Royal Enfield "quebra recorde" em Interlagos e nós estávamos lá no meio
Veja como foi andar entre mais de mil motos da marca no circuito mais famoso do Brasil.
Durante o Festival Interlagos, no começo de junho, a Royal Enfield convidou proprietários de motos da marca para se encontrarem na pista e tentar bater o recorde de maior quantidade de unidades da Royal Enfield andando ao mesmo tempo no mesmo lugar. A ação foi apelidada de Ride #1000RoyalEnfield.
Isso foi em 8 de junho. Quase um mês depois, a marca divulgou o resultado da empreitada. Mas o Motor1.com Brasil irá além de replicar o comunicado da Royal Enfield. Nós estávamos lá infiltrados entre os mais de 1.000 clientes e funcionários da marca que participaram do feito. Podemos estar olhando para um recorde mundial e esse "podemos", na condicional, vamos explicar agora.
Tudo é extraoficial
O comunicado é tudo de oficial desse proposto recorde da Royal Enfield que temos. Ele diz: "Mais de mil clientes, funcionários e convidados da marca, se reuniram para pilotar na maior pista do país para o ride #1000RoyalEnfield. Esse número supera o recorde atual registrado e homologado, que é de 857 motos, sendo assim, o Brasil, extraoficialmente, superou o feito no emblemático Autódromo de Interlagos".
Ênfase para o extraoficialmente. A marca não contou exatamente quantas motos estavam em Interlagos e não encontramos nenhum sinal de representantes que pudessem atestar a quantidade de Royal Enfields no circuito. E se vocês prestaram atenção, a marca levou quase um mês para divulgar o que foi feito no circuito paulistano.
Royal Enfield bate recorde em Interlagos
O Ride #1000RoyalEnfield "celebrou a paixão pelo mundo duas rodas e fomentou o sentimento de união e comunidade da marca com seus clientes, demonstrando a força do mercado brasileiro, que é o segundo maior público da montadora", disse a marca. O novo vice-presidente executivo para Américas, Ross Clifford, esteve presente no evento e acelerou no desfile de motos.
A participação no Ride era garantida a partir da troca de 1 kg de alimento não perecível por ingresso para o evento. As concessionárias da capital paulista eram os postos de troca e reuniram mais de uma tonelada em alimentos.
Royal Enfield bate recorde em Interlagos
Eu estava lá, mas não consegui ficar escondido
Toda esta ação da Royal Enfield de convidar clientes da marca para o Ride por meio das concessionárias não foi amplamente divulgado pela marca. Fiquei sabendo por meio de meu pai que, assim como um tio e um colega deles, são proprietários de 2 Interceptor 650 e uma Meteor 350.
Mesmo para o clientes, a Royal Enfield nunca descreveu a ação como uma tentativa de quebrar um recorde. Talvez por isso não houve uma grande preocupação em registrar o feito oficialmente, anotando quantas motos estavam lá. Para todos os efeitos, era um passeio em Interlagos e uma ação de solidariedade para as vítimas da falta de planejamento ante as chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul.
Tanto que, não fosse meu pai, nem teria tomado conhecimento da ação. Era um sábado e ainda estava cobrindo o Festival Interlagos. Como era o único que lembrava do caminho de cabeça, liderei o comboio nos 36 km que separam a Freguesia do Ó e o Autódromo de Interlagos. Eu na minha fiel Suzuki Intruder 125 2007 e o trio em suas respectivas Royal Enfield.
Já no final da Avenida das Nações Unidas, há poucos quilômetros do Autódromo, havia sinais de algo grande. Diversas Meteor, Hunter e Interceptor apareciam de todos os cantos e faziam mini-encontros de Royal a cada semáforo. Até umas Himalayan e as finadas Classic e Bullet 500 estavam aparecendo levando todo o tipo de gente com todo tipo de customizações, das mais simples às mais elaboradas.
Chegando no Autódromo, havia um espaço para motos e outro espaço reservado para Royal Enfield. Lá nos separamos: a Intruder junto com todo mundo, as Royal no chiqueirinho especial delas.
O Ride estava programado para o final da tarde e chegamos no final da manhã. Fui resolver os trabalhos a serem feitos para o Motor1.com Brasil; pai, tio e amigo foram curtir as atrações do Festival.
Royal Enfield bate recorde em Interlagos
Não tinha intenção de participar do Ride. Não tinha recebido um convite da Royal para tal, mas, principalmente, não sou dono de uma moto da marca. Mas antes de falar como fui parar no meio desse feito da marca em Interlagos, é preciso dar um pouco de contexto.
A atual passagem da Royal Enfield no Brasil começou em 2017, mais especificamente em abril. Em agosto, eu estava tirando uma Bullet 500 preta 0km paga com dinheiro do meu bolso e sem descontos na então única concessionária da marca no Brasil, localizada na zona Sul da capital paulista.
Fiz muito conteúdo sobre a moto nos primeiros momentos da Royal Enfield no Brasil, nas minhas redes pessoais mesmo, incluindo uma viagem de mais de 2.000 km entre São Paulo (SP) e Brasília (DF) em um tempo que ainda perguntavam quanto eu tinha gastado para restaurar a Bullet, tamanho o desconhecimento sobre a marca. Até hoje, ainda encontro pessoas na rua que compraram uma Royal por conta de algum conteúdo meu.
Os conteúdos pararam junto com a pandemia. A moto se foi há dois anos. Entre motos e carros (às vezes caminhões e ônibus) de teste aqui pelo Motor1.com Brasil, a realidade era que não rodava nem 1.000 km por ano com a Bullet, e moto parada estraga.
Os dois anos sem Royal na garagem seriam o suficiente para passar incógnito num encontro de motos da marca? Achei que sim, estava errado. No final das contas, quem me convidou para participar do Ride foi Raul Fernandes Jr., da 2W Motors, responsável por algumas das concessionárias da Royal Enfield. Foi meio em cima da hora e corri a pé os quase 2 km dos boxes de Interlagos até a área onde as motos da marca se concentravam. Enquanto isso, avisei meu pai para me esperar, ia de garupa com ele.
Chegando na área reservada às Royal, quase não encontro meu pai. A cada passo, alguém me cumprimentava, perguntava da minha Bullet e falava que era uma pena eu ter passado a moto pra frente. Uma meia hora depois, encontrei minha carona para o Ride.
Royal Enfield bate recorde em Interlagos
Pôr do Sol e um formigueiro de Royal
O passeio, programado para o final da tarde, acabou virando início da noite. O lado ruim foi que dificultou fazer as fotos que vocês estão vendo por aqui, ainda mais considerando que eu estava de garupa numa moto. O bom é que as imagens que não ficaram borradas ficaram lindas, como o incomum tom de roxo do céu na foto acima.
Da concentração, acima da subida dos boxes, diversas Royal Enfield começaram a se enfileirar para o Ride. Eram 1.000 ou mais motos? Não sei, nem Royal, mas eram muitas. A presença maior era de Interceptors 650 e Meteor 350, mas até as primeiras Classic e Bullet 500 estavam presentes. Deu até saudade da minha. Himalayans e Scram estavam em menor quantidade, mas algumas Hunters 350, lançamento relativamente recente, estavam lá. Mas o destaque do encontro vai para os corajosos que tiraram as raras Continental GT 535 da garagem para o passeio.
Usamos um trecho do traçado original de Interlagos para chegar ao miolo do circuito, antes da curva Ferradura. Ali já dava para ver que era algo grande. À frente e atrás, uma sequência de faróis e lanternas redondas era tudo o que se via. Nas características curvas em elevação de Interlagos, a imagem impressionava pelo tamanho da fila de motos. Uma passagem pela reta dos boxes e uma acelerada na reta oposta a qual meu pai não resistiu, a imensa fila voltou a se organizar para deixar a pista.
Recorde não, demonstração de força
Seja uma tentativa de quebra de recorde ou apenas um passeio solidário, o Ride da Royal em Interlagos mostrou que a marca não está aqui apenas para atender a um pequeno nicho de motos clássicas. Modelos como Hunter 350 e Super Meteor 650 devem ampliar mais o alcance da marca.
Vale lembrar que a Royal Enfield já tem fábrica no Brasil e os negócios da marca em nosso país são extremamente relevantes para a empresa. Somos o segundo país que mais compra motos da marca no mundo, perdemos apenas para a própria Índia. O plano de dominar o seguimento de motos de média cilindrada com modelos simples a preços justos está se mostrando correto.
Tão correto que outras montadoras estão se mexendo. No Festival Interlagos, a Royal apresentou a Shotgun 650, a quarta moto com o motor bicilíndrico. Enquanto isso, a Kawasaki mostrou a esperada Eliminator 500, uma estradeira de média cilindrada também, mais acessível que a atual Vulcan 650. A Triumph veio na sequência, exibindo a linha 400 com Speed e Scrambler - promocionalmente - por menos de R$ 35 mil.
Ou seja, agora que a concorrência está vindo com a resposta, a Royal está voltando com 1.000 motos na pista convidando somente os proprietários da capital paulista. Recado dado, mas numa próxima seria legal contar quantas motos estiveram presentes.
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