Há 5 anos a Hyundai começava a operar por conta própria no Brasil. Parece muito tempo, mas, para uma marca que briga com outras estabelecidas há mais de 60 anos, é quase nada. A sul-coreana ainda está aprendendo a lidar com nosso mercado. Comete alguns erros, como oferecer alguns equipamentos somente na versão topo de linha. Está aprendendo e, aos poucos, preenche as lacunas de acordo com a demanda dos clientes. O Hyundai Creta 1.6 Pulse Plus testado aqui é uma dessas correções.
Antes, quem queria comprar um Creta com central multimídia só tinha uma opção, a top de linha 2.0 Prestige. Ar-condicionado digital, faróis com acendimento automático e vidros com fechamento “um toque” para as quatro portas também eram restritos para o modelo mais caro. Isso deixava as versões com motor 1.6 sem brilho. A chegada do Hyundai Creta 1.6 Pulse Plus resolve, em parte, este problema, recebendo os itens acima.
O Creta 1.6 Pulse Plus vai atrair quem deseja o SUV “completão” e faz questão da central multimídia – acredite, é argumento de compra para muita gente hoje em dia -, porém, não está disposto a passar dos R$ 100 mil. Claro, não recebe todos os itens oferecidos no 2.0, pois iria ficar mais caro e, assim, perderia sua razão de ser. Bancos de couro (do motorista com ventilação), luzes diurnas em LED e faróis com projetores ainda são exclusivos do modelo topo de linha. Infelizmente, ele também tem o monopólio dos airbags laterais e de cortina.
Mecanicamente, o Creta traz o conhecido motor 1.6 Gamma de 130 cv e 16,5 kgfm de torque, o mesmo utilizado na linha HB20. Esta versão Pulse Plus usa somente o câmbio automático de 6 marchas – manual, só no Creta mais barato.
Montado sobre a plataforma do sedã Elantra, o SUV oferece bom espaço interno. Mede 4,27 metros de comprimento, 1,78 m de largura, 1,63 m de largura e 2,59 m de entre-eixos. Espaço não falta, tanto para quem viaja na frente quanto atrás. Só haverá desconforto para quem usar o assento traseiro do meio, culpa do desenho do banco, elevado e estreito na parte central.
Quem escolhe 1.6 no lugar de 2.0 sabe que haverá perda de desempenho, salvo se houvesse turbo - o que não é o caso. O Creta 2.0, às vezes, parece exagerado por causa do acelerador sensível. Basta um toque para que ele acelere até demais. Com motor menor, o coreano fica mais contido, ideal para quem passa mais tempo na cidade e dirige sem pressa.
Se procurar alguma emoção, vai passar raiva. Como os 16,5 kgfm de torque aparecem somente 4.500 rpm, o SUV é lento em baixos giros. Você pisa no acelerador e demora até que alguma coisa aconteça. O motor limitado e o peso de 1.359 kg atrapalham o desempenho do SUV, como mostra nosso teste de 0 a 100 km/h: 13,2 segundos. Na vida real, significa que qualquer manobra mais rápida exige paciência.
Mesmo após embalar, o Creta não ganha vitalidade. Levou 10,1 s para retomar dos 40 km/h até 100 km/h, ou 2 s mais do que o 2.0. Pior ainda na retomada de 80 a 120 km/h, onde marcou 9,5 s - 2,5 s acima do Creta com motor mais potente.
A suspensão é a mesma do Elantra, mas casa melhor com o SUV do que com o sedã, por causa do curso mais longo. Não bate nas lombadas e, com 190 milímetros de altura livre do solo, também não corre risco de raspar o protetor de cárter. Conforto não falta, pois absorve bem as imperfeições e roda macio. Ao mesmo tempo, não é mole nas curvas, segurando bem a inclinação da carroceria.
Impressiona também pelo isolamento acústico. O silêncio a bordo é excelente, sem deixar que os ruídos do motor invadam a cabine. E nada de barulho do vento quando estamos em alta velocidade na estrada, problema recorrente em muitos SUVs compactos.
Mas o Creta também tem seus problemas. É equipado com start-stop, que desliga o motor nas paradas, só que não funcionou na maior parte do tempo da avaliação, não importando a pressão no freio ou o tipo de combustível no tanque. Com isso, o consumo não foi dos mais empolgantes, embora tenha superado os valores do Inmetro. Marcou 7,7 km/l no perímetro urbano e 12 km/l no rodoviário, com etanol. O teste da etiquetagem do governo registra 7,1 km/l e 8,2 km/l, respectivamente. Quanto custa?
A chegada desta versão mexeu na linha do Creta. Matou a versão 2.0 Pulse e deixou, temporariamente, somente uma configuração com o motor mais potente (até a chegada da 2.0 Sport, por R$ 94.990). A conta é interessante: o Creta 1.6 Pulse Plus custa R$ 89.990, R$ 11 mil a menos do que os R$ 100.900 cobrados pela versão topo de linha e R$ 3.250 a mais do que a 1.6 Pulse.
Quem comprar está pagando mais R$ 3 mil por equipamentos, todos de conveniência. A central multimídia da Hyundai é fácil de usar e tem boas respostas. Só tenha paciência de procurar a opção que desliga os avisos de radar, feito por um barulho muito irritante. Outra falha é que a imagem da tela desaparece quando a luz do sol bate diretamente, mesmo elevando a iluminação do display para o máximo.
Os demais itens, como ar-condicionado digital e faróis com acendimento automático, são equipamentos que se espera de um carro na casa dos R$ 90 mil. Alguns sentirão falta dos bancos de couro, um dos itens que ajuda a dar aquele aspecto de carro premium. Porém, além de só contar com assentos de tecido, o acabamento interno é bem mais simples do que alguns rivais, com muito plástico rígido no painel e nas portas.
Entre as opções do Hyundai Creta com motor 1.6, a Pulse Plus é a compra mais racional. Cobra um pouco a mais para ter a lista de equipamentos esperada. Ainda fica devendo pela falta de mais airbags e bancos de couro, entre outros itens. Porém, com a chegada da versão 2.0 Sport, por R$ 94.990, a 1.6 Pulse Plus corre o risco de perder um pouco de seu apelo.
Fotos: Daniel Messeder
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.591 cm3, 16 válvulas, comando duplo variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 123/130 cv a 6.000 rpm / 16,0/16,5 kgfm a 4.500 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 17" com pneus 215/60 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.359 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.270 mm, largura 1.790 mm, altura 1.635 mm, entre-eixos 2.590 mm |
CAPACIDADES | Tanque 55 litros; porta-malas 431 litros |
PREÇO | R$ 89.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 | ||
---|---|---|
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,8 s | |
0 a 80 km/h | 9,0 s | |
0 a 100 km/h | 13,2 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 10,1 s | |
80 a 120 km/h em D | 9,5 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 40,3 m | |
80 km/h a 0 | 25,7 m | |
60 km/h a 0 | 14,7 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 7,7 km/l | |
Ciclo estrada | 12,0 km/l |
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