Você pode até achar que a Chevrolet não faz carros melhores do que a concorrência, mas uma coisa você tem de concordar: é difícil bater a relação custo-benefício dos modelos da marca. Não à toa a empresa é líder de vendas no Brasil há 24 meses e, ao menos por enquanto, nada parece ameaçar o reinado da gravatinha. Pois a GM lança agora seu SUV médio para substituir o Captiva, que fez sucesso quando chegou em 2009. Estamos falando do Equinox, o SUV mais vendido da empresa no mundo, que chega importado do México na inédita versão de topo Premier (acima da LTZ). Tem base de Cruze, motor de Camaro e invejável pacote de equipamentos por preço agressivo.
O Equinox nasce sobre a plataforma D2XX do Cruze, mantendo praticamente o mesmo comprimento do sedã, com 4,65 m. Já a distância entre-eixos é 2 cm superior, chegando a 2,72 m. Por conta do desenho alongado da traseira, parece até ser um SUV de 7 lugares, mas não é o caso. Em compensação, os cinco ocupantes viajam com bastante folga. Na frente os bancos possuem ajustes elétricos e memória, com posição elevada e boa visibilidade geral. Mas os destaques ficam por conta do assoalho traseiro plano (coisa rara num 4x4) e do banco de trás com duas possibilidades de inclinação do encosto. Há bastante espaço para as pernas, ombros e cabeça, além de saídas de ar dedicadas.
Já o porta-malas poderia ser maior, com seus 468 litros definidos pelo assoalho um tanto elevado. Ao menos existe um compartimento de 79 litros entre o assoalho e o estepe (fino, de uso temporário), para pequenos pertences ou compras. O banco traseiro bipartido pode ser facilmente rebatido por duas alavancas no porta-malas, podendo ampliar o espaço para até 1.627 litros (até o teto). A tampa traseira tem acionamento elétrico e pode ser aberta ao passar do pé sob o para-choque traseiro, como no Ford Edge.
É um mimo de SUV mais caro, mas essa é exatamente a proposta do Equinox. Os faróis, por exemplo, são full LED e ainda possuem o facho alto automático - baixa para não ofuscar se vier carro à frente. Há sistema de estacionamento semi-autônomo (como no Cruze) com sensores frontais e traseiros, mais a câmera de ré. Vem ainda com alerta de saída de faixa (treme o volante), aviso de ponto cego e alerta de colisão frontal com sistema de frenagem automática de emergência (até 80 km/h, pode parar o veículo sozinho ou frear para diminuir a severidade do acidente). Airbags são 6 (frontais, laterais e de cortina), há controle de estabilidade e os freios possuem um recurso de pré-pressurização da linha quando se alivia o acelerador, para reduzir o tempo de atuação do sistema.
Outro recurso de segurança que vale mencionar é o alerta de esquecimento de pessoas ou objetos no banco traseiro. Funciona assim: toda a vez que as portas traseiras são abertas até 10 minutos antes do acionamento da ignição, o Equinox memoriza a ação e adverte o motorista no momento do desembarque, por meio de um aviso sonoro e uma mensagem no computador de bordo. Muito útil para quem tem filhos pequenos.
O pacote de equipamentos de série inclui ainda freio de estacionamento elétrico, teto solar panorâmico, carregador de celular por indução (depende do aparelho), ar digital de duas zonas, bancos de couro, chave presencial e partida por botão, sensor de chuva, sensor de luz, controle de descidas (HCD) e a central multimídia My Link com tela de 7", além do sistema de concierge e monitoramento On Star.
Embora a base seja do Cruze, o Equinox tem suspensão traseira independente (multilink com quatro braços) e tração 4x4 conectável por meio de um botão no painel - normalmente a tração é dianteira. Uma vez acionado, o sistema é capaz de variar a entrega de torque entre os eixos de acordo com a necessidade (inclusive entre as rodas), podendo ser usado inclusive no asfalto (possui diferencial central) para maior segurança em curvas ou dias de chuva, por exemplo.
O motor é outro chamariz do Equinox. Um 2.0 de 4 cilindros turbo da família Ecotec, que nos EUA equipa também a versão de entrada do Camaro. Com injeção direta e turbo de duplo fluxo (como nos BMW), rende nada menos que 262 cv de potência e 37 kgfm de torque - mais do que o Audi Q5 e o Volvo XC60 que comparamos recentemente. O responsável por transmitir essa força às rodas é um câmbio automático de 9 marchas, sendo a opção de trocas manuais feita (infelizmente) por um botão no topo da manopla.
Para este primeiro contato com o novo SUV, a GM abriu as portas de seu Campo de Provas em Indaiatuba (SP). Além da pista de durabilidade D1, que simula os mais diferentes tipos de piso e uma serra cheia de curvas, também utilizamos a pista reta para nossas medições de desempenho.
Ao vivo, o Equinox tem desenho elegante e discreto. Parece uma perua Cruze com altura do solo elevada, fato destacado pelas rodas aro 19". Como bom SUV norte-americano, aposta nos cromados na dianteira, mas sempre com bom gosto. A maior ousadia visual fica por conta do desenho da terceira janela lateral. Não tem o arrojo do Peugeot 3008 nem a robustez do Jeep Compass, mas agrada.
Por dentro, poderia ter um pouco mais de personalidade em relação ao Cruze. O desenho do painel lembra demais o do sedã, enquanto o volante é exatamente o mesmo. No quadro de instrumentos, apenas um aplique imitando aço escovado diferencia o SUV. A tela colorida do computador de bordo é igual, bem como a central multimídia. O painel tem áreas revestidas com couro e, onde o material é rígido, ganhou tratamento para deixar a superfície com tato agradável. Tem acabamento correto, mas neste aspecto o 3008 ou mesmo o Compass são mais legais.
Em movimento, chama a atenção pelo bom isolamento da cabine. O Equinox usa sub-chassi com seis pontos de fixação na dianteira (contra quatro do Cruze), além da já comentada suspensão independente nas quatro rodas. Comparado ao Cruze, revela acerto um pouco mais firme de suspensão e direção, possivelmente para compensar sua maior altura do solo. Recurso interessante é possuir quatro microfones na cabine para captar o som do motor e gerar vibração contrária nos alto-falantes (da marca Bose), de modo a reduzir o ruído interno. Juntamente com o para-brisa acústico e a vedação tripla nas portas, torna o Equinox bastante silencioso.
Na serrinha da D1 foi possível forçar um pouco mais a dinâmica do Equinox. Ele não é tão macio como poderíamos supor pela origem norte-americana, com rolagem da carroceria bem controlada e movimentos previsíveis. Quando eu puxava o volante com vontade para dentro da curva a traseira escapava, mas sua trajetória era prontamente corrigida pelo ESP. Com o 4x4 ligado, esse comportamento era (bem) atenuado. Nas frenagens, parou em curtos espaços e sem desvios na trajetória.
Nada, porém, é mais marcante no Equinox do que sua disposição para acelerar. Chega a ser curioso ver o novo SUV da GM, com esse jeitão de carro de família, destracionando os pneus na arrancada. E não é só "show", como provam os 7,6 s que ele cravou no nosso teste de 0 a 100 km/h - exatamente o mesmo tempo divulgado pela GM. Mesmo a 140 km/h (pista fechada), impressiona a resposta do motor quando pressionamos o acelerador até o fim. Também levamos o modelo até à máxima de 211 km/h no nosso aparelho de medições (218 km/h no painel), limitada eletronicamente. Engenheiros da GM garantem que sem o limitador o SUV passa dos 250 km/h!
Para quem não faz questão de tanto desempenho, é bom saber que ter motor de sobra também contribui para outros pontos, como o consumo e o conforto acústico. A 120 km/h em nona marcha, o 2.0 turbo sussurra a 1.600 rpm e garante, segundo o Inmetro, média de 10,1 km/l na estrada (gasolina). Na cidade, a média declarada é de 8,4 km/l - a conferir num futuro teste completo, fora do ambiente controlado. Detalhe chato é que o sistema stop/start não pode ser desligado, como acontece no Cruze.
A GM coloca o Equinox numa seara gigante de mercado, que vai do Hyundai ix35 ao Range Rover Evoque - com valores que variam de R$ 110 mil a R$ 245 mil. No entanto, o diretor de marketing Hermann Mahnke explica que 50% das vendas dos SUVs médios estão na faixa de R$ 130 mil (Jeep Compass Limited) até R$ 160 mil (Audi Q3). Por isso, o novo Chevrolet chega bem no centro da categoria, tabelado a R$ 149.990.
Assim, ele se posiciona acima do Compass Flex, com vantagem em equipamento e motorização, e abaixo das versões de entrada dos modelos premium, como o Q3. O Equinox pode não ter o status de um Jeep ou Audi, mas é inegável que seu pacote é muito atraente pelo preço pedido. E Mahnke ainda garante que o custo de manutenção do modelo é inferior aos demais: R$ 3.132 até 60 mil km, contra R$ 4.274 do Hyundai New Tucson, R$ 4.296 do Jeep Compass e R$ 6.340 do Audi Q3.
Então, se você não faz questão de um SUV com motor a diesel, o Equinox chega como opção forte a ser considerada nesta categoria. Os detalhes de Cruze destoam um pouco, mas o motor de Camaro empolga.
Fotos e vídeo: Paulo Henrique/Motor1.com/Divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.998 cm3, turbo e injeção direta, duplo comando variável na admissão e escape, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 262 cv a 5.500 rpm / 37,0 kgfm a 4.500 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 9 marchas; tração dianteira ou 4x4 acionada por botão |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 19" com pneus 235/50 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.693 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.652 mm, largura 1.843 mm, altura 1.695 mm, entre-eixos 2.725 mm |
CAPACIDADES | tanque 59 litros; porta-malas 468 litros (670 litros até o teto) |
PREÇO | R$ 149.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 | ||
---|---|---|
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,0 s | |
0 a 80 km/h | 5,7 s | |
0 a 100 km/h | 7,6 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 5,9 s | |
80 a 120 km/h em D | 5,5 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 41,0 m | |
80 km/h a 0 | 25,5 m | |
60 km/h a 0 | 14,3 m | |
Consumo (Inmetro) | ||
Ciclo cidade | 8,4 km/l | |
Ciclo estrada | 10,1 km/l |
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