Teste rápido Fiat Argo Drive 1.0 2018 - A isca de compradores
Versão de entrada ajuda a levar clientes para a concessionária. Mas vale a pena?
Quando a linha Argo foi revelada, surpreendeu a opção de motor 1.0 na entrada da gama. Afinal, ele é um modelo maior, substituto do Punto, com uma proposta de estar acima de, por exemplo, Uno e Palio. Mas é essa versão que segura a etiqueta de R$ 46.800, responsável por atrair os compradores para as concessionárias e, quem sabe, levar uma versão mais cara (ou não). Mas para quem quer ficar na versão de entrada, é um bom negócio?
O que é?
Mesmo sendo uma versão de entrada, o Argo Drive carrega as qualidades das versões mais caras, e isso inclui a boa qualidade construtiva na renovada fábrica de Betim (MG), com muitas soluções vindas dos modelos feitos na fábrica de Goiana (PE). Ou seja, temos no hatch o esmero de modelos como a picape Toro e os Jeep Renegade e Compass. Dos irmãos maiores, também vem a arquitetura eletrônica, como o painel e o sistema de ar-condicionado.
Com o 1.0 de 3 cilindros Firefly sob o capô, sobra espaço num cofre que abriga até o 1.8 Etorq com câmbio automático de 6 marchas. O grande trunfo deste motor é o torque em baixas rotações, já que usa um cabeçote de 2 válvulas por cilindros e comando único com variador. Além disso, o Argo recebe uma programação de acelerador mais rápida, que abre mais a borboleta com menos ação no pedal, para melhorar a resposta e compensar o peso a mais que ele tem. São 1.105 kg, o que não é pouco para um carro 1.0.
A plataforma MP1 é baseada na do Punto. Ou seja, o Argo trouxe muitas coisas (boas e ruins) do seu antecessor e em muitos momentos remete a ele na hora de guiar Sabe um sucessor espiritual? É mais ou menos por aí.
Como anda?
Ao olhar os dados técnicos do Argo 1.0, foi impossível não lembrar do Renault Sandero 1.0, que há pouco tempo passou por minhas mãos e avaliação. Ambos são carros com bom espaço interno, mas que usam motor "mil" para serem econômicos, principalmente em uso urbano. O Argo consegue ser consideravelmente mais pesado (1.105 kg contra 1.011 kg), algo que nem seu torque maior consegue compensar. Na pista de testes, veio a comprovação desta teoria: longos 15,9 segundos para ir de 0 a 100 km/h, sendo 6,3 segundos para chegar aos 60 km/h. O Renault marcou 14,5 e 5,8 s, respectivamente
Mas no dia a dia, o Argo não demonstra esse "negativismo" da pista de testes. Com as respostas em baixas rotações, desenvolve bem no trânsito e, em troca, devolve bom consumo: 9 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada. Diferentemente do Sandero, seu câmbio não é tão curto, o que ao mesmo tempo ajuda nos números de consumo, mas pede mais reduções dependendo da velocidade ou, por exemplo, em ultrapassagens. Para ajudar no uso urbano há o sistema start-stop, uma exclusividade no segmento dos 1.0.
Outro ponto em que o Argo se destaca é o conforto. Ao adotar a mesma qualidade de versões mais caras, o Drive agrada aos olhos, com bom acabamento (mesmo usando plástico rígido) e isolamento acústico bem eficiente. Naquele grande cofre há coxins para segurar a vibração do motor de 3 cilindros, e só lembramos que ele está lá em altas rotações, com aquele som característico de "meio V6". Os bancos são os mesmos do Uno na dianteira, bons e com regulagem de altura para o motorista. Na traseira, há amplo espaço para pernas e ombros, além de cinto de 3 pontos e encosto de cabeça para três e sistema Isofix nas pontas.
O mesmo vale para o acerto de suspensão e freios. A conversa entre suspensão e direção elétrica é boa. As rodas de aro 14", mesmo "estranhas e pequenas" para o perfil do Argo, ajudam a filtrar o que chega ao interior e ao volante. É o mais confortável dos Argo, mas é o menos "esportivo", apesar da direção elétrica ganhar peso em altas velocidades, ter boa resposta e tentar empolgar o motorista. Ele tem até uma marcação no alto do volante, lembrando os carros de corrida. Mas fica só na tentativa. Na frenagem, apesar da metragem nada espetacular, o Argo mantém a trajetória firme, sem necessidade de correções. É um carro pesado com pneus finos, então não dá para esperar os mesmos 40,9 m do Sandero e suas rodas de 15" com pneus 185/65.
E lembra que eu falei sobre o Punto? Então, o Argo herdou a boa posição de dirigir e ergonomia de botões e ajustes, mas trouxe junto a caixa de roda que invade o interior e deixa pouco espaço para descansar o pé esquerdo. Mas, pelo menos, evoluiu no trambulador do câmbio, leve e preciso, apesar de ainda ser longo. Há coisas que não mudam na Fiat.
Quanto custa?
Aqui que o bicho pega. O Argo Drive 1.0 é tabelado em iniciais R$ 46.800. Mas não ache que ele vem como este que testamos. A central multimídia é um opcional (apenas nesta versão) e custa R$ 1.990. Já falamos sobre ela: uma interface fácil de operar e de boa resolução, além de rápida, e já com sistema Apple CarPlay e Android Auto. É um dos grandes charmes do Argo e deveria ser um item de série. E nem pense que o Argo tem, ao menos "um radinho". O kit Connect, com som com entrada USB e Bluetooth, custa salgados R$ 1.300... Retrovisores elétricos e vidros traseiros elétricos? Coloque mais R$ 1.200 na conta. Câmera de ré e sensor? Abra a carteira e coloque mais R$ 1.200 na mesa. Ao final, ele chega a R$ 51.190!
Por este preço, o Argo 1.3 começa a fazer mais sentido, certo? Vamos com calma. Com a central multimídia de série, custa R$ 53.900, além de ter mais potência (101/109 cv) para quem irá usar o Argo em estrada e na cidade com mais de um passageiro, por exemplo. Mas também não traz os retrovisores elétricos, vidros traseiros elétricos e kit de assistência de estacionamento. Considerando a central no Drive 1.0, a diferença é de R$ 5.110. Pesado, né?!
Galeria: Fiat Argo 1.0
Então o Argo Drive 1.0, ao contrário do que se pode pensar, é consideravelmente mais barato que o 1.3. Diante da concorrência, o Chevrolet Onix LT 1.0, por exemplo, custa R$ 47.550 quando equipado com o MyLink, contra R$ 48.700 do Argo na mesma configuração. E o Argo leva vantagem no espaço interno. O que ditará o sucesso? Só quando o Fiat tiver descontos como o Chevrolet tem nas concessionárias. Ele é um bom produto, só falta ser reconhecido como tal e ser mais competitivo na "vida real"
Por Leo Fortunatti
Fotos: divulgação e arquivo Motor1.com Brasil
FICHA TÉCNICA FIAT ARGO DRIVE 1.0
MOTOR | dianteiro, transversal, três cilindros, 6 válvulas, 999 cm3, comando simples variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
72/77 cv a 6.250 rpm; Torque: 10,4/10,9 kgfm a 3.250 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio manual de 5 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | aço aro 14" com pneus 175/65 R14 |
FREIOS | discos sólidos na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
PESO | 1.105 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 3.998 mm, largura 1.724 mm, altura 1.503 mm, entreeixos 2.521 mm |
CAPACIDADES | tanque 48 litros, porta-malas 300 litros |
PREÇO | R$ 46.800 (R$ 51.190 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Fiat Argo Drive 1.0 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 6,3 s | |
0 a 80 km/h | 10,7 s | |
0 a 100 km/h | 15,9 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 13,8 s | |
80 a 120 km/h em D | 15,8 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 43,9 m | |
80 km/h a 0 | 27,5 m | |
60 km/h a 0 | 15,4 m | |
Consumo (etanol) | ||
Ciclo cidade | 9,0 km/l | |
Ciclo estrada | 13,2 km/l |
Galeria: Fiat Argo Drive 1.0 - Teste rápido
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