Comparativo VW Polo 1.6 MSI x Fiat Argo 1.3 Drive - Hora da revanche?
O Polo levou a melhor sobre o Argo nas versões de topo, mas nos modelos intermediários o pega é mais equilibrado
Argo e Polo foram os protagonistas do mercado automotivo brasileiro em 2017. Como de costume, tanto a Fiat quanto a VW apostaram em mostrar inicialmente as versões mais caras e equipadas de seus hatches, principalmente a marca alemã, que queria valorizar o fato de estrear o elogiado motor 1.0 TSI unido a um câmbio automático. Para se ter ideia, há pouquíssimas unidades do Polo 1.6 na frota de imprensa da marca. Agora, passados alguns meses dos carros nas lojas, vamos finalmente ao comparativo entre as versões intermediárias: Argo 1.3 x Polo 1.6. Será que o VW repete a vitória da versão TSI no comparativo das configurações mais caras ou o Fiat dá o troco?
Espaço e praticidade
Muito já falamos da elogiada plataforma modular MQB, usada em diversos carros do Grupo VW (incluindo o Golf), ter chegado ao Polo nesta nova geração. Isso garantiu porte e equipamentos inéditos para o modelo, a ponto até de a VW chamá-lo de mini-Golf em suas propagandas. Já o Argo vem de uma plataforma não modular, mas que nasceu a partir do Punto, também "grandinho" para um hatch compacto.
Em relação aos modelos mais vendidos do país, Chevrolet Onix e Hyundai HB20, Argo e Polo estabelecem um novo padrão de espaço interno, principalmente na habitabilidade traseira. O VW também é largo para um hatch compacto, com 1,75 m, contra 1,72 m do Fiat. Outra vantagem do Polo está no entre-eixos mais longo, de 2,56 m, enquanto o do Argo mede 2,52 m. No porta-malas, eles empatam com 300 litros, perdendo apenas para o Sandero no segmento.
Embora as medidas deem vantagem ao Polo, na vida real observamos que o Argo oferece mais espaço para as pernas dos ocupantes do banco traseiro. Já o VW é melhor na área dos ombros, e ambos são muito parecidos no vão para a cabeça. Na frente, o Fiat peca por ter o puxador de porta muito avançado, que acaba esbarrando na perna do motorista, o que não ocorre no Polo. Com bancos mais confortáveis, o Argo tem a posição de dirigir ligeiramente mais alta e conta com ajuste de altura tanto do banco quanto do volante. No Polo o motorista fica um pouco "afundado" atrás do painel, em posição mais esportiva, mas esta versão peca por não oferecer ajuste da coluna de direção (apenas de altura do banco).
Outra mancada da VW é que a tampa do porta-malas do Polo só pode ser aberta pela chave ou comando interno, enquanto o Argo possui um botão específico no espaço entre a tampa e o para-choque, além do comando remoto. Nada prático também é ter de ajustar os retrovisores manualmente no VW, visto que o ajuste elétrico só é oferecido das versões TSI. Nas MSI 1.0 e 1.6, inexplicavelmente o item não está disponível nem como opcional.
Acabamento e equipamentos
Como você pode observar pelas fotos abaixo, o Polo exagera na simplicidade. Esta versão 1.6 nem possui identificação, respondendo apenas pela sigla MSI - podia ser Trendline, por se posicionar abaixo da Comfortline. Além das já citadas faltas de ajuste da direção e regulagem elétrica dos retrovisores, o MSI também não pode vir com faróis de neblina. A central multimídia Composition Touch, de 5", é opcional, assim com as rodas de liga aro 15" e até o computador de bordo I-System. Em compensação, o hatch alemão é exemplo de segurança: vem de série com quatro airbags (frontais e laterais) e controle de tração (M-ABS), tendo como opcional o controle de estabilidade. Além disso, é o único do segmento com cinco estrelas no teste de impacto do Latin NCAP.
O Argo Drive 1.3 vem de série com computador de bordo e a central multimídia UConnect de 7", com tela "flutuante" - como opcional pode receber câmera de ré e sensor de estacionamento. Opcionais incluem ainda retrovisores elétricos com seta embutida, rodas de liga aro 15", vidros elétricos na traseira e faróis de neblina, entre os principais itens. Falha grave é ausência do controle de estabilidade, nem como opcional. Somente a versão Drive 1.3 com câmbio automatizado GSR possui o sistema, e de série, o que torna a não oferta no 1.3 manual ainda mais estranha.
Completos, os dois hatches rondam os R$ 60 mil, mas o Argo parece devolver melhor o investimento feito. Além de mais equipado, ele tem o ambiente interno mais caprichado. Começa pelo painel, com diversas texturas e um aplique na cor cinza que atravessa a peça, e segue pelo tecido dos bancos e pelo quadro de instrumentos com desenho inspirado. Some isso à multimídia com boa resolução no alto do painel e temos a sensação de estar num carro mais caro que o Polo.
Nesta versão 1.6, a VW parece ter feito de tudo para que um possível interessado acabe optando pela Comfortline TSI. Além do painel com desenho um tanto sem graça (comum às outras versões), a falta de texturas e cores faz a cabine parecer ainda mais pobre. A peça que atravessa o painel é preta fosca, parecendo plástico de protótipo, sem o acabamento final, enquanto o volante é de material muito liso e escorrega nas mãos. Para completar, os bancos possuem tecido mais simplório que o do Argo, além de deixar os trilhos à mostra. Merecia mais cuidado, principalmente por se tratar de um Polo, modelo que sempre foi mais especial que os demais hatches compactos da VW.
Ao volante
Mesmo não sendo o Argo mais potente, o Drive 1.3 é o mais gostoso de dirigir da linha. O motor com duas válvulas por cilindro gira macio e entrega bom torque em baixas rotações, com 14,2 kgfm disponíveis a 3.500 rpm. Perde um pouco do brilho quando abastecido com gasolina (101 cv), mas com etanol (109 cv) as respostas são bastante agradáveis, principalmente em uso urbano. O câmbio tem engates um pouco longos, mas não chega a incomodar, enquanto a direção é leve e a suspensão, macia sem ser molenga. No conjunto, o Argo 1.3 anda bem, roda suave e é bastante silencioso.
Como esperado, o Polo 1.6 também é um carro "justinho". Motor, câmbio, suspensão e direção falam a mesma língua, tornando o hatch prazeroso de guiar. Na comparação com o Argo, destaca-se pelos engates do câmbio, mais curtos e precisos, e pelos freios, mais eficientes e com pedal de tato mais firme. O propulsor EA-211 trabalha suave mesmo em giros altos, mas, em baixa, fica devendo um pouco de força. Mesmo com comando variável na admissão, o torque máximo de 16,5 kgfm só é entregue a 4 mil rpm e as respostas são um pouco "chochas" abaixo disso. Quando abastecido com gasolina (110 cv), a perda no desempenho é sensível - fica para trás do Argo 1.3 com etanol. Mas, com ambos no etanol, o Polo faz valer sua maior potência (117 cv) e torque, como mostram nossos números de teste.
Na pista, o VW abriu vantagem principalmente nas acelerações, chegando aos 100 km/h em 10,9 s, contra 12,2 s do Fiat. Mas. nas retomadas, que definem o fôlego do carro no dia a dia, a superioridade do Polo foi menor - 1 segundo à frente na prova de 80 a 120 km/h. Na estrada, ambos ficam devendo uma sexta marcha para reduzir o trabalho do motor em velocidades de viagem (causa mais estranheza não ter sido adotada no Polo, uma vez que o Fox com esse motor usava uma caixa de 6 posições).
Em termos de consumo, podemos dizer que o Argo compensa aquilo que ele perde do Polo em desempenho. Ou seja, o VW anda um pouco mais, enquanto o Fiat bebe um pouco menos. Médias de 8,2 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada, contra 8,0 km/l e 11,4 km/l do oponente, sempre com etanol.
Uma coisa que me chamou atenção no Polo 1.6 foi o acerto de suspensão mais firme que o das versões 1.0 TSI. Mais leve (1.083 kg contra 1.147 kg) e com rodas menores (aro 15" contra 16"), a versão menos potente pareceu oscilar menos nas imperfeições do piso, embora ainda seja confortável. Nas curvas, mesmo sendo mais macio que os demais compactos da VW, o Polo mostra comportamento bastante seguro e previsível. O Argo também agrada (é bem melhor que o Palio), mas com um pouco mais de rolagem da carroceria em relação ao rival.
Compra e manutenção
O Argo 1.3 custava menos que o Polo 1.6 até esta semana. Pois a Fiat acaba de divulgar nova tabela que igualou o preço do rival: R$ 54.990. Ou seja, não será por causa do preço que você decidirá entre um dos dois. A diferença no custo de manutenção ao longo dos primeiros 30 mil km também é pequena (com vantagem do Fiat), como mostra a tabela abaixo:
Revisão | Argo | Polo |
10.000 km | R$ 264,00 | R$ 277,30 |
20.000 km | R$ 500,00 | R$ 553,30 |
30.000 km | R$ 437,00 | R$ 487,30 |
Total | R$ 1.201,00 | R$ 1.317,90 |
Já na cotação do seguro, o Argo se mostrou mais amigo do bolso: média de R$ 3.400 nas apólices com o perfil de um homem casado, 35 anos, morador da zona oeste da capital paulista. No mesmo perfil, o valor médio das cotações do Polo ficou em R$ 3.930. Somando isso ao menor custo de revisões, o Fiat sai vitorioso neste quesito.
Conclusão
O que define este comparativo é a importância que as marcas dão para essas versões. No caso do Argo, houve mais preocupação da Fiat na definição do acabamento e pacote de equipamentos, para que não parecesse um modelo "barato". Já na VW ficou clara a intenção de ter uma versão com preço para atrair o comprador para a loja, mas, uma vez lá, empurrá-lo para as versões TSI simplesmente porque o Polo 1.6 não tem acabamento à altura nem itens básicos que se espera num hatch compacto de R$ 60 mil. Arriscaria dizer até que a marca alemã fez isso de propósito por causa do custo do projeto, que é alto, então melhor para a empresa vender as versões mais caras e de maior lucro. Por isso, no caso destas versões intermediárias, a vitória fica com o Argo 1.3.
Fotos: autor
Fichas técnicas
Fiat Argo 1.3 Drive | VW Polo 1.6 MSI | |
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 8 válvulas, 1.332 cm³, duplo comando variável na admissão e escape, flex | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.598 cm³, duplo comando variável na admissão, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 101/109 cv a 6.250 rpm/ 14,2/13,7 kgfm a 3.500 rpm | 110/117 cv a 5.750 rpm / 15,8/16,5 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | Manual de 5 marchas, tração dianteira | Manual de 5 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO |
independente McPherson dianteira e eixo de torção na traseira |
independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 15" com pneus 185/60 R15 | liga-leve aro 15" com pneus 185/60 R15 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.140 kg em ordem de marcha | 1.083 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 3.998 mm, largura 1.724 mm, altura 1.501 mm, entre-eixos 2.521 mm | comprimento 4.057 mm, largura 1.751 mm, altura 1.468 mm, entre-eixos 2.565 mm |
CAPACIDADES | tanque 48 litros; porta-malas 300 litros | tanque 52 litros; porta-malas 300 litros |
PREÇO |
R$ 54.990 (R$ 60.190 como o testado) |
R$ 54.990 (R$ 58.040 como o testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | |||
---|---|---|---|
Argo 1.3 | Polo 1.6 | ||
Aceleração | |||
0 a 60 km/h | 5,3 s | 4,9 s | |
0 a 80 km/h | 8,5 s | 7,3 s | |
0 a 100 km/h |
12,2 s |
10,9 s | |
Retomada | |||
40 a 100 km/h em 3a | 11,3 s | 10,7 s | |
80 a 120 km/h em 4a | 12,4 s | 11,4 s | |
Frenagem | |||
100 km/h a 0 |
42,9 m |
42,1 m | |
80 km/h a 0 | 27,1 m | 25,6 m | |
60 km/h a 0 | 15,1 m | 14,5 m | |
Consumo | |||
Ciclo cidade | 8,2 km/l | 8,0 km/l | |
Ciclo estrada | 11,6 km/l | 11,4 km/l |
Galeria: Comparativo Fiat Argo 1.3 x VW Polo 1.6
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