Não mais segredo algum que os preços dos carros novos no Brasil não para de subir. Com a introdução de mais tecnologias de segurança obrigatórias e regras de emissões cada vez mais restritivas, também não há mais esperança de que os valores caiam no futuro. Agora, um levantamento apontou o quanto os brasileiros estão realmente pagando por um veículo 0km em média.

Durante o Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2024, o consultor automotivo Milad Kalume Neto exibiu um levantamento com um número de certa forma preocupante. O tíquete médio, valor médio das transações de venda, dos veículos novos no Brasil já passou dos R$ 150 mil neste ano.

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Mais especificamente, os brasileiros estão pagando R$ 152,5 mil em média para comprar um carro novo em 2024. Em 2023, esse número já era de R$ 140,6 mil. Ou seja, neste ano, comprar um veículo 0km neste ano já está 8,5% mais caro na comparação com ano passado. O aumento expressivo do tíquete médio pode ser observado desde 2017, mas atingiu seu ápice em 2021, ainda na pandemia. Naquele ano, o valor médio pago por um carro 0km atingiu 112,1 mil, representando uma alta de 29,8% na comparação com o ano anterior.

Além de novas exigências legais e do mercado que as montadoras precisaram atender, desde a pandemia outros problemas foram escancarados. Entre eles vale citar o processo inflacionário que corroeu o poder de comprados consumidores e crédito escasso devido as taxas de juros que permanecem elevadas, além, claro, da pandemia que reduziu a produção.

Um dos fatores que ainda estaria sustentando o setor automotivo nacional nacional é o aumento da participação das vendas diretas no total comercializado no mercado brasileiro, chegando em cerca 50% de praticamente todos os carros novos vendidos em nosso país.

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Kalume Neto afirmou que, não fossem compradores em larga escala, como as locadoras, o mercado nacional poderia estar em um patamar correspondente à metade dos números atuais, de cerca de 2,4 milhões de veículos vendidos por ano. De acordo com o consultor, "quinze anos atrás, as vendas diretas eram cerca de 20% dos emplacamentos. Nos últimos meses, chegou a 55%. Embora seja um caminho sem volta, acredito que não chegará aos 70% como nos Estados Unidos". 

Kalume Neto ainda considerou que o Mover, novo regime automotivo nacional aprovado em 12 de junho, deve dar uma sobrevida ao mercado nacional na medida em que viabiliza investimentos em descarbonização e a introdução de novas tecnologias por aqui. Segundo o consultor, "Há pouco tempo, se pensarmos que a indústria brasileira não estava sendo capaz de produzir veículos elétricos, e que a indústria chinesa queria se construir em cima dessa matriz, estaríamos fadados a desaparecer. Mas o mover veio mudar essa realidade".

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