Crise da Volkswagen pode paralisar mercado na Europa

Como a tempestade da mídia que assola o mundo dos carros pode mudar as escolhas das pessoas e paralisar o mercado

Foto de: Shutterstock.com

Por: Alessandro Lago

Traduzido por: Thomas Tironi

03 Outubro em 12:00

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O trecho a seguir é a reprodução de uma ligação telefônica entre amigos: ela, uma empresária romana procurando um carro novo; ele, um especialista em automobilismo (o autor original deste artigo, nosso colega do Motor1.com Itália, Alessandro Lago).

"Sabe, Alessandro, eu também estava considerando um Cupra[linha de esportivos elétricos do grupo VW]... o Formentor, mas com a crise da Volkswagen eu o descartei porque queria evitar problemas.

Alessandro comenta que ficou em silêncio por alguns instantes e, então, interferido, perguntando se ela realmente tem esse medo. Ela diz:

"Olha, ontem mesmo falei sobre isso em um jantar com um grupo de amigos. E todos concordaram que existe o risco de ter problemas com peças de reposição..."

Essa experiência telefônica o fez refletir sobre como é difícil não apenas prever, mas também imaginar o impacto que notícias que escutamos no dia a dia, não necessariamente por parte da mídia, mas também com colegas e conhecidos, podem ter sobre as escolhas das pessoas, o que é ainda mais verdadeiro para bens caros e complicados de comprar, como um carro moderno.

Cupra Formentor

Houveram muitas notícias que mexeram com a opinião pública sobre carros recentemente, desde a notícia da proibição de carros a combustão no continente europeu depois de 2035, o aumento dos preços devido à guerra, passando pelas muitas preocupações com o carro elétrico (risco de incêndio da bateria, crianças exploradas em minas de lítio, desequilíbrios geopolíticos, e assim por diante).

Ultimamente, tem-se falado de um "fracasso dos carros elétricos", temperado com a crise dos fabricantes europeus, com o grupo Volkswagen e a Ford sendo os mais afetados por ela. Segundo analistas, essa crise vem principalmente das políticas de transição ecológica mencionadas anteriormente e pela concorrência da China.

Cupra Formentor

Pode-se entrar no mérito de cada questão e debatê-la por dias, mas há apenas uma certeza: em um contexto como esse, o desejo de gastar dinheiro para comprar um carro não está sendo suficiente para convencer nem o mais entusiasta dos consumidores.

A confusão na cabeça das pessoas é tanta que novos modelos, promoções, novos incentivos ou o adiamento dos prazos europeus para os limites de CO2 não serão suficientes para reverter a tendência.

Hoje, para que o setor automotivo volte a funcionar, precisamos recuperar a confiança das pessoas, que é uma variável vital em uma economia de mercado. Precisamos recuperar a confiança no produto, na tecnologia que o caracteriza, nas próprias pessoas que têm de vendê-lo e, obviamente, precisamos esclarecer as "regras do jogo" que podem incentivar direta ou indiretamente a compra.

Será um grande desafio e é um desafio de comunicação. Um desafio que diz respeito a todos: o setor, a cadeia de suprimentos, a política e a própria mídia, como nós, que trabalhamos com carros.

O problema será chegar a um acordo sobre os objetivos e escolher entre esclarecer de uma vez por todas, ajudando as pessoas a entenderem uma revolução muito complicada, confusa, mas inevitável, ou se concentrar nas necessidades de curto prazo para salvar contas, imagem, ações ou votos (dependendo do seu ponto de vista), ignorando o futuro. Que sempre chega mais cedo do que o esperado.

O Cupra Formentor, objeto de análise de mercado após telefonema entre amigos

Ao fim da conversa, Alessandro explicou a amiga que se ela gostar de um Cupra Formentor não corre nenhum risco e que muitas coisas podem acontecer ao Grupo Volkswagen nos próximos meses, mas ele continuará a existir. Portanto, haverá todas as peças de reposição que precisar.