De uma improvável união entre uma italiana especialista em carros pequenos e uma americana de carrões e utilitários vão nascendo interessantes frutos. Se o motor 1.8 E.TorQ dos compactos da Fiat ficava um pouco subdimensionado para o porte e peso da picape Toro, a solução chega da prateleira da Chrysler: eis a Toro com motor 2.4 Tigershark flex, que entrega 186 cv de potência e 24,9 kgfm de torque para esvaziar as críticas quanto ao desempenho do modelo. E, de quebra, oferecer uma versão intermediária da Toro com câmbio automático.
Lançada em fevereiro com duas opções de motor, a Toro tinha um degrau muito grande de performance entre a versão 1.8 flex e a 2.0 turbodiesel - 139 cv e 19,3 kgfm contra 170 cv e 35,7 kgfm. Além disso, quem quisesse uma Toro automática mais potente era obrigado a levar o modelo Volcano top de linha, que atualmente custa R$ 124.550.
A nova Toro Freedom 2.4 chega para resolver a questão, e de certa forma calar os críticos da versão 1.8. Ela usa o motor 2.4 Tigershark mexicano empregado no Jeep Renegade no Estados Unidos (relembre nossa avaliação), incluindo o sistema Multiair de controle eletrônico das válvulas de admissão. Com bloco de alumínio, pistões de altura reduzida e revestidos para menor atrito, o propulsor ainda traz sistema de aquecimento do combustível (que dispensa o tanquinho de gasolina da partida a frio) e o recurso start-stop, que desliga o motor em paradas rápidas para reduzir o consumo. Em números, o 2.4 tem o torque que falta ao 1.8, com 24,9 kgfm, e uma potência superior ao 2.0 diesel, entregando 186 cv quando abastecido com etanol. Outra vantagem em relação à versão 1.8 está no câmbio automático de nove marchas (o mesmo do modelo a diesel, contra seis marchas do 1.8), pela primeira vez conjugado à tração dianteira - somente 4x4 no 2.0 diesel. Mesmo sem ter a força do turbodiesel, esta é a Toro mais brava no que diz respeito ao desempenho: a Fiat declara aceleração 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e velocidade máxima de 200 km/h, sem limitador.
Para acompanhar, a Toro 2.4 vem de série com borboletas no volante para trocas de marcha manuais, retrovisores elétricos, capota marítima, luz de caçamba, volante revestido de couro com comandos do som e uma cor exclusiva, a Branco Polar. Opcionais são os mesmos da versão 1.8.
O test-drive para a imprensa foi num trajeto bastante utilizado por nós para avaliação dinâmica, a Estrada dos Romeiros, no interior paulista. Mesmo antes de chegar lá, o motor 2.4 já mostrou outra vida para a Toro, com saídas rápidas e o fim daquela sensação de carro pesadão da versão 1.8. Uma das sacadas do propulsor é o controle eletrônico de abertura das válvulas de admissão Multiair, que permite entregar 91 % do torque máximo logo a 2 mil rpm.
Ainda no trânsito urbano, também gostamos da atuação suave do sistema start-stop, com partidas discretas e sem muita vibração. A calibração da transmissão é outra que contribui para o conforto, com passagens suaves mesmo sob aceleração máxima. Diferentemente da versão a diesel, na qual a faixa útil de rotações fica entre 2 mil e 4 mil giros, no Tigershark a elasticidade é bem maior, podendo esticar as marchas até quase 7 mil rpm. Apesar do bom torque em baixa, é notável como o motor "cresce" a partir das 4 mil rpm, incluindo um ronco mais bravo. Em termos de ruído e vibrações, o 2.4 é melhor que o diesel, mas não parece tão refinado quanto o 2.0 Tigershark que equipa o Jeep Compass.
Na pista de mão dupla da Romeiros, bastava fincar o pé no acelerador para que a Toro 2.4 embalasse nas ultrapassagens, sem aquela incerteza do "será que vai dar" da versão 1.8. E também não é qualquer aclive que faz o câmbio reduzir marchas para manter o pique do motor, mostrando que o 2.4 é mais compatível com a proposta da Toro. A transmissão de nove marchas tem as seis primeiras relações para desempenho, sendo a velocidade máxima atingida em sexta, e as três demais como overdrive, para consumo. Ainda assim, não há milagre: as médias durante a avaliação ficaram em torno de 5 km/l na cidade e 8 km/l na estrada, usando etanol.
A 120 km/h em nona marcha, o conta-giros fica abaixo de 2 mil rpm. Nas curvinhas travadas do percurso, a Toro exibiu a mesma (boa) dinâmica de sempre, com uma direção viva e rolagem discreta da carroceria (para uma picape deste porte), o que transmite sensação de carro na "mão" mesmo em velocidades elevadas. Uma das novidades desta versão é o botão Sport, que altera os parâmetros de funcionamento do motor e do câmbio. Serve para esticar mais as marchas na acelerações, mas não tem a mesma esperteza nas reduções. Algumas vezes, em condução agressiva, as reduções pela borboleta não eram aceitas pelo sistema, mostrando uma calibração conservadora da transmissão. Nada porém, que comprometa a dirigibilidade.
Como dissemos no começo, a Fiat mata dois coelhos com uma cajadada só: além do motor mais forte, a Toro 2.4 já vem com câmbio automático por R$ 98.730 - exatamente o mesmo preço da versão Freedom 2.0 turbodiesel com câmbio manual, que embora seja mais econômica não tem a mesma comodidade. E também há muitos consumidores que preferem a suavidade e elasticidade dos motores a gasolina, especialmente para uso urbano.
Assim, a Fiat espera que a nova Toro 2.4 responda por cerca de 20% das vendas totais do modelo, reduzindo a participação da versão 1.8 dos atuais 70% para 50%, enquanto as versões a diesel deverão manter por volta de 30% do mix de produção. Para quem não precisa (ou não faz questão) da tração 4x4, a Toro 2.4 acaba se tornando a opção mais interessante da gama em termos de custo-benefício. E deverá ajudar a cimentar o caminho do modelo rumo a liderança de vendas entre os comerciais leves, lembrando que em outubro a Toro já vendeu mais que a atual líder Strada.
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 2.360 cm3, comando simples variável, flex; Potência: 174/186 cv a 6.250 rpm; Torque: 23,5/24,9 kgfm a 4.000 rpm; Transmissão: automática de nove marchas, tração dianteira; Suspensão: independente McPherson na dianteira e multilink na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD, Rodas: aço aro 16" com pneus 215/65 R16; Peso em ordem de marcha: 1.704 kg; Capacidades: caçamba 820 litros, carga útil 650 kg, tanque 60 litros; Dimensões: comprimento 4.915 mm, largura 1.844 mm, altura 1.680 mm, entre-eixos 2.990 mm Galeria de fotos:
Ficha Técnica Fiat Toro 2.4 Tigershark 2017
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