Hannover, Alemanha - Sim, é visível que a VW está orgulhosa do novo Arteon. O carro não é apenas o sucessor do CC, mas também o modelo que deve dar à marca o primeiro impulso em uma nova direção de design. Ele será posicionado como o novo topo de linha, acima do Passat. Se você gosta ou não do estilo "avant-garde classe executiva gran turismo", é algo que você pode decidir com base nas 91 fotos que colocamos em nossa galeria. Se ele conseguiu misturar a pegada de um carro esportivo com a oferta de espaço de um sedã grande, aí, sim, é algo que podemos te contar ao longo desta avaliação.
Como muitos produtos atuais do grupo VW, o Arteon é construído sobre a plataforma MQB. Olhamos para o Skoda Superb, disponível aqui na Europa, e notamos que o Arteon divide com ele não apenas a plataforma, mas também o comprimento (4,86 m) e o entre-eixos (2,84 m). A altura do VW é de 1,45 m, com uma largura de 1,87 m. Com isso, o irmão maior do Passat é mais baixo e mais largo do que o Skoda. Bonito à beça, sendo comparado por muitos ao Renault Talisman.
Mas quem quer ser bonito tem de sofrer mais do que os demais. Esse sofrimento surge na forma de menos espaço para a cabeça do que o modelo tcheco oferece. E no porta-malas de 563 litros, expansível para 1.557 litros, notavelmente menor, ainda que seja enorme. Mesmo assim, o Arteon tem a vantagem da enorme abertura de porta-malas, que, rebatendo o banco traseiro, permite colocar objetos grandes no compartimento de carga.
Seis opções de 4 cilindros são oferecidos para o Arteon. O 2.0 TDI, diesel, tem potências de 150 cv, 190 cv ou 240 cv. O 2.0 TSI, a gasolina, rende 190 cv ou 280 cv. O motor de entrada para o cupê de 5 portas é o novíssimo 1.5 TSI, de 150 cv, com desligamento de cilindros e ciclo Miller (ou B, como a Audi o chama), que ajuda a poupar combustível. Ele só será vendido com uma transmissão manual de 6 marchas.
Nos motores TSI mais fortes, a caixa DSG de 6 marchas é item de série. Os TDI trazem o câmbio de dupla embreagem na versão de 240 cv, sem custo extra. As potências de 240 cv ou 280 cv também implicam tração nas quatro rodas, com o sistema 4Motion. Ele é opcional no TDI de 190 cv. Em todas as demais versões, conforme-se com a tração dianteira.
Mas chega de teoria. Estamos finalmente atrás do volante das versões mais fortes do Arteon, a diesel de 240 cv e a movida a gasolina de 280 cv. A primeira entrega 51 kgfm de torque já a 1.750 rpm, o que nos dá uma ótima primeira impressão do Arteon, com números para lá de respeitáveis em termos de desempenho. São apenas 6,5 s para ir de 0 a 100 km/h. E uma velocidade máxima de 245 km/h. Tudo isso com níveis de consumo razoáveis, mas impressionantes para quem não está acostumado aos números de motores diesel: 17 km/l, segundo a Volkswagen.
O motor a gasolina, com seus 280 cv e 35,7 kgfm a 1.700 rpm, não tem uma arrancada tão impressionante quanto o diesel, mas é mais animado em velocidades mais altas, por conta de ser mais girador. O desempenho? Em 5,6 s você já chegou aos 100 km/h, partindo do 0, e a velocidade máxima está 5 km/h acima, nos 250 km/h. O consumo informado pela Volkswagen é de 13,7 km/l. Em nossa rápida estadia atrás do volante, o computador de bordo indicou 14,7 km/l para o diesel e 10,8 km/l para o movido a gasolina.
Não importa o motor que esteja sob o capô. O Arteon é uma agradável surpresa em longos trajetos. Um carro confortável, silencioso e fácil de conduzir. De todo modo, é surpreendente que a Volkswagen tenha conseguido fazer um carro tão grande ser mais dinâmico do que o Skoda. Ou que o Passat, para aproximarmos a referência ao que temos à venda no Brasil.
A direção progressiva entrega um retorno direto e controlado em manobras em qualquer situação. A tração nas quatro rodas garante aderência ao distribuir a força do motor a qualquer uma delas de acordo com a necessidade. O bloqueio de diferencial eletrônico alivia a roda interna em curvas rápidas. O fato de o Arteon colocar 1.716 kg na estrada (o diesel pesa 1.828 kg) só é sentido em rodovias que exijam o máximo de aderência. Em qualquer outra situação, ele parece ser muito mais leve do que realmente é.
A suspensão é decisivamente afinada com os amortecedores adaptativos, que podem ser ajustados não apenas nos modos "Comfort", "Normal" e "Sport", mas também de modo contínuo do "duro feito pedra" a "tapete voador".
Sistemas de assistência? O Arteon não apenas os traz, mas até exagera no que oferece. Os mais importantes são um controlador de velocidade que leva em consideração os limites de velocidade, a distância a percorrer e ajusta automaticamente o ritmo do veículo. O sistema de iluminação de curvas funciona por um método preditivo semelhante, o que permite que o carro ilumine o caminho antes mesmo de que o motorista o tome.
Falando no cara atrás do volante, o sistema "Emergency Assist" não apenas freia o carro, mas também o esterça para uma faixa livre se o condutor falhar na missão. A proteção aos ocupantes agora também funciona para a parte de trás. Em outras palavras, se o tráfego está no para e anda e o Arteon detecta que sofrerá uma batida na traseira, ele toma todas as providências necessárias (retrai os cintos, fecha as janelas etc.) para que os ocupantes não sofram danos. Ou se machuquem o mínimo possível.
Ao contrário do que a VW normalmente faz na Europa, o Arteon tem apenas 3 versões. A básica, sem nome, já vem com muitos itens de série, como luzes de LED na dianteira e na traseira, rodas de liga leve de aro 17", ar-condicionado, detecção de fadiga do motorista, bancos com regulagem elétrica, sistema de partida e abertura das portas sem chave, o Keyless Go, e uma central multimídia relativamente simples. Daí em diante você pode optar por uma versão ou mais esportiva, a R-Line, ou mais sofisticada, a Elegance.
Outros itens incluem o Active Info Display, nada menos do que um head-up display (com um disco plástico barato) e uma central multimídia Discover Pro, com tela de 9,2" e um medíocre sistema de controle por gestos. O desenho do interior, os materiais utilizados e a qualidade de construção são os mesmos que você conhece do Passat, Tiguan ou do Golf. Sem experimentações ou firulas.
Antes que os preços fossem divulgados, a VW falava em "valores competitivos". O que isso quer dizer em números é algo que agora podemos mostrar graficamente. O Arteon mais barato custa, na Europa, onde estará à venda a partir de meados de junho, 39.675 euros (R$ 144.901, em conversão direta). Em comparação, o Skoda Superb com o mesmo motor 1.5 TSI custa 29.350 euros (R$ 107.192). O sedã tcheco, de todo modo, vem bem menos equipado do que o gran turismo de Wolfsburg.
Quer o diesel de 240 cv? Reserve 51.600 euros (R$ 188.454) para a versão "Elegance" ou 52.175 euros (R$ 190.554) para a "R-Line". O Arteon com 280 cv sai por 49.325 euros ("Elegance", R$ 180.145) ou 49.900 euros ("R-Line", R$ 182.245). Ainda não sabemos quando ele desembarca no Brasil, mas será certamente mais caro do que o Passat, hoje vendido a R$ 177.432 na versão Highline. E deve vir apenas com o motor 2.0 TSI de 280 cv.
Fotos: divulgação
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