Volta rápida Hyundai New Tucson - Três é demais
Nova geração do SUV se destaca pelo design e conjunto mecânico, mas, por conviver com dois modelos anteriores, ficou cara
Lançar um carro novo e manter o modelo anterior nas lojas é uma prática até comum no Brasil. Mas isso costuma acontecer na faixa de acesso ao veículo 0 km, na qual a grana é curta e quaisquer R$ 500 podem definir uma venda. Caso único no mundo é o que a Hyundai Caoa está fazendo com o Tucson por aqui, ao produzir três (eu disse três!) gerações do modelo na fábrica de Anápolis (GO): o velho Tucson, aquele de 2005, o intermediário ix35, de 2010 (que nos EUA sempre se chamou Tucson), e o agora New Tucson, modelo 2017.
Tudo bem que, colocando um ao lado do outro, eles guardam poucas semelhanças além do nome. A terceira geração inclusive traz um conjunto mecânico de última geração e construção mais esmerada, fatores que o colocam num patamar superior. A questão é que, para não matar o ix35, a Hyundai posicionou o preço do New Tucson lá em cima. Começando por R$ 138.900, o SUV de origem coreana custa quase o mesmo que um Audi Q3, que parte de R$ 142.990. Será que ele está com essa bola toda?
Bom, vamos começar pela parte mais legal. Ao contrário do primo Kia Sportage, que insistiu no motor 2.0 flex, o New Tucson trouxe logo seu melhor powertrain para o Brasil. Estamos falando do motor 1.6 GDI a gasolina, com turbo e injeção direta, que rende 177 cv e um belo torque de 27 kgfm logo a 1.500 rpm. Para acompanhar, temos o primeiro câmbio de dupla embreagem da Hyundai, com 7 marchas, no lugar do automático de 6. Infelizmente, todas as versões vêm somente com tração dianteira, sem opção de 4x4.
Como no novo Elantra, o Tucson também evoluiu na construção. A estrutura passa a ser feita com 50% de aços de alta resistência, o que confere ao SUV elevada rigidez torcional, reduzindo a transmissão de ruídos e vibrações para a cabine. Já a suspensão manteve o esquema do ix35, com McPherson na dianteira e multilink na traseira, mas com calibração específica. A direção tem assistência elétrica e os freios são a disco nas quatro rodas, sendo o controle de estabilidade equipamento de série para todas as versões.
Rodamos com o Tucson 2017 por ruas e estradas de Florianópolis (SC), onde pudemos atestar a evolução da mecânica e a maior solidez do conjunto. O SUV está mais silencioso e confortável do que nunca. A suspensão ficou mais suave no trato com o piso ruim, ao mesmo tempo em que mantém a carroceria sem inclinar muito nas curvas. A direção é leve e tem respostas na medida para um utilitário, sem ser nevosa, embora um tanto anestesiada.
O destaque, porém, vai todo para o desempenho. Com farta oferta de torque em baixa e uma transmissão esperta, o Tucson acelera com vontade e mostrou fôlego de sobra nas ultrapassagens nas vias de mão dupla do caminho. O motor enche rápido e o SUV ganha velocidade sem esforço, como se fosse um carro mais leve, deixando para trás o "irmão" Elantra 2.0 facilmente. É que, além do motor, o câmbio de dupla embreagem é mais ágil nas mudanças do que a tradicional caixa automática, além ter uma marcha extra (7 contra 6).
O que mais me impressionou, no entanto, foi a suavidade de passagem das marchas - a melhor que já vi em transmissões deste tipo. Ela não é das mais rápidas do mercado, mas em conforto não fica devendo para nenhum automático com conversor de torque. Uma pena a Hyundai não oferecer borboletas para trocas manuais na direção, recurso que a maioria dos rivais traz de série.
Por falar em equipamentos, todas as versões do New Tucson são bem recheadas, como listamos a seguir:
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GL (R$ 138.900): ar-condicionado de duas zonas, chave presencial, direção elétrica, volante com ajustes de altura e profundidade, central multimídia com tela de 7" e conexão Android Auto e Apple Car Play, faróis com acendimento automático, retrovisores com desembaçador, bancos do motorista e passageiro com regulagens elétricas, controle de estabilidade e tração e 6 airbags.
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GLS (R$ 147.900): GL mais computador de bordo com tela digital de 4,2", faróis com LEDs de condução diurna, lanternas de LED, teto solar, luzes de cortesia nos espelhos externos e acabamento cromado na grade frontal e nas maçanetas externas.
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Top (R$ 159.600): GLS mais abertura do porta-malas por aproximação, retrovisor interno eletrocrômico, bancos dianteiros com aquecimento e resfriamento, faróis de LED com facho direcional para curvas, assistente de estacionamento e alerta de ponto cego.
O problema é que o modelo não tem o refinamento necessário para exibir estas etiquetas de preço. O acabamento é correto e usa materiais de boa qualidade, mas nada que impressione - o Jeep Compass, por exemplo, faz melhor figura com painel e laterais emborrachados, além de um quadro de instrumentos mais sofisticado. No New Tucson é tudo muito clean, o que acaba parecendo simples demais. Ao menos você pode optar pelo interior clarinho, como no carro fotografado, que deixa a cabine mais bacana que no acabamento preto também oferecido.
Se o interior poderia ser mais caprichado, em termos de espaço não há o que reclamar. Os bancos têm boa dimensão e são cômodos, enquanto os passageiros de trás contam com saída exclusiva do ar-condicionado. Sobra espaço para as pernas e a cabeça nos quatro lugares principais, além de haver cômodos apoios de braço tanto na dianteira quanto na traseira, sem contar os porta-garrafas em todas as portas. No porta-malas também não falta lugar: são 513 litros de capacidade até a linha das janelas. Pelo preço, todavia, seria bem-vindo o sistema de fechamento/abertura elétrico da tampa.
Comparado ao antecessor ix35, fica evidente a evolução em todos os aspectos, do design mais elegante ao trem de força moderno, passando pela maior qualidade de construção. O problema é que, em outros mercados, o Tucson custa no máximo um pouco mais do que o ix35 que ele substitui, o que não acontece por aqui devido à manutenção do modelo antigo nas lojas. Se um é pouco e dois é bom (agora tem o Creta abaixo do New Tucson), precisava mesmo manter o velho Tucson e o ix35 em produção? A resposta virá em breve no caixa da Caoa.
PRÓS
- O Tucson deixou de lado os recortes do ix35 e assumiu a nova identidade visual da Hyundai, ganhando em elegância e imponência.
- O conjunto mecânico é o ponto alto do carro: o motor turbo "puxa" muito bem e a transmissão de dupla embreagem tem mudanças muito suaves, com a vantagem de não roubar torque em relação a um câmbio automático com conversor de torque.
- Com o enrijecimento da estrutura, o Tucson ficou mais silencioso e melhor isolado em termos de vibrações. Também ganhou um acerto de suspensão mais confortável que o do ix35, mas sem descuidar da dirigibilidade.
- Espaço interno e porta-malas são muito bons para uso familiar.
CONTRAS
- Preço: para manter o ix35 no mercado, a Hyundai salgou na conta, principalmente na versão de entrada. Vai acabar entrando na seara de Audi Q3, BMW X1 e Mercedes GLA.
- É bem equipado, mas, pelo que custa, fica devendo maior refinamento interno.
- Faltam borboletas no volante, que praticamente todos os rivais oferecem.
Por Daniel Messeder, de Florianópolis (SC)
Fotos: autor e divulgação
Viagem a convite da Hyundai
Hyundai New Tucson 2017
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.591 cm³, turbo e injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 177 cv a 5.500 rpm / 27,0 kgfm de 1.500 a 4.500 rpm |
TRANSMISSÃO | automatizada de dupla embreagem e 7 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de aro 18" com pneus 225/55 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | Não divulgado |
DIMENSÕES | comprimento 4.475 mm, largura 1.850 mm, altura 1.660 mm (com rack), entre-eixos 2.670 mm |
PORTA-MALAS | 513 litros |
PREÇO | de R$ 138.900 a R$ 159.600 |
Galeria: Hyundai New Tucson avaliação BR
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