGA), a mesma do híbrido Prius e, futuramente, do novo Corolla. Seu motor de quatro cilindros também é novo, enquanto o V6 passou por uma atualização bem ampla. Ganhou uma nova transmissão automática de 8 marchas e a suspensão traseira agora é independente double wishbone (ou Duplo A). E ainda trocou o visual e incrementou a lista de equipamentos.
Trocar de plataforma fez com que o Camry tivesse seu entre-eixos aumentado em 4,8 centímetros para 2,28 metros, enquanto seu comprimento cresceu entre 3 cm e 4,5 cm (dependendo da versão), o que deixa o sedã com, no máximo, 4,88 m de comprimento. A altura caiu 2,5 cm, para reduzir o centro de gravidade, deixando os passageiros sentados mais abaixo - a altura da cintura ficou 2,5 cm mais baixa na frente e 3 cm na traseira. O objetivo é fazer o carro parecer mais baixo, largo e, consequentemente, mais atlético.
O Camry é realmente novo, adotando a plataforma modular Toyota New Global Architecture (TNGA), a mesma do híbrido Prius e, futuramente, do novo Corolla.
Essa ideia de ser mais atlético está em todo o design do novo Toyota Camry. Chamado de "Keen Look" (visual ousado, em tradução livre), é muito mais expressivo do que o anterior, com linhas e vincos mais fortes, um vidro traseiro mais inclinado e uma distinção maior entre as versões. O SE e XSE, por exemplo, tem uma cara mais esportiva; o XSE tem rodas de 19 polegadas, quatro saídas de escape (pela primeira vez em um Camry), e pode ser equipado com teto preto e interior vermelho. O capô está 4 cm mais baixo do que antes e todas as cinco opções de roda (de 16 a 19 polegadas) tem novo desenho.
Independente da versão, o Toyota Camry 2018 é um ideia muito mais moderna do que é um sedã grande. As versões básicas (L, LE e XLE) ainda são um pouco conservadoras, com a frente dominada por uma grade inferior gigante e larga; o SE e XSE adotam entradas de ar falsas para deixar o design mais esportivo. Os vincos na carroceria estão mais fortes, e é mais resolvido na traseira, incluindo o logo Camry redesenhado.
O novo 2.5 de quatro cilindros em linha e com injeção direta de combustível produz 203 cv e 25,4 kgfm (ou 207 cv e 25,7 kgfm no XSE). Ficou 25 cv e 1,9 kgfm mais potente do que o Camry 2017 com o 2.5 anterior. É mais forte e suave em ação. Conforme as rotações sobem, o motor vai fazendo um som áspero, porém cumpre o seu papel sem chamar muita atenção. Com essa potência, o Camry é até rápido para um sedã grande e, felizmente, não sofre de esterçamento por torque.
Com tanta potência - sem mencionar a economia - oferecida pelo quatro cilindros, fica difícil recomendar a versão V6.
Uma transmissão automática de 8 marchas substitui a caixa de 6 posições. Com trocas sutis e prazerosas, ela logo chega a marchas mais altas para andar de forma mais suave, mantendo o ruído e o consumo de combustível bem baixo. É rápido na hora de reduzir as marchas ao dar a ordem por mais potência. O torque máximo não aparece até os 5.000 rpm, então o Camry com motor 2.5 precisa acelerar mais do que alguns de seus rivais com motores turbo.
Trocar pelo Camry com motor V6 é muito mais divertido. Atualizado, o 3.5 agora gera 310 cv e 37,7 kgfm de torque. Tem potência mais do que suficiente para cantar os pneus ao sair, com apenas um pouco de esterçamento por torque puxando o volante. No geral, o V6 é mais quieto e refinado do que o quatro cilindros. Precisa acelerar menos para gerar força em retomadas e, dessa forma, emite um som mais baixo por ter que forçar menos o motor.
É claro que, com tanta potência - sem mencionar a economia de combustível - oferecida pelo quatro cilindros, fica difícil recomendar a versão com motor maior. Apenas 6% dos Camrys vendidos até agora nos EUA usam o V6. Porém, como seu rival direto, o Honda Accord, desembarca no nosso país com este tipo de motor, fica difícil a Toyota não seguir a mesma estratégia.
A Toyota considerava desenvolver um ajuste diferente para os modelos SE e XSE, mas mudou de ideia porque os clientes do Camry prefere conforto à diversão.
Deixando a motorização de lado, o novo Camry parece mais maduro atrás do volante. Tem gravidade e peso em todos os comandos, incluindo o volante (que ainda é anestesiado nas respostas), e a dinâmica é mais direta, sem que o carro flutue demais; o novo ajuste da suspensão traseira, sem dúvida, ajuda a manter a postura em ruas acidentadas. Enquanto esteja bem longe de ser o mais divertido ou satisfatório entre seus rivais, o Camry não mostra nada de errado ao dirigir.
A nova geração também é mais quieta em todas as circunstâncias, com um nível bem moderado de barulho do vento e do motor invadindo a cabine. Para manter os ruídos e vibrações o mais baixo possível, o carro está 30% mais firme do que seu antecessor, e os engenheiros trabalhar para que todas as entradas nos painéis das portas ficassem menores, além de incluir mais isolamento acústico.
Sentar atrás do volante do mais invocado XSE V6 deixa as coisas um pouco mais divertidas. A direção é um pouco mais afiada, graças ao perfil baixo das rodas de 19 polegadas (com pneus 235/40, enquanto o Camry nacional usa 235/48 com rodas 18) e o volante perde um pouco da anestesia. Apesar das quatro saídas de escape e do bodykit mais agressivo, o XSE é praticamente igual a qualquer outro Camry. Isso acontece porque a Toyota não se preocupou em dar outro ajuste de suspensão para o XSe, além de uma diferença mínima nos amortecedores para compensar as rodas e pneus diferentes. Masato Katsumata, engenheiro-chefe do Camry, diz que a Toyota até pensou em desenvolver um ajuste específico para os modelos SE e XSE, mas mudou de ideia porque os clientes do Camry prefere conforto à diversão.
O design do painel é moderno e inteligente, apesar que as bordas junto às portas tenha um vão desapontante.
O novo interior do Camry parece e passa a sensação de ser bom em todos os ângulos, apesar do banco do motorista ser um pouco duro e desconfortável após algumas horas dirigindo. O painel de instrumentos renovado tem um computador de bordo que pode ser o básico de 4,2 polegadas ou um mais belo de 7 polegadas, o volante trocou o formato dos botões e o painel central ficou bem mais fácil de usar com o novo arranjo dos comandos. O formato incomum em forma de Y na área da central multimídia, além de ficar inclinado na direção do motorista, faz com que seja difícil para o motorista mexer nos controles do rádio. O acabamento interessante que passa pelo painel do lado do motorista pode ter um acabamento diferente, dependendo do modelo. O design do painel é moderno e inteligente, apesar que as bordas junto às portas tenha um vão desapontante.
O compartimento na frente do câmbio pode ser equipado com um carregador de bateria sem fio para smartphones e vem com uma entrada USB e uma entrada auxiliar de sim; todas as versões exceto a básica L ganham também um parte de portas USB no porta-objetos central.
O espaço dos assentos traseiros é elogiável, com muita área para pernas e cabeça para adultos se sentirem confortáveis em viagens longas. Não tem portas USB ou de 12V para os passageiros, então leve um cabo USB longo para seus filhos conseguirem um pouco de energia para o celular. E, com 593 litros de espaço sem rebater os bancos, o porta-malas é largo e fundo, com capacidade para acomodar bagagens bem grandes. Os bancos podem ser rebatidos com facilidade, mas não fica completamente reto; tem um pequeno degrau na transição entre o piso do porta-malas e o banco.
Nenhuma versão da central multimídia da Toyota oferece Apple CarPlay ou Android Auto.
Uma das novidades para o Camry são opcionais como o head-up display colorido de 10 polegadas, o sistema de som JBL de 800 watts, faróis e lanternas em LED, banco do motorista com ajuste elétrico em oito direções, freio de estacionamento elétrico, e sistema de câmera para visão 360°. Os equipamentos de série em todas as versões incluem tela sensível ao toque de 7 polegadas, luzes diurnas e lanternas em LED, ar-condicionado, e o pacote de equipamentos de segurança Toyota Safety Sense-P. Este pacote adiciona controle de cruzeiro adaptativo, alerta e frenagem pré-colisão, assistente de permanência em faixa, e faróis altos automáticos. Nos modelos que tem o freio de estacionamento eletrônico, ao invés do que operado por pedal, o controle de cruzeiro pode parar o carro completamente.
A central multimídia mais básica funciona bem, com botões físicos para o volume e o ajuste de frequência, mas sua interface não chama a atenção comparada com a dos concorrentes. Não tem navegador, embora ofereça integração com o aplicativo Scout GPS Link para smartphones. Outros apps que conversam com a central são o NPR One, Pandora, Slacker, iHeartRadio e vários outros de tráfego ou clima. Navegação por GPS é padrão no sistema com tela de 8 polegadas dos modelos V6 e tem uma função de zoom. Também tem conexão 4G LTE por wi-fi, que pode conectar até 5 aparelhos ao mesmo tempo.
Infelizmente, nenhuma versão da central multimídia oferecem Apple CarPlay ou Android Auto. Apesar deste tipo de integração estar se tornando padrão entre as fabricantes, um executivo da Toyota diz que as preocupações com privacidade dos dados impedem que a empresa use este sistema.
O novo Toyota Camry é vendido no Brasil somente na versão XLE com motor V6, por R$ 189.990.
Como o mercado de sedãs grandes encolheu muito nos últimos anos, a Toyota optou por trazer o Camry ao Brasil em somente uma versão, a topo de linha XLE com motor V6, por R$ 189.990. Embora tenha ficado mais barato do que o anterior, é um preço bem elevado, ainda mais que o líder do segmento, o Ford Fusion, custa até R$ 155.900, embora use um motor 2.0 turbo. Até a versão híbrida do Fusion, por R$ 160.900, é mais em conta. A Honda vende o Accord EX V6 por R$ 162.500, mas ainda da geração passada - a marca promete o novo Accord para o 2º semestre.
Embora esteja mais pesado e tenha ficado mais potente, o Camry 2018 é mais eficiente graças ao novo motor. O XLE V6 registrou 9,4 km/l na cidade, 14 km/l na estrada e 11 km/l no consumo combinado.
O Toyota Camry 2018 ainda entrega as qualidades que fazem com que o sedã seja um sucesso nos EUA.
O Toyota Camry 2018 ainda entrega as qualidades que fazem com que o sedã seja um sucesso nos EUA. É mais fácil de viver com ele, mais espaçoso, mais barato e inofensivo ao dirigir. Esta nova versão é melhor em todos os aspectos em comparação com seu predecessor, com um estilo mais ousado, dinâmica melhor e mais equipamentos de segurança. Mas não tem nada que o faça se destacar no segmento dos sedãs grandes. Ainda assim, melhorar uma fórmula de sucesso é uma estratégia acertada e faz com que o Camry 2018 seja uma evolução bem sucedida.
Fotos: Jake Holmes / Motor1.com
Galeria: Toyota Camry - Primeiras Impressões
2018 TOYOTA CAMRY XLE
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