Lembra do 500e? o modelo chegou por aqui em 2021 com valores elevados e, portanto, não vende em grandes volumes. Lá fora as coisas não são muito diferentes, pelo menos é o que dizem os números e a consequente interrupção da produção na fábrica da Stellantis em Mirafiori, Itália, que se tornou tema de debate público em meio a protestos dos sindicatos e críticas dos políticos.

A questão também foi objeto de discussão no Salão do Automóvel de Paris com o CEO Carlos Tavares que, pressionado pelos jornalistas, aproveitou a oportunidade para explicar qual será a estratégia para o relançamento do carro urbano italiano que é o símbolo da Fiat no mundo.

Fiat 500e - Fábrica de Mirafiori

Fiat 500e - Fábrica de Mirafiori

Plataforma do Grande Panda custa a metade do preço

Conforme anunciado em maio passado, o 500e será o objeto da primeira 'transição reversa', indo de elétrico para híbrido. A decisão não estava nos planos industriais da Stellantis, mas se tornou inevitável para salvar o modelo e sua produção, cujos resultados comerciais foram determinados, segundo Tavares, "pelo cancelamento brutal dos incentivos (à compra de carros elétricos) na Itália e na Alemanha".

Para o grupo, o que é certo é que a manutenção do atual 500 elétrico em Mirafiori não é economicamente viável:

Não quero dar muitos números que iriam para a concorrência, mas o custo da plataforma que temos no Citroen C3 (a mesma do Fiat Grande Panda) é metade do custo do 500e.

Carlos Tavares dá as boas-vindas a Macron no Salão de Paris 2024
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Meta de 100.000 carros em Mirafiori

Daí a dupla intervenção: o desenvolvimento de uma variante híbrida (do tipo leve, semelhante ao Fiat Grande Panda, Jeep Avenger, etc.) e uma evolução técnica do atual 500e:

"Com nossos engenheiros italianos", explica Tavares, "identificamos uma ideia de engenharia muito inovadora que reduzirá significativamente os custos totais de produção. Com uma nova bateria e um novo sistema de gerenciamento de bateria, o custo será reduzido significativamente e adaptaremos o preço de acordo para vender mais".

Não se sabe como e quanto, mas o executivo português abriu o jogo sobre o impacto combinado na fábrica de Mirafiori, considerando a produção do 500 híbrido: entre 80 e 100 mil carros a mais produzidos por ano. Será uma corrida contra o tempo para impedir a sangria de vendas, mas também a polêmica ao redor desse assunto, tanto que o próprio Tavares, em audiência pública com o governo europeu, prometeu antecipar a chegada do carro de 2026 para o final de 2025.

O Centro de Tecnologia de Baterias Stellantis em Mirafiori

O Centro de Tecnologia de Baterias Stellantis em Mirafiori

<p>Um detalhe do atual 500e na linha de montagem</p>

Um detalhe do atual 500e na linha de montagem

Não há mais "citycars" planejados

A discussão sobre a plataforma deu a Tavares a oportunidade de especificar que, no momento, não há planos para outros carros no chamado segmento A (urbanos, ou subcompactos, para ser mais preciso): "para se locomover na cidade, use o Fiat Topolino (versão italiana do Citroën Ami), que não chamo de carro, mas de ferramenta de mobilidade".

É uma visão diferente da do Grupo Renault, cujo número um, Luca De Meo, também no Salão de Paris, definiu os carros urbanos como o ovo de Colombo (a solução para um problema difícil que quando revelada parece óbvia) para a transição elétrica. 'Você não precisa de um Prêmio Nobel de Física', disse De Meo em uma reunião com jornalistas.

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