O Duster é um "case" de sucesso para a Dacia (marca romena do Grupo Renault). Desde seu lançamento em 2010, já foram vendidos mais de 1 milhão de exemplares mundo afora. Agora chegou o momento da substituição. O sucessor foi descoberto há poucas semanas no Salão de Frankfurt. Primeira observação: a nova geração aproveita os fundamentos do modelo inicial. Isso é verdade não somente do ponto de vista estético, mas também no técnico, uma vez que o SUV mantém a plataforma e os motores. A Dacia preferiu se concentrar em pontos que lhe pareciam essenciais, como apresentação, isolamento acústico, conforto, equipamentos, etc. Então devemos encontrar um Duster mais aconchegante, certo?
A Dacia assegura que nenhum painel de carroceria foi preservado de uma geração para a outra. Geralmente, quando você se sente obrigado a especificar isso, é porque ficou alguma dúvida... De fato, o Duster herda as linhas do modelo original. Mas, ao observar mais de perto, vemos que há muitas mudanças, mais numerosas até do que pensamos num primeiro momento. O objetivo era fornecer um visual mais viril ao SUV romeno.
Os designers procuraram expandir visualmente o carro sem alterar suas dimensões. Para conseguir isso, eles aumentaram a grade e espaçaram os faróis. Também optaram por um proeminente "quebra-mato" embutido no para-choque e um capô mais horizontal.
O perfil exibe uma pitada de robustez extra, graças a uma linha de cintura um pouco mais definida. A guarnição plástica no para-lamas se encaixou bem no espírito aventureiro do modelo. O para-brisa ficou mais inclinado e avançado, o que também acabou por agregar um pouco mais de presença na silhueta do SUV.
De traseira, o novo Duster é facilmente reconhecível por suas lanternas completamente redesenhadas (que acabaram semelhantes às do Jeep Reenegade) e também por conta do novo para-choque que imita uma barra de proteção. No geral, tem desenho menos utilitário que a dianteira.
A apreciação das linhas é algo subjetivo, mas algo nos diz que a Dacia conseguiu atualizar com sucesso o tema estético do Duster, ou seja, ele mantém a identidade do anterior, mas ao mesmo tempo é novo.
Agora estamos a bordo do off-road franco-romeno, bem instalado em bancos mais confortáveis. Isso porque um dos objetivos deste novo Duster era reservar um destino melhor para seus ocupantes. Entre as mudanças feitas, temos novos materiais isolantes e bancos com assento mais longo, para absorver melhor as irregularidades do piso.
O painel também foi completamente redesenhado, atendendo às expectativas. Ficou mais estiloso que o anterior, e mais bem acabado também. Claro, os plásticos continuam rígidos, mas isso realmente te perturba? Os engenheiros também melhoraram a ergonomia, por exemplo, reposicionando a central multimídia um pouco mais para cima. Os botões de comando também ficaram mais sólidos, incluindo os do ar-condicionado, lembrando que sua proposta é ser um SUV barato.
Novos equipamentos são propostos, como a chave-cartão "hands free", o detector de pontos cegos e o acendimento automático dos faróis. Há também uma câmera multivisão, que não deve ser confundida com a câmera de 360 graus encontrada em veículos mais caros. A multimídia pode exibir imagens do que está acontecendo na frente, atrás e nos lados (o que pode ser usado para manobras de estacionamento e off-road), mas motorista o só consegue ver uma imagem de cada vez. É algo de carros mais caros, mas sempre no espírito da Dacia, isto é, limitando os custos tanto quanto possível. Quanto ao espaço interno, não evoluiu e permanece na média da categoria.
Como dissemos no começo, o novo Duster muda pouco no nível técnico (mesma plataforma e mesmos motores). Para esta primeira avaliação, optamos pela versão 1.2 turbo TCe a gasolina de 125 cv com transmissão manual de 6 marchas e tração dianteira. Nas primeiras voltas, achamos que a suspensão é demasiada firme. As irregularidades da estrada são bastante sentidas em baixa velocidade. Felizmente, os passageiros da frente estão instalados em bancos confortáveis. Por outro lado, o banco traseiro merecia um pouco mais de preenchimento.
No entanto, a firmeza que sentimos em baixas velocidades tende a desaparecer à medida que o ritmo aumenta. E o motor está realmente silencioso, mesmo quando você acelera com vontade. A Dacia não mentiu para nós, o isolamento acústico realmente progrediu. Mesmo na estrada, desfrutamos de um nível de ruído bastante correto, apesar de alguns barulhos de vento.
O 1.2 TCe de quatro cilindros não é apenas discreto, também é eficaz. Apoiado por um câmbio bem escalonado, oferece um prazer de condução perfeitamente agradável graças ao torque de 20,9 kgfm. Além disso, seu consumo é relativamente razoável: 14,2 km/l de gasolina durante nossa avaliação. No Brasil, deverá ser mantido o 1.6 SCe nas versões de entrada.
O Duster se comporta bem em rodovias, apesar de uma nítida inclinação nas curvas. No entanto, o que mais lamentamos é a leveza excessiva da direção eletro-hidráulica (ainda não foi desta vez que a Dacia adotou um sistema totalmente elétrico). É agradável na cidade, com pequeno raio de giro, mas em velocidade o sistema não é muito comunicativo.
Pudemos também apreciar as qualidades off-road do modelo numa pequena aventura realizada a bordo de uma versão 4x4. Inquestionavelmente, o Duster é mais valente que a média dos rivais em terrenos difíceis. A distância do solo de 210 mm e seus grandes ângulos de ataque e saída permitem atravessar diversos obstáculos sem dificuldades.
Alguns equipamentos complementares são verdadeiros aliados neste tipo de exercício. Como, por exemplo, o controle de descidas que permite atacar encostas íngremes sem se preocupar com a velocidade. O assistente de partida em rampa também é bastante útil.
É difícil que o novo Duster não consiga continuar a história de sucesso que começou em 2010. Mais atraente que o antecessor, também é mais bonito e mais bem equipado. Mas o melhor é que seu preço de entrada ficou inalterado. As versões superiores estão um pouco mais caras, mas o equipamento é mais farto, então justifica os aumentos aplicados pela Dacia, de 300 a 500 euros (de R$ 1.172 a R$ 1.954). No Brasil, o atual Duster parte de R$ 69.990 e ainda sobrevive por um tempo. Segundo a Renault, o novo Duster chega ao nosso mercado em 2019, com provável mostra no Salão do Automóvel no fim do ano que vem.
Certamente, estamos diante de um modelo mais confortável. Apenas a direção hidráulica não nos convenceu. Mas, todo o resto é gratificante, até agradável, em vista do preço cobrado. Existe realmente um mundo de diferença entre o primeiro Logan, que chegou à Europa em 2004, e este novo Duster. Alguns Renaults é que devem ficar preocupados...
Fotos: Motor1.com França
Dacia Duster TCe 125
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