Asheville, Carolina do Norte - O mercado de crossovers nos EUA é inundado por opções. No Brasil, ele não têm a mesma magnitude, mas a Chevrolet confirmou nesta segunda (27) que vai colocar o Equinox na briga com uma combinação potente: um monte de tecnologias, novos motores e um chassi avançado e muito leve. As Carolinas do Norte e do Sul são o paraíso dos crossovers, onde todo mundo vai para as colinas a cada fim de semana com um caiaque, um cão, uma criança ou as múltiplas combinações de cada um deles. Ao colocar seu Equinox no Blue Ridge Parkway no primeiro dia de primavera (no hemisfério norte), a Chevrolet nos fez avaliar o modelo tanto na data (o equinócio, Equinox em inglês) quanto em seu habitat naturais.
Nos EUA, o Equinox já está em sua terceira geração, ainda que, em termos técnicos, ela seja apenas a segunda. O modelo que foi vendido com linha 2010 a 2017 era largamente baseado na plataforma original, que é a mesma desde 2005. A Chevrolet cita o uso de mini-reforços estruturais e aços de ultra-alta resistência para reduzir o peso em cerca de 180 kg comparado ao anterior. O novo Equinox é quase 13 cm mais curto no comprimento do que seu predecessor e sua rigidez torcional foi ampliada com o uso de adesivos estruturais e de técnicas avançadas da soldagem.
O design externo do novo Equinox pega leve nos vincos. Ele segue de perto a linguagem de design vista em Volt, Bolt e Malibu. A forma do bico da extremidade dianteira, que emoldura a gravata dourada da Chevrolet, é chamada de "berço" pelos designers e se repete em outros elementos do veículo.
As gerações anteriores do Equinox tinham tração exclusivamente dianteira ou nas quatro rodas, mas esta nova plataforma oferece o melhor dos dois mundos por meio de um diferencial que pode desligar o eixo traseiro. Diz a Chevrolet que o sistema ajuda a economizar um pouco de combustível (aproximadamente 1% ou 2%). Naturalmente, a marca oferecerá uma versão apenas com tração dianteira para clientes que vivem em climas mais amenos, sem o perigo da neve (os brasileiros, por exemplo).
Como padrão, o Equinox é equipado com um novo motor 1.5 de 4 cilindros turbinado de 173 cv de potência e 28 kgfm de torque. Um motor 1.5 pode soar minúsculo para um crossover de 1.509 kg, mas ele se garante bem no torque. Entrar em estradas e avenidas de trânsito rápido ou encarar subidas fortes é bem tranquilo quando a transmissão descobre o que você está tentando fazer - falaremos mais sobre isso mais tarde. Este 1.5 é projetado para oferecer seu pico de torque em baixas rotações. A ideia é que o torque será mais útil em rotações "urbanas" do que perto da linha vermelha do conta-giros. A força em baixa é abundante e, com os vidros abaixados, você consegue ouvir até o assovio da indução forçada quando o turbo carrega. Além do 1.5, duas outras opções serão oferecidas: um 2.0 turbo de 256 cv e 36 kgfm e um 1.6 turbodiesel de 137 cv e 32,6 kgfm, o último dos quais estará disponível algum tempo após o lançamento.
Além do 1.5, duas outras opções serão oferecidas: um 2.0 de 256 cv e 36 kgfm e um 1.6 turbodiesel de 137 cv e 32,6 kgfm
A Chevrolet combina o 1.5 com uma transmissão automática de 6 marchas, apesar de a GM oferecer um de 8 e outro de 9 marchas em muitos de seus outros carros. Essa unidade de 6 marchas é antiquada e sente o peso da idade. É lenta para mudar e não muito intuitiva nas respostas ao acelerador. Uma boa transmissão automática reduz uma ou duas marchas rapidamente, a fim de entregar a potência desejada quando se pisa forte no acelerador, especialmente em subidas, mas o Equinox de 6 marchas só se sente confuso. A saudável perda de peso do crossover e seu motorzinho torcudo são boicotados por uma transmissão sem brilho que já está aqui nos EUA há mais de uma década.
As montanhas Blue Ridge oferecem uma boa mistura de rodovias sinuosas de duas faixas, estradinhas estreitas e trechos curtos de auto-estradas retas, com muitas faixas. Um caminho secundário despretensioso pode se transformar em uma estrada de desenho animado, com curvas desafiadoras que permitem manobras rápidas. E o Equinox não se sente terrivelmente fora de lugar aqui. Ele muda de direção com precisão e confiança. Em outras palavras, para um veículo destinado a cruzar ruas de bairro recheado de crianças e seus apetrechos, o novo SUV da Chevrolet fica bem à vontade em uma estrada sinuosa. A relação bastante direta de direção e o volante fisicamente menor ajudam o Equinox a se comportar muito mais como um carro do que a sua carroceria permitiria supor.
O excelente coeficiente de arrasto aerodinâmico do Equinox, de 0,338, é evidente no nível de ruído notavelmente baixo dentro do crossover. Rodando a velocidades de estrada, nunca foi necessário levantar a voz para ser ouvido.
A Chevrolet tem trabalhado duro para melhorar os interiores de seus carros ao longo dos últimos anos, e isso fica patente uma vez dentro do novo Equinox. O interior de couro Jet Black com Brandy (marrom) deste carro parece especialmente agradável. O novo design dá a este crossover uma sensação decididamente mais sofisticada do que a do modelo que ele substitui. O volante revestido de couro tem boa pegada e o interior passa uma vibração na maioria das vezes acolhedora. Os bancos se mostraram confortáveis para um passeio tranquilo entre as florestas da fronteira entre as Carolinas.
O ar-condicionado bizona agora é padrão, adicionando saídas de ar e controles de temperatura para os bancos de trás, na parte traseira do console central dianteiro. Duas saídas USB adicionais para os passageiros da segunda fileira complementam os quatro disponíveis para os passageiros do banco dianteiro, perfazendo um total de seis saídas USB em toda a cabine. Os assentos traseiros oferecem espaço suficiente para as pernas de alguém com 1,90 m, como eu, e até reclinam. Os dois encostos do banco traseiro se dobram facilmente ao puxar um cabo no porta-malas. O espaço no porta-malas é abundante, com 846 litros. Sem contar a área adicional de armazenamento sob o assoalho do compartimento.
Para um veículo destinado a cruzar ruas de bairro recheado de crianças e seus apetrechos, o novo Chevrolet Equinox fica bem à vontade em uma estrada sinuosa
O sistema de entretenimento MyLink com tela sensível de 8 polegadas ao toque é equipamento padrão, com Apple CarPlay e Android Auto. Mas, sem o pacote opcional Sun, Sound & Navigation (US$ 3.320, cerca de R$ 10.400), a brilhante tela "touch" não incluirá navegação de fábrica. E esse preço pode ser difícil de engolir. Os mapas da Apple e do Google Maps funcionam bem com o CarPlay e o Android Auto, embora muitos motoristas ainda prefiram usar o navegador de fábrica da Chevrolet. Parte da magia do ótimo sistema de som Bose é perdida com a vibração dos painéis de porta do carro em reação a níveis de volume mais elevados, mas isso é uma falha leve.
Uma rede Wi-Fi 4G LTE no carro visa permitir que motorista e passageiros continuem conectados na estrada, embora a estrutura celular nas montanhas tenha tornado a rede quase inútil durante a maior parte da minha avaliação. O Equinox apresenta um impressionante, se é que não ambicioso demais, conjunto de sistemas de segurança. Utilizando tanto um radar quanto sensores, o Equinox está sempre atento a alguma coisa: aviso de ponto cego, assistente de mudanças de faixa, alerta de colisão frontal e frenagem automática em baixa velocidade são todos equipamentos de série.
O sistema de aviso de colisão frontal é bastante intrusivo, mas felizmente as intensas luzes intermitentes podem ser desligadas. O Surround Vision, um sistema de vídeo de cima para baixo, se mostra útil para o estacionamento, mas a câmera de vídeo traseira, de resolução muito baixa, me fez ficar tentando adivinhar formas e confiar mais nos sensores de estacionamento.
O Equinox 2018 começa em US$ 23.580 (R$ 73.750) nos EUA, um pouco menos do que seus principais concorrentes, o Toyota RAV4 2017 (US$ 24.910, ou R$ 77.900) e o Ford Escape 2017 (US$ 23.750, ou R$ 74.280). Ambos os concorrentes do Equinox têm um pelo a mais de potência, mas o Chevrolet ganha a competição de torque por 2,8 kgfm a mais do que o Ford ou o Toyota. Outra vantagem do GM está na economia de combustível. Tanto o RAV4 quanto o Escape fazem 9,8 km/l na cidade e 12,8 km/l em suas versões mais eficientes, mas o Equinox consegue cerca de 1 km a mais por litro em cada ambiente, com 11 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada. No Brasil, o RAV4 com motor 2.0 aspirado custa de R$ 132.950 a R$ 156.950, o que pode dar uma ideia de quanto a Chevrolet deverá cobrar pelo Equinox no mercado brasileiro.
Descendo das montanhas Blue Ridge como um sol dourado e baixo no oeste, aproveito o conforto e facilidade de dirigir este crossover recheado de tecnologia. O projeto estala de novo e o motor é moderno. Uma nova transmissão é a única coisa que poderia mellhorar o Equinox. Ele oferece um pacote robusto, que atenderia às necessidades da maioria das famílias em qualquer época do ano.
Fotos: Jonathan Harper / Motor1.com
CHEVROLET EQUINOX PREMIER FWD 2018
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