O Renault Logan ganhou espaço no Brasil com o seu...espaço! Ele é um dos sedãs compactos com as maiores dimensões internas da categoria, principalmente no banco de trás e no porta-malas (510 litros). Nunca foi o mais bonito ou o melhor acabado, mas é uma consequência de seu projeto, nascido para ser barato e fácil de manter. Não nega sua origem Dacia, marca do grupo Renault para países emergentes.
Os propulsores da linha Logan/Sandero já mostravam sinal da idade. Por isso, o 1.0 16V foi substituído por um novo 1.0 12V de 3 cilindros, que aguardamos para um teste completo em breve. Já o 1.6 8V descansa em paz com o nascimento do novo 1.6 16V. Ambos os novos propulsores são da família mundial SCe (Smart Control Efficiency), equipando também o Kwid (1.0), o Captur e os Duster e Duster Oroch (1.6).
No caso do Logan, o 1.6 SCe entrega 118 cv (12 cv a mais que o antigo, ambos com etanol) e 16 kgfm de torque com pico a 4.000 rpm (antes 15,5 kgfm a 2.850 rpm). O projeto, segundo a Renault, foi focado na dirigibilidade e melhoria de consumo de combustível, envolvendo até mesmo engenheiros da Fórmula 1(!). O resultado é a construção em alumínio, para bloco e cabeçote, mais duplo comando de válvulas com variador de fase na admissão, bicos injetores instalados no cabeçote (melhor aproveitamento do combustível do que quando instalado no coletor de admissão) e distribuição por corrente, no lugar da correia dentada.
Para um maior índice de eficiência energética, foram providenciados o sistema start-stop, alternador inteligente - que aproveita as desacelerações para carregar a bateria - e direção eletro-hidráulica, que tira o peso da bomba do motor e o coloca em um motor elétrico exclusivo para esta função. Na teoria, isso deu ao Logan 1.6 nota A pelo Copet/Inmetro. Antes, ele tinha B no geral e C na categoria.
Saindo do teórico para o mundo real, o Logan 1.6 mostra considerável evolução no conjunto mecânico. Na rua, por mais que o número de torque seja pouca coisa maior e com um pico em rotação superior, a entrega de força vem desde baixos giros, graças ao comando variável e ao coletor de admissão longo. Assim, torna a condução urbana bastante agradável, sem a necessidade de esticar as marchas. Dá até para trocar de marcha ao redor das 2 mil rpm que o motor responde sem engasgos.
Mais elástico, o novo motor também vai bem na estrada. O Logan não sente dificuldade para ultrapassagens ou acompanhar o fluxo na velocidade da via, carregado ou vazio. Na pista, o sedã comprovou com números as melhorias. A aceleração de 0 a 100 km/h baixou 1 segundo, indo para 11,2 s, e a retomada, mesmo com o diferencial alongado, saiu de 11,4 s para 11,1 na prova de 80 a 120 km/h em quarta marcha. Pode parecer pouco, mas é aquele "quase deu" nas ultrapassagens.
Se a Renault investiu tanto de olho na economia, vamos ao consumo. Na cidade, o Logan realmente deu um salto considerável, saindo dos 7,5 km/l para 8,2 km/l, muito por conta do start-stop, que funciona bem e em poucos momentos "se perdeu" entre ligar e desligar. Já na estrada, uma inesperada piora: foi de 11,2 km/l para 10 km/l. Sentimos que, mesmo com a quinta alongada, o Logan "pede" uma sexta marcha. A 120 km/h, o ponteiro do conta-giros fica nas 3.000 rpm, uma faixa próxima do pico de torque. Responde rápido, mas acaba cobrando essa disposição com maior sede.
O Logan ainda é uma boa opção para quem busca espaço interno e, agora, um conjunto mecânico eficiente. Além do novo motor, os engates do câmbio passaram a ser por cabos, mais silenciosos e precisos. Neste jogo, porém, poderiam ter entrado a direção elétrica (mais leve e moderna) e, como já citado, o câmbio com seis marchas - já oferecido pelos rivais Chevrolet Prisma e Toyota Etios Sedã.
A suspensão tem o mesmo acerto de antes, que privilegia o conforto. Filtra muito bem as imperfeições e tem boa estabilidade se usado dentro da sua proposta. Por ser grande, o Logan bem que merecia pneus mais largos, 195, em suas rodas de aro 15" para melhor comunicação com o asfalto. Os freios, por mais que tenham cravado boas marcas nas provas de frenagem, deixaram a desejar nos testes. Logo na primeira frenagem forte o pedal ficou baixo e "borrachudo". Com discos sólidos na dianteira, o sistema parece subdimensionado para os 118 cv.
Nesta versão topo Dynamique, o Logan 1.6 cobra consideráveis R$ 56.400. A grande questão está na concorrência, que tem nos Chevrolet Prisma e Hyundai HB20S os mais vendidos. Ele oferecem menos espaço, mas são mais modernos visualmente e contam com acabamento de melhor aparência, além da sexta marcha nas versões mais caras.
Por fim, o Logan foi reestilizado na Europa. Se a mudança visual tivesse chegado junto com os motores SCe, ele poderia ficar numa posição melhor perante a concorrência. Outro pênalti foi deixar o controle de estabilidade e o assistente de partida em rampas exclusivo para a versão automatizada Easy-R, de baixas vendas. Afinal, o Logan é um sedã honesto, e agora traz um conjunto mecânico de respeito. Pena que alguns defeitos ainda continuam evidentes.
PRÓS
- O motor 1.6 SCe tem força suficiente para o Logan, até mesmo carregado.
- Espaço interno ainda é um dos melhores da categoria.
- Por R$ 1.700 a mais, leve o ar-condicionado automático e a central multimídia Media NAV.
- Suspensão filtra as imperfeições do asfalto sem ser excessivamente mole.
CONTRAS
- O acabamento fica devendo em relação ao dos rivais.
- Na prova de frenagem, o pedal baixou e ficou "borrachudo".
- Direção elétrica no lugar da eletro-hidráulica melhoraria o conforto e dirigibilidade.
- Controle de estabilidade e hill holder apenas com câmbio automatizado.
- Falta sexta marcha.
- A reestilização feita no Logan europeu cairia bem no nosso.
Fotos: Daniel Messeder e divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.597 cm3, duplo comando, variador de fase na admissão, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 115/118 cv a 5.500 rpm / 16 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | manual de 5 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio de aro 15" com pneus 185/65 R15 |
FREIOS | discos sólidos na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.062 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.349 mm, largura 1.733 mm, altura 1.529 mm, entre-eixos 2.635 mm |
PORTA-MALAS | 510 litros |
PREÇO | R$ 56.400 |
Aceleração | |
0 a 60 km/h | 4,9 s |
0 a 80 km/h | 7,3 s |
0 a 100 km/h | 11,2 s |
Retomada | |
40 a 100 km/h em 3ª | 10,7 s |
80 a 120 km/h em 4ª | 11,1 s |
Frenagem | |
100 km/h a 0 | 40,7 m |
80 km/h a 0 | 25,6 m |
60 km/h a 0 | 14,4 m |
Consumo | |
Ciclo cidade | 8,2 km/l |
Ciclo estrada | 10,0 km/l |
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