Após uma primeira geração de bastante sucesso nos anos 1990 (ele chegou a ser o carro mais vendido do Brasil em janeiro de 1995), a Fiat relança o Tipo com uma nova geração decididamente moderna. Disponível em três carrocerias (hatch, sedã e perua), o novo médio italiano se destina a quem gosta de fazer um compra inteligente: longe de ser um modelo de baixo custo, ele possui uma das melhores relações custo-benefício do mercado. Seria um bom substituto para o Bravo no Brasil?
Neste ano, a novidade da linha Tipo é a transmissão de dupla embreagem DCT com 6 marchas, já disponível nos Fiat 500L e 500X, além dos Alfa Romeo MiTo e Guilietta. Para o Tipo, este câmbio é proposto em conjunto com o motor 1.6 Multijet turbodiesel de 120 cv, que avaliamos aqui na versão hatch de 5 portas.
Projetado sob medida para o mercado europeu e representando 55% das vendas da família Tipo, o hatch mede 4,37 metros de comprimento. Ele propõe um estilo refinado e elegante, especialmente nesta cor "Rouge Amore" do carro avaliado. A apresentação é interessante, com uma grade cromada oferecida desde a versão de entrada, bem como as dobras da carroceria sobre o capô, para-choques e laterais, para reforçar seu dinamismo.
Nosso Tipo é da versão Lounge, a mais completa. Vem com rodas de liga-leve aro 17" de dois tons, janelas traseiras escurecidas, faróis com assinatura em LEDs e uma série de detalhes cromados na carroceria, como nas maçanetas, base das janelas e contorno dos faróis de neblina.
À bordo, o Tipo é bastante acolhedor e oferece bom espaço tanto na frente quanto atrás, além de um porta-malas com capacidade para 440 litros - um dos maiores do segmento. Alguns plásticos não são de qualidade excelente, mas o acabamento é correto para sua faixa de preço. O destaque fica por conta dos equipamentos.
Desde a versão de entrada, o Tipo vem com sistema multimídia Uconnect com entradas AUX e USB, computador de bordo, vidros elétricos, ar-condicionado e retrovisores elétricos e aquecidos. A versão Lounge adiciona volante revestido de couro, ar condicionado automático, faróis com acendimento automático e sensor de estacionamento traseiro com câmera, sem mencionar o controlador de velocidade ativo. Os bancos de couro são oferecidos como opcional por 750 euros, junto com os assentos dianteiros aquecidos.
Também encontramos no centro do painel uma tela sensível ao toque de 7" para controlar o sistema Uconnect com navegação GPS e mapas em 3D, reconhecimento e voz e Bluetooth. Relativamente simples de usar, o recurso também fornece acesso aos parâmetros do carro e à imagem da câmera traseira.
Associada ao motor 1.6 Multijet de 120 cv, a caixa de de dupla embreagem DCT proporciona uma boa condução, com passagens fluidas e discretas. O modo manual nos permite fazer as mudanças se desejarmos, mas não há borboletas no volante. O motor não é dos mais enérgicos em altas rotações, mas seu generoso torque de 32,6 kgfm disponível a baixos regimes (1.750 rpm) garante acelerações e retomadas confortáveis sem precisar esforçar o motor. Já a caixa DCT adiciona apenas 25 kg e 0,4 s na aceleração de 0 a 100 km/h, que se efetua em 10,2 segundos nesta versão.
Na estrada, o Tipo entrega um comportamento reconfortante, sem deixar que o nível de conforto influa na condução. Mas, em curvas, percebemos uma presente rolagem da carroceria. Já a direção peca por ser muito anestesiada, sendo difícil saber onde estamos apontando as rodas. Na cidade, porém, sua agilidade é significativa, com um diâmetro de giro (10,9 metros) bom para uso urbano.
Se tivéssemos de apontar o ponto mais negativo, este seria sem dúvida o isolamento acústico. O ruído do motor a diesel é muito presente na cabine, especialmente nas fases de aceleração. No entanto, o incômodo é menos presente em velocidade constante.
Em termos de consumo, o Tipo obteve a média de 16,4 km/l durante nossa avaliação.
A associação da nova caixa de dupla embreagem ao motor Multijet 1.6 litro oferece boa dirigibilidade e conforto, ainda que com ruído acima da média. Tabelado a 23.990 euros no mercado francês, o Tipo surge como uma das opções de melhor custo-benefício da categoria, tendo preço similar ao de carros de segmento inferior. Não é o carro mais refinado ou com a dirigibilidade mais afiada dos hatches médios, mas é espaçoso e confortável para uso familiar.
No Brasil, poderia encontrar lugar ao sol se custasse menos que os medalhões VW Golf, Ford Focus e Chevrolet Cruze Sport6. No entanto, a Fiat dificilmente vai apostar num segmento com vendas cada vez mais restritas. Por isso, a aposta por aqui recairá sobre o Argo, um hatch compacto que vai aproveitar algumas sacadas visuais e internas do Tipo para recolocar a Fiat na briga pela liderança do mercado nacional.
Fotos: Tran Ha / Motor1.com
Pontos positivos |
Pontos negativos |
Excelente relação custo-benefício | Direção pouco comunicativa |
Prazer de condução com a caixa DCT | Ruído do motor e isolamento acústico |
Espaço interno e porta-malas | Certos plásticos na cabine |
Fiat Tipo II 1.6 lMultiJet 120 cv Lounge S/S DCT 5 portas
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