Ele sempre foi tratado como patinho feio. Até mesmo uma executiva da Renault reconheceu durante a apresentação do novo Logan 2014 que o forte do anterior não era o visual. Duas virtudes, porém, conquistaram muitos consumidores no Brasil, em especial os taxistas: robustez e o espaço interno generoso - generoso mesmo. Consolidado no mercado, o modelo precisava se atualizar com outro perfil de consumidor, menos racional. Assim, a linha 2014 exibe uma virtude inédita para o Logan: beleza. O que é? O sedã "compacto espaçoso" da Renault ganha nova identidade de estilo, com linhas mais modernas e harmoniosas. Comparando ao anterior, a evolução visual é grande, com destaque para a nova dianteira inspirada no Clio IV (europeu) que traz faróis bem trabalhados, grade que agora acomoda um emblema maior da Renault e para-choque com traços mais arredondados. A lateral também muda, ostentando ressaltos nos para-lamas dianteiros e uma espécie de "ombro" na parte traseira. Os retrovisores também ganham novo desenho, e incluem as setas integradas na versão topo Dynamique. Rodas e calotas também são inéditas. Outra importante alteração está no para-brisa, agora maior e mais inclinado, para contribuir na redução do coeficiente aerodinâmico. Na parte traseira, as alterações também foram fortes. Para-choque e tampa do porta-malas foram trocados, mas o destaque fica para as lanternas, agora quadradas ao invés de triangulares, com elementos internos bem separados por cromados. É outro carro! Por dentro, também há clara evolução. O painel totalmente novo, embora continue formado apenas por plástico rígido, tem visual bem melhor do que anterior e textura agradável. Os encaixes são bem feitos, porém, é possível notar pequenas rebarbas em locais mais escondidos. Segundo executivos da Renault, os modelos disponíveis para avaliação eram pré-série, fato que abre a possibilidade de pequenas melhoras nas versões de produção. O volante tem boa pegada e acomoda os comandos do piloto automático e limitador de velocidade na versão Dynamique. O novo quadro de instrumentos tem iluminação na cor branca, mas, sob sol forte, a visibilidade fica um pouco prejudicada. À direita, o mostrador digital traz os indicadores de nível de combustível, temperatura do motor e computador de bordo. Também é novidade um pequeno indicador de troca de marcha, para ajudar na economia de combustível (como no Clio). O espaço oferecido pelo Logan já era covardia, mas agora ficou ainda mais versátil com o encosto rebatível do banco traseiro (antes havia uma barra de ferro ligando as chapas laterais da carroceria), o que possibilita aproveitar melhor o porta-malas de 510 litros. A Renault diz que o Logan 2014 ganhou nova plataforma, agora chamada de L52, que traz 72% de novos componentes. Foram modificados também a suspensão e direção, enquanto o sistema de freios, com ABS, ficou 3 kg mais leve. Como anda? Ao sentar no banco do motorista, acabou a sensação de carro romeno. A lição foi aprendida e, apesar da proposta de baixo custo, a ergonomia foi repensada. A área central do painel traz desenho moderno, com direito ao acabamento preto brilhante. Os botões dos vidros elétricos estão onde devem estar: nas portas. E o comando dos retrovisores elétricos deixou de ser embaixo do freio de mão, indo para o lado esquerdo do painel. As funções do computador de bordo são acessadas facilmente pela mesma haste dos limpadores. Há regulagem de altura e inclinação do assento, enquanto a regulagem do volante é apenas em altura (e despenca se você soltá-lo). No restante, boa ergonomia nos comandos do ar-condicionado e do rádio. A primeira versão que dirigimos foi a 1.0 Hi-Power flex. A unidade estava equipada com ar-condicionado e a outra grande novidade do modelo, o sistema multimídia Media NAV 1.2 com tela de 7” sensível ao toque. Além do som e do navegador GPS, também há uma nova função chamada EcoDrive que dá dicas para economizar combustível e exibe diversas informações sobre a condução, como consumo, distância e se as trocas de marchas estão no tempo correto, assim como a aceleração. É um recurso muito bacana, mas durante o dia o brilho da tela foi insuficiente para enxergar com nitidez. Acelerando, o Logan 1.0 mostrou novas virtudes, como o melhor isolamento acústico em baixas rotações. Ao elevar o giro, sempre necessário com este motor 16 válvulas de 80 cv e 10,5 kgfm, o ronco invade bem a cabine. A suspensão merece elogios por negociar bem as imperfeições. No entanto, ainda falta um tempero para a direção hidráulica, um tanto anestesiada e pouco comunicativa. O motor 1.0, o mesmo do renovado Clio, atende de modo satisfatório, mas sofre para vencer ladeiras mesmo com apenas duas pessoas no carro. Num trajeto mais longo, dirigimos a versão 1.6 8V Hi-Power Expression. As mesmas impressões de acústica estão presentes nesta versão mais potente. Rodando a 120 km/h, o motor de oito válvulas trabalha na casa dos 3.250 rpm com nível de ruído aceitável, melhor que o anterior. Acelerar este propulsor que entrega apenas 98 cv com gasolina (106 cv com etanol) não empolga, mas o torque de 14,5 kgfm (15,5 kgfm no etanol) ajuda a salvar o desempenho. Apesar da melhora na aerodinâmica com o novo desenho, esta versão sente bem os ventos laterais nas estradas, obrigando o motorista a ter mais atenção. A ausência da barra estabilizadora dianteira (disponível somente na Dynamique) tira um pouco da firmeza ao dirigir, inclusive com inclinação mais acentuada da carroceria em curvas fechadas. Usando o Media NAV 1.2 num percurso de exatos 88,1 km, sendo 80% do percurso feito em estrada com o carro cheio e ar-condicionado ligado, o consumo indicado foi de 12,9 km/l com gasolina. Curioso é o ranking de duas estrelas para aceleração e três para a troca de marchas (resultado do carro carregado, inclusive no porta-malas). Quanto custa? Além de mais bonito, o novo Logan tem preços e itens de série que o tornam bem competitivo. A versão de entrada é a Authentique 1.0 16V, que por R$ 28.990, deve ser rara de ser encontrada nas lojas. Sai equipada de fábrica com freios ABS e duplo airbag para atender a legislação, rodas de aço de 15 polegadas com calotas, brake light, para-sol com espelho e aberturas internas do porta-malas e reservatório de combustível. E só. Para deixar esta versão mais "redonda", é necessário levar os opcionais ar-condicionado, direção hidráulica e desembaçador traseiro. A intermediária Expression será vendida com motor 1.0 16V, por R$ 33.390, e 1.6 8V, a R$ 39.440. A lista de itens começa a ficar mais recheada, começando com direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, alarme, computador de bordo e rádio com CD/MP3/USB/Bluetooth, além do banco traseiro rebatível 1/1. No visual, os retrovisores e maçanetas são na cor da carroceria. O ar-condicionado é item de série quando equipado com motor 1.6 (opcional na 1.0). Por R$ 850, é possível adicionar o sistema multimídia Media NAV 1.2. Topo da linha é a Dynamique equipada com motor 1.6 8V. Por R$ 42.100, vem com direção hidráulica, ar-condicionado, retrovisor elétrico, rodas de liga leve aro 15", banco rebatível 1/3 e 2/3, vidros elétricos dianteiros e traseiros, piloto automático, limitador de velocidade e setas nos retrovisores. Como opcionais, temos novamente a central Media NAV 1.2, o sensor de estacionamento e os faróis de neblina. Na ponta do lápis, mesmo o Logan mais completo fica com preço abaixo dos rivais Fiat Grand Siena, Volkswagen Voyage e os Chevrolet Prisma e Cobalt. É o único entre os concorrentes a ter a opção do ar-condicionado automático na versão top de linha com preço atrativo, mas fica devendo uma opção com transmissão automática, pelo menos por enquanto. Como antecipamos, o Logan ganhará em breve câmbio automatizado associado ao motor 1.6 16V, propulsor mais interessante em relação aos disponíveis na gama. Se apenas a robustez e o bom espaço já seduziam um volume razoável de clientes, agora a Renault tem um carro bonito e também trabalha no pós-venda para alavancar o modelo. Com garantia de 3 anos ou 100 mil km, a marca aposta em revisões com preço fixo com intervalos de 10.000 quilômetros. No programa de manutenção sugerido pela montadora, em três anos o dono do Logan gastará R$ 950 em revisões das versões 1.0 16V e R$ 995 nas 1.6 8V. Espaçoso, robusto, barato de manter e agora bonito são os atributos do Logan. Dá para encarar? Por Fábio Trindade, de Campinas (SP) Fotos Divulgação Ficha Técnica – Renault Logan 1.0 16V Expression 2014 Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 999 cm³, flex; Potência: 77/80 cv (gasolina/etanol) a 5.750 rpm; Torque: 10,2/10,5 kgfm a 4.250 rpm; Transmissão: manual de cinco marchas, tração dianteira; Direção: mecânica (hidráulica opcional); Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS; Rodas: aro 15 com pneus 185/65 R15; Peso: 1.028 kg; Porta-malas: 510 litros; Tanque 50 litros; Dimensões: comprimento 4.349 mm, largura 1.733 mm, altura 1.529 mm, entreeixos 2.635 mm Ficha Técnica – Renault Logan 1.6 8V HiTorq Expression 2014 Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, 1.598 cm³, flex; Potência: 98/106 cv (gasolina/etanol) a 5.750 rpm; Torque: 14,5/15,5 kgfm a 2.850 rpm; Transmissão: manual de cinco marchas, tração dianteira; Direção: hidráulica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS; Rodas: aro 15 com pneus 185/65 R15; Peso: 1.070 kg; Porta-malas: 510 litros; Tanque 50 litros; Dimensões: comprimento 4.349 mm, largura 1.733 mm, altura 1.529 mm, entreeixos 2.635 mm
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