Teste rápido Nissan Kicks S manual – Salvem os manuais!
Para quem não gosta do câmbio CVT, o Kicks S é a opção mais acessível da gama
Aos poucos, o mercado brasileiro vai deixando o câmbio manual de lado, principalmente quando a etiqueta do preço está acima dos R$ 70 mil. O Nissan Kicks S manual, por exemplo, só chegou às concessionárias agora, um ano depois do lançamento das versões CVT, como parte da nacionalização do modelo. Só que ele é o mais simples da linha e deve representar fatia bem pequena das vendas. Será boa compra para quem gosta deste tipo de transmissão ou para quem quer gastar menos?
O que é?
É fácil entender porque a Nissan não fez muito alarde por essa versão. A esmagadora maioria dos clientes de SUVs prefere que ele seja automático. Manual? Só se for entusiasta ou a grana estiver no limite. Por isso, não houve a preocupação de oferecer a transmissão manual em outras versões mais equipadas, ou até mesmo pacotes opcionais para o Kicks S.
Nessa configuração, ele vem com ar-condicionado, travas e vidros elétricos nas quatro portas, direção elétrica, volante multifuncional com regulagem de altura e profundidade, rodas de aço aro 16" com calotas (que são apenas encaixadas), banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, rádio (com conexão Bluetooth e entrada USB) e abertura elétrica da tampa do porta-malas. Seu único opcional é o Pack Safety, que adiciona os controles de estabilidade e de tração com assistente de partida em rampas, por R$ 1.200.
Em relação à versão SL topo de linha que a gente já conhecia, a S fica sem câmera de ré, sensor de estacionamento, partida por botão, central multimídia de 7” e rodas de liga leve, só para citar os itens mais importantes. Troca também os materiais, com acabamento mais simples, usando mais plástico texturizado do que couro. Os bancos são de tecido, mas seguem usando a tecnologia Zero Gravity, desenvolvida em parceria com a Nasa - ou seja, são bastante confortáveis.
Tudo bem, é uma versão para vender pouco, mas sentimos falta de características legais do Kicks mais caro, como a central multimídia e o painel digital. O rádio que acompanha essa configuração é bem fácil de utilizar, até mesmo para conectar com o celular. Porém, conectividade é tendência e só encontramos a multimídia na versão SV, bem mais cara.
Como anda?
Para quem não tem problema com câmbio manual (ou até gosta dele), o Kicks S é a versão mais legal do SUV. Com a capacidade de controlar melhor o ritmo do motor, podemos ver como se comporta bem com o motor 1.6 de 114 cv. Resolve o problema das retomadas na estrada, já que podemos reduzir a marcha e manter o motor em alta rotação para priorizar o torque (o câmbio CVT não oferece opção de trocas manuais).
Continua competente na cidade. Falar de 114 cv para um SUV parece pouco, mas como o Kicks pesa apenas 1.109 kg, aproveita bem a força do motor. Parece mais um hatch compacto do que um SUV. Com torque máximo de 15,5 kgfm a 4.000 rpm, mostra pique suficiente em situações variadas. Encara até mesmo algumas subidas em 3ª marcha.
O pedal da embreagem tem curso e peso ideais, sendo fácil encontrar o ponto de saída (caso não venha com assistente de partida em rampas) e é leve sem parecer molenga. Junte isso aos engates curtos e precisos da alavanca e à direção elétrica progressiva bem acertada, e você tem um crossover tão gostoso de dirigir quanto um hatch compacto.
O conjunto de suspensão é bem ajustado, permitindo que rode de forma macia e sem dificuldades em valetas e lombadas. Não fará trilhas, é claro, mas também não te deixará na mão caso tenha de passar por uma estrada de terra mais acidentada. Com 4,29 m de comprimento e 2,61 m de entre-eixos, oferece bom espaço interno, suficiente para levar cinco adultos sem aperto. O porta-malas de 432 litros é um dos maiores da categoria.
O Kicks mostra um pouco de desconforto em alta velocidade. O isolamento acústico não é tão bom, e acaba deixando que o barulho do vento e de rodagem invadam a cabine, além do ronco do motor. Ainda assim, me incomodou menos do que a versão CVT, já que o grito é menor quando pisamos fundo. Se for ficar na cidade, a chance de perceber isso é mínima, pois essa situação só acontece acima dos 100 km/h.
Em nosso teste instrumentado, o Kicks S fez de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos, ou 0,3 s mais rápido do que o CVT. Também mostrou-se bem mais econômico no teste da vida real: marcou 9,2 km/l no ciclo urbano e 13,8 km/l no rodoviário. Foi melhor do que o CVT, que registrou 7,8 km/l e 11 km/l. Já nos números oficiais do Programa Brasileiro de Etiquetagem, o consumo é maior para o manual, fazendo 7,8 km/l na cidade e 9,0 km/l na estrada. Merecia uma sexta marcha, pois o motor fica em 3.000 rpm quando estamos a 120 km/h.
O contraponto no desempenho é a frenagem. As medições mostraram que o modelo manual precisa de 1,7 m a mais em todos os testes, marcando 43,6 m na frenagem 100 km/h-0.
Quanto custa?
Comprar um crossover de entrada com câmbio manual é mais complicado, pela variedade de preços. O Kicks S tem a vantagem do valor competitivo. Por R$ 70.500, está bem mais em conta do que boa parte da concorrência. Entre os grandes rivais, os únicos abaixo são o Renault Duster 1.6 Expression, por R$ 67.990, e o JAC T5, que custa R$ 66.490.
Os mais próximos, apesar de mais caros, são Jeep Renegade 1.8, por R$ 72.990, seguido por Ford EcoSport SE 1.5 e Hyundai Creta Attitude 1.6, ambos por R$ 73.990. E há aqueles com preço lá em cima. O Renault Captur com motor 1.6 e câmbio manual custa R$ 80.090, quase o mesmo preço do Honda HR-V 1.8, comercializado por R$ 80.900.
Também é um valor competitivo dentro da própria linha do Kicks. A versão intermediária SV custa R$ 85.600, R$ 15.100 a mais do que o Nissan Kicks S. Há uma configuração semelhante, o Kicks S CVT, que tem o mesmo pacote de equipamentos, incluindo somente o pacote com controle de estabilidade e assistente de partida em rampa, além dos faróis de neblina e as rodas de liga leve de 16”. Porém, custa R$ 79.200, uma diferença de R$ 8.700. Parece até que a Nissan tenha deixado esse espaço de propósito, planejando uma versão SV manual, dependendo da procura.
Fotos: divulgação e Motor1.com
FICHA TÉCNICA NISSAN KICKS S MT 2018
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.598 cm3, duplo comando variável na admissão, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
114 cv a 5.600 rpm / 15,5 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | manual de 5 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | aço aro 16" com pneus 205/60 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.109 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.295 mm, largura 1.760 mm, altura 1.590 mm, entre-eixos 2.610 mm |
CAPACIDADES | tanque 41 litros; porta-malas 432 litros |
PREÇO | R$ 70.500 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Nissan Kicks S MT | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,8 s | |
0 a 80 km/h | 7,2 s | |
0 a 100 km/h | 11,3 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 10,7 s | |
80 a 120 km/h em D | 12,6 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 43,6 m | |
80 km/h a 0 | 27,8 m | |
60 km/h a 0 | 15,9 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 9,2 km/l | |
Ciclo estrada | 13,8 km/l |
Galeria: Nissan Kicks S Manual
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