Um dos executivos mais polêmicos do setor automobilístico não tem medo de dizer o que pensa. Depois de dizer que a Nissan é "chata, medíocre" e está em uma "posição ruim" e de descrever a aliança Renault-Nissan como "pequena e frágil", o fugitivo de 70 anos agora tem algo a dizer sobre a recém-formada parceria Honda-Nissan-Mitsubishi.
Em uma nova entrevista à Automotive News, Ghosn disse que a Honda está planejando uma "aquisição disfarçada" da Nissan e da Mitsubishi. Ele acredita que a Honda é, de longe, a maior das três montadoras japonesas, o que coloca a empresa no "banco do motorista" para assumir o controle. Os detalhes completos sobre o novo acordo ainda não foram revelados, mas o ex-chefe da Nissan argumenta que a Honda é quem dará as ordens.
"Não consigo imaginar nem por um momento como isso vai funcionar entre a Honda e a Nissan, a menos que seja uma aquisição, a menos que seja uma aquisição disfarçada da Nissan e da Mitsubishi pela Honda, com a Honda no comando. Será uma aquisição, uma aquisição disfarçada".
Ghosn disse à Automotive News que um acordo com a Honda nunca foi cogitado durante sua gestão na Nissan. Ele atuou como CEO de junho de 2001 a abril de 2017, quando deixou o cargo, mas permaneceu como presidente da empresa. Inicialmente, ele ingressou na Nissan em junho de 1999 como COO, quando a aliança Renault-Nissan foi estabelecida. Foi também nessa época que a Renault adquiriu uma participação de 43,4% na Nissan. No final de 2023, a Renault decidiu vender de volta cinco por cento para a Nissan.
Antes de ingressar na Nissan, Ghosn desempenhou um papel fundamental na reestruturação da Renault enquanto atuava como vice-presidente executivo da montadora francesa. Durante a era Renault, ele ficou conhecido como o "Le Cost Killer" devido à sua feroz agenda de reestruturação.
Para relembrar, Ghosn foi preso em novembro de 2018 sob acusações de uso indevido de fundos da empresa e de subestimar deliberadamente seu salário anual por cerca de cinco anos. Posteriormente, ele fugiu da prisão domiciliar no Japão em dezembro de 2019, escapando para o Líbano, um país que não extradita seus cidadãos. A história é bastante curiosa, considerando que o ex-presidente da Nissan deixou o país tarde da noite usando um jato fretado enquanto se escondia dentro de uma caixa. Em entrevista à BBC em 2021, Ghosn disse:
"Os 30 minutos de espera na caixa do avião, esperando que ele decolasse, foram provavelmente a espera mais longa que já experimentei na vida."
Em 2024, Ghosn leva uma vida diferente no Líbano, lecionando em uma faculdade local e ajudando startups oferecendo seus conselhos comerciais. Quanto aos processos judiciais que ele ainda está enfrentando: "Tenho meus advogados. Eles estão brincando com isso".
Com relação à recém-formada aliança Honda-Nissan-Mitsubishi anunciada em 1º de agosto, os detalhes permanecem obscuros. No entanto, a Honda e a Nissan assinaram separadamente um acordo para trabalhar em baterias, motores elétricos e em veículos definidos por software (SDVs). Além disso, a Nissan e a Honda complementarão as linhas de produtos uma da outra com carros a combustão e modelos totalmente elétricos. A Nissan continua a deter uma participação de 34% na Mitsubishi.
RECOMENDADO PARA VOCÊ
McLaren foi vendida mais uma vez, inclusive divisão de competições
Semana Motor1.com: Novo Honda City 2025, Ranger cabine simples e mais
Porsche: "há uma tendência clara'' de preferência por carros a gasolina
História: há 20 anos, Logan nasceu na Romênia para ganhar o mundo
VW caminha para cortar fábricas, empregos e salários na Europa
Stellantis oferece R$ 12.000 para quem trocar Ford por Jeep ou Ram
Depois da Land Rover, SsangYong faz acordo para usar plataformas da Chery