Atenções voltadas para o Cronos. Segundo a Fiat, o sedã fecha o primeiro ciclo de renovação de sua linha no Brasil, que começou com a Toro, continuou com o Mobi, Argo e está sendo finalizado agora. Ou seja, com o tempo, a marca quer mudar a forma como os consumidores enxergam seus carros e os desejam. Se ela já foi referência por populares simples e robustos, a meta agora é fisgar emocionalmente os consumidores.
Fomos até Córdoba, cidade localizada a cerca de 700 km de Buenos Aires, pra conhecer em primeira mão o Cronos. A escolha não foi aleatória. É lá que fica a fábrica da Fiat que produz o Cronos e o exportará ao Brasil, enquanto nós continuamos enviando produtos como Mobi e Argo (de Betim, MG) e Toro (de Goiana, PE), apenas para citar os mais recentes lançamentos.
Há quem o chame simplesmente de Argo Sedan. Mas, apesar de usar muito do hatchback, o Cronos tem uma certa independência, assim como o Grand Siena tinha do Palio. Claudio Demaria, diretor de engenharia da FCA Latam, foi pessoalmente explicar o que mudou e o que não mudou do Argo para o Cronos. Aos que gostam de números, 70% do sedã é novo, mesmo que em muitos lugares isso não seja visível.
A plataforma é a mesma, chamada pela FCA de MP-S. Como é de esperar em um sedã, o Cronos tem cerca de 36 cm a mais no comprimento (4.364 mm) pela presença do terceiro volume para o porta-malas de 525 litros, mas apenas isso o diferencia (em medidas) do Argo. Ambos têm a mesma largura (1.726 mm), altura (1.516 mm) e entre-eixos (2.521 mm) - vale lembrar que o rival VW Virtus tem entreeixos alongado em relação ao Polo -, mas Demaria explicou que há mais que isso sob a carroceria.
Toda a estrutura, da parede corta-fogo até o final do porta-malas, é exclusiva do Cronos. Ela é mais rígida que a do Argo pela adição do balanço traseiro, o que criaria maior torção se tivesse mantido tudo do hatch, além da mudança de distribuição de peso. Aqui já começa a preocupação da Fiat com a dinâmica do sedã, algo que testei em local fechado, e já comento sobre. Na carroceria em si, o Argo "doa" apenas os para-lamas dianteiros, portas dianteiras com retrovisores e maçanetas e faróis. De resto, é tudo do Cronos.
A suspensão, apesar de usar a mesma arquitetura (independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira), foi totalmente recalibrada: amortecedores, molas, barra estabilizadora dianteira e até o eixo traseiro foram projetados para o Cronos. Não que o sedã seja muito mais pesado - cerca de 10 kg -, mas o comportamento de um três-volumes é diferente de um hatch pela adição do balanço traseiro e usar as mesmas peças em ambos, apesar de gerar economia de escala, não funciona muito bem. A bitola é pouca coisa mais larga, com 1.467 mm na dianteira (2 mm a mais) e 1.504 mm na traseira (4 mm a mais).
Apesar de produzido na Argentina, o Cronos dividirá os mesmos conjuntos mecânicos com o Argo - a não ser pela ausência do 1.0. Ou seja, estamos falando do 1.3 Firefly de 101/109 cv e 13,7/14,2 kgfm com câmbio manual ou automatizado GSR de 5 marchas (fabricado em Betim, MG) e o 1.8 E-torQ de 135/139 cv e 18,8/19,3 kgfm com câmbio manual de 5 marchas ou automático de 6 marchas, vindo de Campo Largo (PR). O mesmo vale para a arquitetura eletrônica, vinda da Toro, Argo, Jeep Renegade e Compass. É um Argo Sedan? Sim e não.
Essa independência é refletida, em maior parte, pelo design. Além da porção traseira com suas lanternas afiladas em LED, a dianteira tem para-choque exclusivo e capô que avança mais para a frente, resultando em uma grade menor e um perfil que parece mais esportivo que do Argo. Este estilo cairia bem ao hatch.
Em uma pista fechada, a Fiat organizou um teste para mostrar o resultado de todo o trabalho de dinâmica que foi feito no Cronos. No mesmo lugar, colocaram concorrentes (Hyundai HB20S, Toyota Etios Sedã e Chevrolet Prisma, mas este último sem as mudanças de suspensão feitas na última reestilização) para podermos ter um parâmetro de comparação. Não havia o VW Virtus, já que na época ele ainda não tinha sido lançado - e a Fiat diz que ele não será um concorrente direto de seu sedã -, mas este comparativo faremos em breve.
De fato, o Cronos se mostrou bem equilibrado em um teste de desvio de trajetória rápido. A traseira se mantém na mão, mesmo quando o controle de estabilidade está desligado, diferente dos concorrentes que lá estavam. Para este teste (e todos os demais), utilizei a versão Precision com o motor 1.8 e câmbio automático, abastecido com gasolina. Como no Argo, o câmbio insiste em manter uma marcha alta, privilegiando consumo e priorizando sempre uma faixa baixa de rotações, algo que não ajuda o E-torQ, um motor que gosta de giros para andar bem. Em termos de consumo, veja a tabela abaixo, com dados do Inmetro:
VERSÃO | GASOLINA CIDADE | GASOLINA ESTRADA | ETANOL CIDADE | ETANOL ESTRADA |
Fiat Cronos Drive 1.3 MT | 12,4 km/l | 14,8 km/l | 8,5 km/l | 10,3 km/l |
Fiat Cronos Drive 1.3 GSR | 12,7 km/l | 14,8 km/l | 8,8 km/l | 10,4 km/l |
Fiat Cronos Precision 1.8 MT | 11,6 km/l | 13,8 km/l | 8,0 km/l | 9,6 km/l |
Fiat Cronos Precision 1.8 AT | 10,3 km/l | 13,3 km/l | 7,2 km/l | 9,6 km/l |
Já na estrada aberta, o Cronos lembrou o...Argo. A direção elétrica tem calibração para uma boa comunicação em velocidades de cruzeiro (100, 120 km/h), assim como a suspensão não balança nem quando há passageiros no banco traseiro, algo que acontece, por exemplo, no Hyundai HB20S. O E-torQ sente o peso do carro e o câmbio, com sua programação para consumo, pede reduções nas borboletas para uma ultrapassagem ou retomada. A posição de dirigir é alta, o que agrada ao público em geral, mas não faz meu estilo.
Em espaço interno, é exatamente como o Argo, tanto na frente quanto atrás. Seu grande trunfo é a largura para os ombros no banco traseiro (peça exclusiva do Cronos), mesmo que o espaço para as pernas não seja o maior da categoria. Seu entre-eixos foi mantido, como já dito, o mesmo do Argo. No porta-malas cabem 525 litros, mais que os 521 litros do VW Virtus, porém com área de abertura menor, o que dificulta para carregar objetos maiores.
O Fiat Cronos será vendido em quatro versões. Veja os principais equipamentos de cada uma delas:
Diferente do Argo, o sistema start-stop não é mais um item de série no 1.3 manual. Segundo a marca, os clientes preferem ter o sistema como um opcional, por não agradar a todos. Fica devendo também o controle de estabilidade na versão 1.3 manual, nem como opcional. Falando em opcionais, veja a lista:
Até o momento, a Fiat não divulgou a tabela de preços oficial do Cronos. Porém, fontes indicam que ele será cerca de R$ 4 mil mais caro que a versão equivalente do Argo. Logo, os preços (estimados) são esses:
VERSÃO | PREÇO (estimado) |
Fiat Cronos Drive 1.3 MT | R$ 58.990 |
Fiat Cronos Drive 1.3 GSR | R$ 63.990 |
Fiat Cronos Precision 1.8 MT | R$ 66.290 |
Fiat Cronos Precision 1.8 AT | R$ 72.290 |
Se em qualidade de construção e visual o Cronos é realmente uma evolução ao que já vimos em sedãs compactos da Fiat, a concorrência vem "pesada", como mostrou o VW Virtus. Cada um tem seus pontos positivos, mas, se os preços do Fiat forem confirmados, a briga será boa. Mas isso é um papo para um comparativo futuro...
Fotos: Fiat para Motor1.com
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.747 cm3, comando simples variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
135/139 cv a 5.750 rpm / 18,8/19,3 kgfm a 3.750 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de aro 17" com pneus 205/45 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.271 kg |
DIMENSÕES | comprimento 4.364 mm, largura 1.726 mm, altura 1.516 mm, entre-eixos 2.521 mm |
CAPACIDADES | tanque 48 litros, porta-malas 525 litros |
PREÇO | R$ 72.000 (estimado) |
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