A Fiat ouviu nossas preces e acelerou o lançamento do Mobi com o motor que o coloca na linha de batalha com a concorrência. Antes previsto para meados de 2017, o Mobi equipado com o novo 1.0 de 3-cilindros da família Firefly, que fez sua estreia no Uno reestilizado, chega às lojas com novidades que deixaram o subcompacto muito melhor para quem está ao volante.
Desde seu lançamento, já tivemos diversas experiências com o Mobi. Avaliamos as versões Like On e Way e sempre batemos na tecla que seu maior tropeço estava embaixo do capô, com o já antigo Fire 1.0 de 4-cilindros. A Fiat mudou a fábrica de Betim (MG) para entregar um carro de entrada melhor, com técnicas de construção evoluídas, mas "esqueceu" justamente de atualizar o que irá puxar tudo isso pelas ruas.
A resposta chegou... no Uno. O irmão maior ganhou o Firefly 1.0, com 3-cilindros e membro da nova família de motores GSE do grupo FCA. Segundo a marca, todo o desenvolvimento seguiu a linha de uso urbano, que prioriza torque em baixas rotações e economia de combustível. Por isso, além de toda a tecnologia, como construção de bloco e cabeçote em alumínio e comando com variador de fase, ele foi na contramão do mercado e adotou a arquitetura de apenas duas válvulas por cilindro, enquanto os demais tricilíndricos traz quatro. Por isso, o comando é único e sofre variação em admissão e escape, com capacidade de rodar em ciclo Miller e Atkinson, que agem conforme a necessidade de entrega de força e carga no acelerador.
Pena que o Mobi terá o novo motor em apenas uma versão. A Drive chega por R$ 39.870, posicionada entre a intermediária Like e a de topo Like On. Além do motor, traz a direção elétrica no lugar da hidráulica, o que aumenta o conforto para o motorista principalmente com o modo City, que reduz seu peso para manobras a até 40 km/h. No pacote de equipamentos ainda há ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas e outros pequenos mimos, como chave canivete e coluna de direção com regulagem de altura. Também do Uno, vem a tela no painel de instrumentos em TFT, mais bonita e funcional que a das demais versões.
A avaliação do Mobi Drive foi dividida em duas partes. A primeira foi uma competição de consumo entre os jornalistas. Divididos em grupos, teríamos que fazer o menor consumo em cinco voltas no traçado externo do Haras Tuiuti, no interior de São Paulo. Como dica, a engenharia da Fiat disse apenas que a melhor faixa de aproveitamento de combustível estava entre 2.000 e 2.500 rpm com 10% de carga no acelerador, uma situação que representaria andar a cerca de 70 km/h constantes no plano.
Com gasolina, cheguei aos 24,8 km/l. Mas, enquanto eu comemorava, outros chegavam aos quase 30 km/l (!) e dancei. Então fui para a segunda parte, que incluía um roteiro de estrada e algumas ruas de Bragança Paulista. Se você leu os nossos testes anteriores do Mobi, vai recordar que reclamamos das repostas lentas do motor Fire e da necessidade de constantes reduções de marcha para desenvolver o Mobi, mesmo com seu baixo peso.
Esqueça isso. Por mais que, em potência, o Firefly tenha números próximos do Fire e seus 73/75 cv, o torque mudou bastante. Não só o máximo de 10,9 kgfm, mas a sua entrega. Se a Fiat procurou colocar toda a força em baixas rotações, funcionou. Mesmo com pico aos 3.250 rpm, a entrega em giros iniciais é boa, bastando apenas soltar a embreagem e pisar de leve no acelerador para o Mobi arrancar bem. Segundo a Fiat, a força do carro em baixas rotações é a maior entre os 3-cilindros.
Já na estrada, não há milagre. Ele "morre" cedo. Aos 5.000 rpm, pode trocar de marcha e nem perder tempo em esticar mais. Chega sem esforço a velocidade de cruzeiro e a mantém, o que já é um grande mérito em relação às demais versões. Fiat, o que acha de um Mobi com o 1.3 Firefly para os estradeiros? #ficaadica
Outra evolução está na direção. Com a caixa elétrica, o Mobi responde melhor aos comandos, ficou mais leve para manobrar e tem boa carga em velocidade. Apenas não entendemos a insistência da Fiat em não colocar a barra estabilizadora nas versões "não Way". Ele absorve bem os impactos, mesmo na estrada de terra de chegada ao Haras Tuiuti, mas nas curvas ainda sentimos falta da barra para reduzir a inclinação da carroceria do Mobi.
De resto, é o mesmo Mobi que já vendeu mais de 20 mil unidades este ano: claramente mais sólido que qualquer outro Fiat (a não ser a Toro) com sua nova construção, mas com pouco espaço interno e porta-malas somente para duas pessoas. A Fiat diz que ele tem o tamanho ideal para uso urbano, e é bastante econômico. Enquanto ele não chega para nossos testes instrumentados, o Inmetro diz que o Mobi Drive manual roda 9,6 km com 1 litro de etanol na cidade e 11,3 km na estrada, o fazendo dele o 1.0 aspirado mais econômico do país. Na gasolina, os números vão para 13,7 e 16,1 km/l, respectivamente.
Mesmo que atrasado, o Firefly chegou ao Mobi e pode dar uma nova vida ao carrinho. Mas bem que poderia se estender para as demais versões.
PRÓS
CONTRAS
Por Leonardo Fortunatti, de Bragança Paulista (SP)
Fotos: Divulgação
FIAT MOBI DRIVE 1.0
MOTOR | dianteiro, transversal, três cilindros, 6 válvulas, 999 cm³, comando simples com variador de fase |
POTÊNCIA/TORQUE | 72 a 6.000 rpm /77 cv a 6.250 rpm / 10,2/10,9 kgfm a 3.250 rpm |
TRANSMISSÃO | manual de cinco marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de aro 14″ com pneus 175/65 R14 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS |
PESO | 945 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 3.566 mm, largura 1.633 mm, altura 1.502 mm, entre-eixos 2.305 mm |
PORTA-MALAS | 215 litros |
PREÇO | R$ 39.870 |
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